Palestras do II Encontro Intergeracional e V Idosos em ação 60+

por Appio Ribeiro e por Bernadete de Siqueira, Myrian Becker e Sofia Kamatani

10.10.20

Dando continuidade ao II Encontro Intergeracional e o V Idosos 60+, aconteceram palestras sobre o Projeto Plenitude 60+, UAPI e Espiritualidade. Leia, a seguir, a reportagem sobre estas palestras.

07/10/2020 - Palestra: Projeto Plenitude 60+ e Universidade Aberta à Pessoa Idosa

por Appio Ribeiro

Universidade Aberta para Idosos

A live desta quinta-feira, 7 de outubro, 2020, do 2º Encontro Intergeracional & 5º Idosos em Ação 60++, das Faculdades São Judas Tadeu, do grupo ANIMA, reuniu coordenadores, professores, graduandos-monitores e outros profissionais, que se dedicam integralmente ao projeto da sua Universidade Aberta Para idosos – UAPI.

Abrindo o encontro, a Professora Naiane Loureiro dos Santos, Coordenadora de Projetos do Instituto Anima, apresentou a parte da equipe responsável pelo Projeto, mediando à apresentação e abrindo o diálogo com o público, pelo chat, destacando estarem sendo desenvolvidos pela instituição projetos para o público idoso nos Estados de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, em colaboração e parceria com diversas entidades públicas e privadas, através de pesquisas, assessorias, cursos e oficinas.

A exibição de vídeo com o testemunho de diversas pessoas que freqüentaram o curso revela a importância da UAPI ao promover o intercâmbio inter-geracional, o acesso a novos conhecimentos, o estimulo e incentivo para o enfrentamento de novos desafios pelos idosos, enfim, são histórias que, em suas palavras, transformaram vi - não só de idosos, mas também de professores e alunos engajados no projeto.

O Professor Kleber Jovino contou como tudo começou. Não apenas sobre o professor da Universidade de Toulouse, François Vellas, precursor e criador dos cursos para idosos. Mas da sua experiência pessoal no Conselho Municipal do Idoso, tomando contato com a realidade da nova situação demográfica provocada pela elevação da expectativa de vida e a vivência com os idosos. Diz modestamente que tudo foi acontecendo ao acaso. O contato e os espaços cedidos pela universidade, à interação entre as pessoas, a percepção da abertura de grandes necessidade e oportunidade. E até as lágrimas de uma idosa pela felicidade de poder estar numa universidade até hoje é lembrada como impulsionadora. Da ocupação física de espaços numa universidade, em Contagem, para a extensão de uma atividade destinada aos idosos, foi uma consequência natural.

Prof. Kleber destaca que, se a inclusão na universidade de classes econômicas avançava, para os idosos não havia essa oportunidade. Estavam à margem do processo de educação. Mas aquele ambiente gerado dentro da faculdade facilitou o desenvolvimento de idéias de inclusão, de olhar para a realidade do idoso, sobretudo para a conscientização dos direitos e necessidades dos idosos. A evidência demográfica alertava: expectativa de vida aumentara. Daí para a implantação do projeto foi uma decorrência natural. Estava criado o espaço para dar mais significado à vida. O Projeto passou a ser uma extensão da Universidade, um espaço para as relações inter-geracionais, em que todos aprenderam: idosos, alunos e professores. Estava criado um novo espaço para sonhar.

Os grupos de idosos no WhasApp

Imagine um grupo de WhatsApp, composto por pessoas ávidas de comunicação. Imagine agora grupos de participantes de cursos, com 20, 30, 40 ou mais membros cada. Multiplique essa média de 40 pessoas por grupo, vezes 23 grupos. São quase 1.000 pessoas interagindo, enviando mensagens, mandando respostas, comunicando-se. Administrar isso deve ser uma tarefa de enorme peso. Mas não para a jovem Raquel Matos, participante do projeto que administra esses 23 grupos de idosos no WhatsApp. Mas parece que a jornada de 8 horas diárias no acompanhamento dos grupos não lhe pesa. É com grande sorriso e um semblante de satisfação que relata suas atividades diárias de levar informação, prestar esclarecimento, incentivar participação, ou mesmo fazer reprimendas. “Sou o meio da comunicação, colhendo informações junto aos idosos, trazendo-as para dentro e ouvindo o que eles falam. Levo informações do Instituto para eles... eles me chamam, eu respondo, mando informativos... é muito bom. Eu tenho muito orgulho de poder estar junto, e feliz por criar esse elo entre eles. É um trabalho muito gratificante. Procuro ajudar... acompanho os bate papos... estimulo eles a contarem... eles me pedem ajuda..., faço recomendações e mando áudios... até puxão orelha dou. Meu dia é muito animado, gostoso, é muito bom e eu gosto... Eles se sentem acolhidos, e eu me sinto feliz”.

A comunicação com os idosos

Elias Santos é radialista, apresentador de televisão e rádio, desenvolve projetos de apoio às crianças, é Professor de Comunicação no Mestrado da Universidade São Judas e membro da equipe do Projeto UATI e destacou em seu pronunciamento a importância do convívio com diferentes públicos na sociedade, em especial a relação inter-geracional, e o aprendizado para conviver com o diferente. Pegando gancho no fato da atualidade – a pandemia que impões novos hábitos e comportamentos – demonstra ser fundamental se adaptar às circunstâncias e exemplifica a capacidade do idoso se adaptar, revelando a sua resiliência, provável fruto da sua experiência.

Como estudioso e professor de comunicação, Elias Santos, observa que a par do grande desenvolvimento tecnológico das comunicações – que no seu tempo de estudante só existam jornais, revistas, rádio e TV – a essência da comunicação permanece, e parece que a evolução tecnológica faz por esquecer: “comunicar é conversar com o outro, é saber ouvir, é estar próximo”...

Para o programa do UATI, Elias esclarece que há três pilares: o primeiro é a Divulgação do Estatuto do Idoso, o segundo é a Saúde Mental e Física e o terceiro é a Saúde Financeira. E a diretriz é não valorizar a lamentação ou a incapacidade, mas valorizar a adaptação e enfrentamento dos problemas. A resposta é muito positiva: os idosos apresentam elevada capacidade de adaptação, haja vista como se utilizam de aplicativos como o Tweeter, Facebook, WhatsApp. Youtube.

E encerrando, o professor de Comunicação alerta para a falha de visão do mercado da comunicação, que não consegue entender nem segmentar por incompreensão o público mais idoso, classificando com um 50+ como se todos acima tivessem o mesmo perfil, o que leva a não desenvolverem produtos e serviços mais adequados. E dá o exemplo do The Voice, que tem o para adultos, o para crianças... e talvez venha a ter um The Voice Senior.

E apresenta dois de seus alunos, que participam do Projeto

Alunos e seus projetos com idosos

Moises Martins e Nicolas Freitas são alunos de Elias Santos e participam do Projeto da UAPI. Eles contaram suas experiências com o Plenitude 60 +.

Moises produz o conteúdo para as mídias sócias do Projeto. Essa extensão de estudos do curso de graduação “me levou a ver com outros olhos esse público de idosos”, pois em sua família não teve a oportunidade de conviver com eles. Produzir conteúdo para o Plenitude 60+ era um desafio, trabalhar com esse público, mais experiente e de mais vivencias. Mas tem sido muito gratificante, ao ponto de reconhecer que provocou uma mudança na sua própria vida, porque aprendeu passou a enxergar a vida e os outros com outros olhos. E a segurança inicial e a ânsia pelo “feed-back” agora são substituídas pelo prazer e a emoção, como receber, dirigida a ele uma gravação de uma idosa que o levou às lágrimas, pela emoção e alegria. Por isso reitera: é importante os idosos darem resposta. Ele tem tempo e carinho para ler e ouvir todas. O medo pela insegurança inicial está agora substituído pela felicidade do reconhecimento.

Daniel Lacerda é um jovem estudante de graduação em jornalismo e um entusiasta do projeto. “Montou um estúdio na própria casa para poder melhor se comunicar e produzir”, acrescenta o seu mestre ao apresentá-lo.

E também a falta de referências, pois nem as mídias tradicionais têm exemplos de comunicação com os idosos.

Daniel conta que no início, procurou conhecer como era a comunicação com o público mais idoso e verificou que parecia haver certa negligência dos meios de comunicação – Radio TV e até os meios eletrônicos - para com esse público e parecia faltar o reconhecimento de sua importância. Portanto, participar do Plenitude 60 + poder fazer frente a essa negligencia. Seria como fazer um movimento de vanguarda. Reconhece que tem sido recompensador o trabalho que está fazendo pela respostas tão diretas, tão motivadoras dadas pelos idosos. Quando no início curso lhe falaram para fazer a comunicação com os idosos pelo Facebook e pelo WhatsApp ficou surpreso: achava que o meio adequado seria o rádio, ou a TV ou os jornais. “Ele” é que estava ultrapassado. Reconhece que está aprendendo muito de comunicação com essa atividade, como seguir os princípios de na comunicação ser espontâneo, ser carinhoso, verdadeiro e respeitoso. E os agradecimentos pela atenção e pelo carinho que dão ao atendimento recompensa e emociona.

Encerramento

Com a menção do nome dos demais participantes do projeto Plenitude 60 +, a Coordenadora Naiane Loureiro dos Santos encerrou a live disponibilizando o contato através do acesso ao www.facebook.com/UniAbertaAoIdoso.

Criado em 2016 a partir de uma junção do Instituto Una de Responsabilidade Social e do histórico de mais de 50 anos de projetos de pesquisa, tecnologia e inovação da UniSociesc, o Instituto Ânima é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que estimula, fomenta e coordena, em âmbito nacional e internacional, projetos socioculturais de pesquisa e de inovação ligados à Educação, tendo sob sua orientação diversas instituições de ensino, com projetos de inovação nos modelos de ensino-aprendizagem, de formação de professores, de pesquisa de caráter científico e tecnológico e de desenvolvimento social/sustentável, em parceria com as escolas da Ânima e com instituições públicas e privadas.

08/10/2020 - Palestra: Espiritualidade e a relação entre as gerações

por Bernadete de Siqueira, Myrian Becker e Sofia Kamatani

Na quinta-feira (08/10/20), o tema abordado foi “Espiritualidade e a relação entre as gerações”, tendo como convidado o Sr. Miguel Posi, diretor da Fundação Bezerra de Menezes.

O Abrigo Bezerra de Menezes se iniciou com a visão do Dr. Adolpho Bezerra de Menezes, médico que criou o asilo de velhos. O Abrigo tem o respaldo dos trabalhos voluntários e é mantido por doações, campanhas e bazares.

Para fazer parte do abrigo os idosos são selecionados por livre e espontânea vontade de forma voluntária onde é feito uma triagem de idosos de acordo com a gravidade da saúde seja crônica ou saudável, entre homens e mulheres.

É respeitada a Individualidade do idoso, há horário para manter a disciplina, mas os idosos podem sair e não há restrição de visitas. Por conta da pandemia, as visitas estão restritas por hora.

As atividades desenvolvidas são trabalhos manuais, passeios nos parques e até aos cultos dominicais e evangélicos porque professar a crença dos idosos é essencial para a vida.

A palestra teve como mediadores os professores José Montiel e Priscila Longo.

Ao responder uma pergunta dos mediadores sobre como se processa a espiritualidade entre os idosos, o palestrante assim se manifestou:

"A espiritualidade é a proteção do indivíduo para se perceber no mundo e acreditar no mundo.

A espiritualidade é um conceito que envolve o biológico, psicológico e cultural para interagir com a vida e com o meio para pertencer a um grupo.

Sabemos que o homem, enquanto ser social preenche a sua vida com objetivos familiares, com o seu desenvolvimento psicológico e sua escolaridade; forma família e assumem responsabilidades, e hoje percebemos que com a longevidade, com o aumento da vida humana, com o progresso da ciência, das vacinas, dos cuidados da medicina preventiva o homem vai vivendo mais. Em um determinado momento ele se conecta com a sua individualidade porque já está isento das responsabilidades profissionais, família, da prole e aí vai surgindo um grande questionamento do ponto de vista que o leva a buscar se conhecer interiormente.

Hoje a pessoa começa a buscar a conhecer-se a si próprio, conhecer a sua natureza mais íntima, conhecer as pessoas com as quais convive, e assim isso vai se tornando uma prioridade para o idoso, integrando-se consigo mesmo e passa a descobrir a beleza e o sentido através de um aprimoramento da sua sensibilidade.

Com base na experiência, no contato e na vivência com idosos - especialmente os de classes sociais menos favorecidas - verificamos que alguns têm dificuldades de conviver com suas memórias afetivas."

O palestrante informou ainda que para os idosos a morte de um companheiro, é visto como algo natural, aceitando o fato como inteiramente normal.

“Todos nós temos dentro de nosso ser uma percepção uma sensação uma intuição que diz que nós não somos apenas corpo, que nós não somos só emoção, do ponto de vista psicológico e algo transcende a nossa existência física. Acredito que o idoso tem a oportunidade extraordinária de se aproximar desse estado de percepção e de valorizar e dar um olhar especial para essa condição espiritual que todos nós temos.

O momento de nós nos pacificarmos com as nossas próprias memórias e nossos próprios valores, nós vamos com o passar dos anos como que esmaecendo dentro de nós os julgamentos de censura, os nossos valores vão se aprimorando de tal forma que aquilo que muitas que julgávamos como erro, pecado, como acerto eles passam por um processo de alteração, porque nós percebemos que os valores humanos vão mudando em algo diferente, os valores e os julgamentos passam a ter um sentido mais de compaixão, porque nós percebemos que a nossa condição humana nos levam e nossos condicionamento emocionais e psicológicos nos levam muitas vezes a assumir situações e posições completamente equivocadas, nós deixamos de ser juízes dos outros e também deixamos de ser promotores de acusação e passamos a ser o advogados de defesa de nós mesmos, porque vamos percebendo as nossas limitações e as dos nossos semelhantes.

E vamos dessa forma dando ênfase a algo que se expande dentro de nós que é o comportamento da compaixão, o comportamento da aceitação.

Ao deparar um idoso contemplando uma árvore, observamos que todos nós temos dentro de nosso ser uma percepção uma sensação uma intuição que diz que nós não somos apenas corpo, que nós não somos só emoção do ponto de vista psicológico, algo transcende a nossa existência física, acredito que o idoso tem a oportunidade extraordinária de se aproximar desse estado de percepção e de valorizar e dar um olhar especial para essa condição espiritual que todos nós temos."

Serviço:

O quê: II Encontro Intergeracional e V Idosos em Ação 60 +

Quando: 05 a 09 de outubro de 2020

Onde: neste link

Quanto: Gratuito

OFICINAS DE TERÇA A SEXTA

4 Oficinas de 1h – Das 14h às 15h

4 Oficinas de 1h – das 15h às 16h

Palestras de segunda a sexta: das 18h às 19h


Veja a cobertura das palestras:

05.10.20 - Abertura e palestra sobre Os processos do bem viver e a relação entre as gerações

06.10.20 - Empreendedorismo dos 8 aos 80

09.10.20 - Tecnologia para todos

09.10.20 - Ciência para todos


Conheça a cobertura do I Encontro Intergeracional