A importância do silêncio

por Myrian Becker

21.07.2020

Imagem de Ralf Kunze por Pixabay

Já está comprovado que o silêncio é essencial para a saúde, especialmente para a regeneração cerebral.

Nos dias de hoje, especialmente nos grandes centros, o nosso ouvido está hiperestimulado. Quase todos os estímulos auditivos que recebemos do exterior são alarmantes: carros, motos, burburinhos, máquinas, obras, músicas estridentes, algazarras, apitos... enfim, nada que inspire tranquilidade. Além de incidir no nosso estado emocional, a ciência comprovou que isso também afeta o cérebro.

Diante de tantos barulhos a que somos expostos, torna-se cada vez mais difícil experimentarmos o silêncio. Isso faz com que muitos de nós, na ausência de ruídos, sintamos um abismo interior. Como se os ruídos se tornassem “um vício”.

Na realidade, o silêncio nos torna mais inteligentes, criativos e seguros.

O silêncio é muito mais importante para o cérebro do que podemos imaginar.

Estudos sobre o assunto nos mostram que existem processos cerebrais que só podem ser realizados em silêncio.

Até pouco tempo não se acreditava na regeneração dos neurônios. Todavia, com o desenvolvimento da neurogênese comprovou-se que o cérebro tem capacidade de regeneração por vários métodos, e um deles diz respeito ao silêncio.

Testes recentemente realizados com ratos monitoraram o efeito do som e do silêncio sobre o cérebro deles. E o que os cientistas descobriram foi surpreendente. Quando os ratos foram expostos a duas horas de silêncio por dia, desenvolveram novas células no hipocampo, que é uma região do cérebro associada à memória, emoção e aprendizagem.

As novas células nervosas se incorporavam progressivamente ao sistema nervoso central, e logo se especializavam em diferentes funções. Conclusão: o silêncio provocou uma mudança muito positiva no cérebro dos animais.

O cérebro nunca descansa! Até mesmo quando estamos em estado de calma, completamente quietos ou dormindo, esse maravilhoso órgão continua sempre a funcionar. Mas de forma diferente.

Quando o corpo descansa, desenvolvem-se outros processos que completam os que são realizados quando estamos ativos.

Basicamente, o que acontece é que enquanto dormimos se produz uma espécie de depuração: o cérebro avalia a informação e as experiências às quais foi exposto durante o dia, depois organiza e incorpora a informação relevante e descarta a que não é importante.

Este processo é completamente inconsciente, mas provoca efeitos no consciente. É por isso que às vezes encontramos respostas durante o sono, ou conseguimos ver as coisas de uma nova perspectiva depois de termos descansado algumas horas.

O interessante de tudo isso é que um processo semelhante também acontece quando estamos em silêncio.

A ausência de estímulos auditivos tem quase o mesmo efeito que o descanso. O silêncio, em geral, leva-nos a pensar em nós mesmos e isso depura as emoções e reafirma a identidade.

O silêncio não só nos torna mais inteligentes, criativos e seguros, mas também tem efeitos muito positivos sobre os estados de angústia.

Os seres humanos são muito sensíveis ao ruído, tanto que por vezes acordamos sobressaltados por um objeto que caiu ou por um som estranho.

Pessoas que vivem perto de aeroportos têm um elevado nível de estresse. E não só; também têm a pressão arterial mais elevada e apresentam altos índices de cortisol, o hormônio do estresse.

Felizmente, o contrário também acontece! Alguns minutos de silêncio absoluto são mais enriquecedores do que ouvir música relaxante. De fato, verificou-se que a pressão sanguínea diminuía, e que as pessoas se sentiam mais despertas e tranquilas após um pequeno “banho” de silêncio.

Experimentar o silêncio, ainda que por breves momentos ao dia, é um fator determinante para a saúde do cérebro e, com isso, um elemento decisivo para melhorar o nosso estado emocional, saúde e qualidade de vida.



Pesquisa de imagens feita para o site Cidadão e Repórter, pelo cidadão e repórter Eduardo Mendes
Fontes:
  • A mente é maravilhosa, edição Portugal Glorioso
  • Portal Raízes