Estudo investiga impacto na saúde física e emocional de idosos durante a pandemia

por João Aranha

14.12.2020

Dr. Wilson Jacob Filho

Coordenada pelo Dr. Wilson Jacob Filho, professor titular da cadeira de geriatria da Faculdade de Medicina da USP, acaba de ser publicada, em uma revista médica do exterior, importante estudo sobre o impacto na saúde física e emocional de idosos durante a pandemia.

Jacob, criador do termo senecultura - grupo de profissionais multidisciplinares que estudam o processo do envelhecimento - disse que ambulatórios e hospitais públicos e particulares atestaram que havia um impacto no comportamento de idosos, durante a pandemia, mas não sabiam com exatidão qual seria a dimensão desse impacto.

Vários profissionais, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, informaram que a grande maioria dos idosos não estavam comparecendo às suas consultas, exames e procedimentos rotineiros.

A pesquisa feita com 550 idosos com idade entre 60 anos e mais apontou muitos fatos interessantes:

  • Esperava-se que idosos com idade média acima de 80 anos e aqueles que tinham dificuldades de mobilidade, fossem menos afetados pelas restrições da pandemia, tendo em vista que, muito provavelmente, já estariam acostumados a permanecer em casa, com idas e vindas do quarto e sala.

  • Imaginava-se que os idosos com menos restrição de mobilidade seriam aqueles que sofrem mais com as restrições de isolamento social da pandemia.

  • O Estudo indicou exatamente o contrário, ou seja, os mais frágeis foram os que sentiram mais.

  • A principal causa do impacto na saúde física e mental desses idosos foi a limitação do espaço residencial, que antes era compartilhado por visitas de familiares, amigos, fisioterapeutas, enfermeiras, cuidadores, etc.

  • Esses idosos, pelas suas próprias limitações, não contam com a facilidade dos contatos eletrônicos e, muitas vezes, precisavam da ajuda, nas suas atividades rotineiras, de parentes ou profissionais especializados.

  • A pesquisa aponta que o confinamento e o isolamento social de idosos mais frágeis, indicam alto grau de risco para a saúde física e mental dessa população.

  • E que deve-se atentar para medidas de caráter público e particular para que esse isolamento não se perpetue e agravem os riscos.


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