As vacinas contra coronavírus

por Sonia Okita

29.09.2020

Numa corrida contra o tempo, cientistas do mundo inteiro estão pesquisando diversas vacinas para controlar a transmissão da Covid-19.

Diversos testes devem ser feitos para garantir que as vacinas são seguras antes de serem aplicadas na população.

Até agora já existem mais de 165 vacinas sendo estudadas. Muito se fala que algumas dessas vacinas já estão na fase 3 e para saber o que isso significa é preciso entender como se fabrica uma nova vacina.

Segundo as normas da Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no Brasil, as fases para produzir uma nova vacina são:

  • Fase pré-clínica: é a fase inicial da pesquisa de uma nova vacina para definir a estratégia, planejar, testar e produzir. Os preparos com o vírus são testados em laboratório em animais, como macacos e camundongos.

  • Fase 1: a vacina é aplicada em um número pequeno de pessoas voluntárias para testar se funciona, isto é, se causa produção de anticorpos e também se ocorrem efeitos colaterais.

  • Fase 2: caso a fase 1 mostre bons resultados, na fase 2 a vacina é aplicada em um número maior de voluntários, algumas centenas, para acompanhar todos os efeitos da vacina.

  • Fase 3: nesta fase a vacina é aplicada em milhares de voluntários, divididos em dois grupos. Um deles, chamado grupo controle vai receber uma falsa vacina, que não tem efeito (placebo). O outro grupo recebe a vacina teste, a verdadeira. É muito importante que nem os cientistas nem os voluntários saibam o que estão recebendo, o placebo ou a vacina em teste. Apenas alguns cientistas sabem quem recebeu placebo ou a vacina. Todos os voluntários precisam ficar em ambientes onde o vírus está circulando, por exemplo, em hospitais ou regiões (bairros, cidades) muito contaminados com o vírus. Se nesta fase de testes a vacina funcionar, isto é, produzir anticorpos no grupo que tomou a vacina verdadeira e deixar as pessoas imunes, ela pode ser aplicada em toda a população. Mesmo que as pessoas tenham contato com o vírus não ficarão doentes porque a vacina vai proteger.

Quais são as vacinas que estão sendo testadas pelo mundo?

Segundo a OMS, Organização Mundial de Saúde, de todas as vacinas que estão sendo desenvolvidas pelo mundo, apenas seis delas estão em estágio mais avançado, isto é, na fase 3. Vejam os nomes a seguir:


(por Rafael Barifouse, BBC News Brasil).
  • Vacina Oxford/Astra Zeneca: tem este nome porque é um trabalho conjunto da Universidade de Oxford, na Inglaterra e o Laboratório Astra Zeneca, da Suécia. Essa vacina está sendo testada na Inglaterra, Índia, África do Sul e aqui no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Deve ser testada também nos Estados Unidos e em duas doses.

  • Coronavac: é da empresa chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan em São Paulo. Está em fase de testes na Indonésia, e no Brasil nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília. Se tudo correr bem, estará disponível em janeiro de 2021 em dose única.

  • Moderna: é da empresa americana Moderna, que usa uma técnica inovadora. O governo americano investiu milhões de dólares e será aplicada para teste em 30 mil voluntários nos Estados Unidos.

  • BioNtech/Pfizer/Fosun: essas 3 empresas BioNtech alemã, Pfizer americana e Fosun chinesa vão testar em 30 mil voluntários nos Estados Unidos, Argentina, Brasil e Alemanha a vacina que estão desenvolvendo. O governo americano já comprou antes mesmo de ser lançada, 100 milhões de doses e o Japão comprou 120 milhões de doses.

  • Cansino: essa empresa chinesa deverá testar na Arábia Saudita, a vacina que está desenvolvendo em parceria com a Academia de Ciências Médicas Militares da China. Já foi testada nas Forças Armadas da China e foi aprovada para uso na corporação.

  • Sinopharm: essa empresa chinesa, em parceria com o Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan e o Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, ambos na China, está testando sua vacina nos Emirados Árabes com 15 mil voluntários. Aqui no Brasil, o governo do Paraná firmou acordo para ser testado nos profissionais de saúde.

A corrida pelo lançamento das vacinas: quem chega primeiro?

Além dessas seis, a Rússia anunciou no início de setembro, o Sputnik V. Segundo o governo da Rússia, essa vacina é do Fundo Russo de Investimento Direto. O governo do Estado do Paraná firmou acordo para distribuição de 50 milhões de doses em novembro de 2020. Está em fase de teste em 40 mil pessoas na Rússia, segundo o site da UOL Viva Bem. O anúncio da vacina russa causou polêmica no mundo científico por falta de informações sobre testes e publicações em revistas científicas internacionais.

Aqui no Brasil, há “uma esperança não muito distante” de que em outubro será possível demonstrar a eficácia da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em São Paulo, em parceria com a empresa Sinovac da China.

Dr. Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan

O diretor do Instituto Butantan, Dr. Dimas Tadeu Covas, publicou na coluna Tendências e Debates da Folha de São Paulo (18/09), que está otimista de que 45 milhões de doses dessa vacina estejam disponíveis para a população em janeiro de 2021 por meio do SUS.

Caso isso aconteça, “o Brasil estará numa posição privilegiada de ser o primeiro país no mundo a vacinar sua população. Tempos melhores se aproximam”, escreveu.

Maiores detalhes sobre as vacinas estão disponíveis no vídeo abaixo da Anvisa: Testes da vacina chinesa

Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade exclusiva de seus autores e pode não ser necessariamente a opinião do Cidadão e Repórter.Sua publicação têm o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Revisão: Maitê Ribeiro