Os novos santos não-casamenteiros


Os pedidos para Santo Antônio diminuíram, os pedidos de emprego aumentaram.
A geração de jovens que são alimentados pela burocracia e colocados para dormir pela falta de empregos agora chegam a casa dos 30.


Lelyane Martins

02.06.2021

Para quem nasceu nos anos 90 em diante, é possível ver como para a geração dos avós o casamento era a questão principal do que definia o sucesso; se havia um bom casamento e muitos filhos, a pessoa era considerada bem sucedida. A geração dos pais foi medida pelo sucesso econômico, financeiro e de status, o casamento era a consequência de outros atos.

A geração dos anos 90, que agora beira os 30 anos, enxerga o casamento e o dinheiro de uma forma diferente e isso se dá por muitos fatores.

Utilizando duas redes sociais questionei aos meus seguidores se eles queriam se casar. A primeira rede social foi o Facebook, em que obtive 47 respostas a essa pergunta, e nela 34 pessoas responderam que casariam – de todas as orientações sexuais. Já no Twitter foi o oposto, a maioria votou que não se casaria.

Então um questionamento apareceu: o que difere essa nova geração da geração dos pais e avós? Por que o casamento já não é importante?

As respostas para isso foram bem simples também: dinheiro e burocracia. O dinheiro em formato de emprego formal, o que, na atual geração, se tornou quase um prêmio a ser conseguido. Com o desemprego lá em cima, mesmo as pessoas formadas e bem experienciadas sofrem com a dificuldade de arranjar um emprego que pague o suficiente para poder juntar os panos e ir para fora da casa dos pais.

Na geração dos pais provavelmente não havia esse alto índice de desemprego, era mais fácil ganhar dinheiro e/ou viver com menos. Com os preços de aluguéis altíssimos, supermercado custando quase um salário mínimo e outras coisas que tornam a vida pelo menos sustentável, tornou-se impossível se casar com menos de 30.

Na questão burocrática quase todos responderam em relação à intervenção do Estado na junção ou separação (casamento e divórcio). Muitos vindo de famílias que tiveram casamentos não duradouros, ou moraram juntos e viram que não era o conto de fadas que imaginavam que seriam, se viram pensando no divórcio antes mesmo do casamento.

A ideia do divórcio como um resultado em potencial do casamento e também os gastos para isso, tornou a ideia do casamento em si como muito burocrática. Se tudo pode ser feito sem intervenção, por que mudar?

Algumas pessoas acreditam que esse pensamento se dá pela ideia rasa do amor, da facilidade dos dias atuais e por uma desistência extremamente fácil de uma das partes, mas a verdade é que cada um sabe o que funciona melhor para si.

Sendo assim, aqui apresento os inimigos mortais de Santo Antônio e São José: o dinheiro e a burocracia.


Revisão ortográfica: Anne Preste


Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade exclusiva de seus autores e pode não ser necessariamente a opinião do Cidadão e Repórter.Sua publicação têm o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.