Movimento LGBTQIA+: os avanços e desafios pelo direito de existir e amar

O Brasil ainda é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA+ em todo mundo. Ainda assim, é válido lembrar que várias conquistas estão ocorrendo graças a luta social

Isabela Alves

21.05.2021

Entre 2011 e 2020, mais de 80 mil casais homoafetivos se casaram no Brasil.

Os dados são de um levantamento realizado pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), a pedido da Universa.

Em maio, completaram-se dez anos desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os casais homoafetivos possuem os mesmos direitos que casais de heterossexuais.

Essa conquista fez com que outros direitos da população LGBTQIA+ também fossem conquistados, como, por exemplo, o nome social para pessoas trans, em 2016; a criminalização da homofobia e da transfobia, em 2019; e a permissão para doar sangue, em 2020.

É válido ressaltar que no ano de 2018, época em que houve a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) houve uma alta de 61% nos casamentos em relação ao ano anterior. Esse dado é muito representativo, já que o presidente chegou a dizer que preferia ter um filho morto a ter um filho gay.

Apesar de tantos avanços de direitos e da história estar sendo feita a cada dia, é preciso lembrar que o Brasil ainda é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA+ em todo mundo.

Um recente relatório realizado pela organização Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia apontou que neste ano houveram 237 mortes violentas de LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Foram 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%).

Foram 161 travestis e mulheres transsexuais (70%), 51 gays (22%), 10 lésbicas (5%), 3 homens transsexuais (1%), 3 bissexuais (1%) e 2 homens heterossexuais confundidos com gays (0,4%) mortos no ano passado.

Apesar destes dados alarmantes, o movimento chegou muito longe para retroceder e voltar para o armário. A luta pode ser violenta, mas muito foi conquistado até hoje.

Há 31 anos, no dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). A data marcou o fim da patologia da homossexualidade e virou motivo para o 17 de maio ser o dia em que mundialmente se destaca o enfrentamento à LGBTIfobia em todas suas formas, seja individual, coletiva, societal, institucional, governamental ou jurídica.


Revisão ortográfica: Anne Preste


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