Como uma rede de mães uniu esforços na luta contra o preconceito


Em entrevista ao Cidadão e Repórter, secretária e fundadora da Associação de Mães Especiais de Rolândia (Amare), compartilha a trajetória e as conquistas da ONG.


Rafael Isenof

28.07.2021

Mesmo que o número de autistas defendendo os próprios direitos através do ativismo esteja crescendo, é inegável o papel dos familiares, sobretudo das mães, na luta por igualdade e inclusão, movimento que remete ao final do século XX.

Justamente por tal motivo, conversei com Maria de Lourdes Albara, secretária da Associação de Mães Especiais de Rolândia, a “Amare”, uma ONG que desenvolve um trabalho excepcional no Norte do Paraná. Como autista e morador de Rolândia, cidade na qual a associação atua, vivencio diariamente a luta dessas mães, o que me faz agradecer ainda mais a oportunidade de entrevistar uma delas.

CeR - A Associação de Mães Especiais de Rolândia, a “Amare”, desempenha um papel importantíssimo na defesa dos direitos da comunidade PcD no Norte Paranaense, ganhando cada vez mais destaque. Nesse sentido, como surgiu a Amare e como vocês se organizaram inicialmente?

Maria de Lourdes Albara, secretária da Associação de Mães Especiais de Rolândia - A Amare deu início no final de 2015, através de uma avó (Lourdes) e uma mãe (Cinthia), de crianças com autismo. Naquela época a síndrome não era muito conhecida, começamos a levar conhecimento e apoio às famílias, iniciamos reuniões mensais e formamos a Diretoria, em seguida, passamos a acolher toda e qualquer deficiência, não só restringindo ao autismo.

Atualmente, a ONG é presidida por Cinthia Forzan, uma das mães fundadoras da Amare.

CeR – Qual é o objetivo central da Associação? Quais são os principais frutos colhidos até agora?

MLA, Amare – O objetivo é acolher famílias que tenham pessoas com deficiência. Conseguimos através da associação, parcerias com neurologistas, laboratório, equoterapia, natação e terapeutas, bem como a Lei Municipal nº 3824/17 (de Rolândia) que dispõe sobre o Atendimento Preferencial de Pessoas com Espectro Autista, a lei municipal da semana do autista. Além dos benefícios, procuramos mostrar um novo olhar à deficiência, um olhar sem preconceitos onde os direitos devem ser iguais.

Mesmo que conste “Associação de Mães” no nome do projeto, Maria de Lourdes destaca que qualquer pessoa que possua uma pessoa com deficiência na família pode participar, o que, de fato, já acontece na prática.

CeR – E a pandemia? Como o cenário atual impactou as atividades da ONG?

MLA, Amare - O impacto da pandemia foi grande, como a maioria das pessoas com deficiência tem o sistema imunológico mais baixo, paramos com todos os encontros, continuamos com nossas parcerias, a equoterapia está voltando, mas perdemos a parceria com a natação, não conseguiu manter-se e acabou fechando.

A discriminação contra a comunidade PcD (conhecida como “capacitismo”) é factual e continua sendo aceita socialmente, reafirmando a importância de ONGs como a Amare. Mesmo sendo um trabalho árduo e, por vezes, cansativo, a associação que começou com apenas 5 (cinco) mães já soma mais de 70 (setenta) integrantes, número que abarca, inclusive, autistas adultos.

Se você quiser conhecer um pouco mais do trabalho desenvolvido, a Amare também está nas redes sociais Facebook e Instagram.

Contatos:

  • Maria de Lourdes Albara (secretária da Amare): (43) 99984-5595

  • Cinthia Forzan (presidente da Amare): (43) 99836-6971

Fotos fornecidas pela Amare

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Revisão ortográfica: Bernadete Siqueira

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