Conversa com Mulheres apresenta Mary Figueiredo

Ela abriu o evento Poder Concept "CONVERSA COM MULHERES", realizado na semana que comemoramos o Dia Internacional da Mulher trazendo e inspirando pessoas.


Lala Evan23.03.2021

Mary Figueiredo Arantes, nascida no Rio Prado, tem forte ligação criativa focada no designer, garimpando inspiração para suas criações. Ao longo da carreira investiu na diversidade de materiais e saberes deste país. Se apropriou do simples e colocou a sofisticação em suas criações que sempre estiveram ligadas às suas origens, e seu trabalho carrega poesia, o que a torna inovadora no segmento. Cada coleção contempla várias histórias, rica em detalhes. Um namoro longo com a moda.

Mary conta que saiu do Vale do Jequitinhonha para Belo Horizonte com 12 anos. Chegando lá o sentimento era de que tudo era gigante, uma simples escada de igreja ia chegar no céu. Para quem nunca tinha visto aqueles prédios imensos, tudo era assustador, sentia-se sempre como uma menina da roça. Lembra o quanto naquela época se fazia tudo em casa, desde saia, blusa e cinto, comprava alpargata e fazia chinelo, pois não tinha recursos para comprar esses produtos já confeccionados.

Passou a comprar bijuterias e desmanchar para fazer de outra forma, pois nada parecido do que tinha no mercado lhe agradava. Com isso tudo que comprava fazia interferência na peça e assim criou um estilo próprio, e foi criando uma imagem de si e as amigas querem ficar parecidas com o estilo da Mary, nascendo assim sua produção.

Graduou-se em Odontologia, e quando se formou já tinha uma pequena fábrica de bijuteria e nesta área é que se dedicou. Desde o início da trajetória de criação foi percebendo que gostava de tudo que exigisse habilidade, seja lidar com coisas manuais- a estética, seja na busca por entendimento histórico dos fatos. Com extrema necessidade de fazer parte do contexto do novo local onde morava, fez da criação sua diferença.

Começou a escrever poesia aos 17 anos e aos 20 anos, uma jornalista pediu-lhe para fazer uma palestra na PUC para falar sobre a poesia na criação do seu trabalho. Neste momento percebeu que a bijuteria era um meio para falar com as pessoas, especificamente com as mulheres, descobrindo que era possível ouvir com o coração já que as suas criações eram todas temáticas. Foi beber de várias fontes em leituras para então se sentir livre para falar e criar o que quisesse. Reforça que quem tem uma marca tem uma bandeira, seja no que for, precisa ter uma identidade, dizer a que veio ao mundo.

Passava cultura através das suas criações, criando catálogos duas a três vezes por ano. Apesar de não ter uma formação como designer, sempre buscou muita informação e o mercado foi lhe dando credibilidade. Começou a dar aulas inaugurais ou em final de TCC, em curso de faculdade de designer e ter um grande público. Em seguida passou a ser requisitada para fazer palestras no Brasil todo para falar sobre design, cultura e a poesia na criação.

Foi diretora de criação do Minas Trend (surgiu para fomentar a indústria da moda mineira com o objetivo de aproximar fabricantes e lojistas, o evento é hoje a principal plataforma de geração de negócios do setor no Brasil), e na sua abertura, onde também foi curadora, o tema era sustentabilidade.

Ela descreve que em função do propósito da sustentabilidade haviam chapéus maravilhosos feitos de papel, o chão da passarela era forrado de tecido, pois havia solicitado para as empresas que iam participar do evento que durante três meses elas coletassem o lixo “precioso” de tecido.

Mary relata que segundo estudos, 30% dos tecidos cortados vão para o lixo, porque no Brasil as fábricas não têm o processo de fazer o corte do tecido para aproveitá-lo em 100%. No final todo esse lixo era enviado para uma instituição que trabalharia na transformação para um produto vendável.

Nessa visibilidade é que chegou na curadoria para fazer a capacitação em algumas empresas. E em paralelo viajava pelo Brasil todo desde Tocantins, Belém do Pará, floresta Amazônica, Triângulo Mineiro realizando projetos pelo SEBRAE. Um deles foi o projeto Talentos do Brasil, com vários designers renomados. Esses lugares foram a maior escola da sua vida, disse que viveria tudo novamente, era um projeto “troca do saber”.

Mary ganhou vários prêmios, participou na categoria de exposição cultural, viajou o mundo conhecendo vários povos, visitou artesãos para apurar a técnica. Mas a inspiração das coleções vem de temas nacionais.

Ela comenta que a mulher ficou mais iluminada com a biju de Mary Design. É o compartilhamento da luz própria que a dona da marca sempre imprimiu à sua criação. Para quem nunca ouviu falar dela, assista a entrevista emocionante que traduz quem foi e sempre será Mary Figueiredo Arantes Design.

Deixa uma mensagem para as mulheres que querem empreender: "mercado não tem mais achismo, precisa ter certeza dentro de um mercado que cobra tanto. Mas siga a intuição e o coração. Não faça nada feio, porque alguém pode comprar!"


Referências:

A Poder Concept, tem por objetivo ajudar mulheres e empresas a mudarem mindsets, seus pensamentos e inovarem suas atitudes; acreditamos em um mundo em que todos sejam capazes de seguir seus sonhos e realizá-los.

Os aspectos envolvidos na criação e operação serão de capacitação, assessoria e consultoria, que terá como foco inicial voltado para jornada empreendedora, preparando mulheres a serem consultoras para atenderem os clientes-alvo. Inicialmente serão empresas do setor privado; sendo micro, pequenos e médio portes, provendo conhecimento para que possam atuar como grandes geradores de novos empregos.

Revisão ortográfica: Geyse Tavares



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