Ela abriu o evento Poder Concept "CONVERSA COM MULHERES", realizado na semana que comemoramos o Dia Internacional da Mulher trazendo e inspirando pessoas.
Mary Figueiredo Arantes, nascida no Rio Prado, tem forte ligação criativa focada no designer, garimpando inspiração para suas criações. Ao longo da carreira investiu na diversidade de materiais e saberes deste país. Se apropriou do simples e colocou a sofisticação em suas criações que sempre estiveram ligadas às suas origens, e seu trabalho carrega poesia, o que a torna inovadora no segmento. Cada coleção contempla várias histórias, rica em detalhes. Um namoro longo com a moda.
Mary conta que saiu do Vale do Jequitinhonha para Belo Horizonte com 12 anos. Chegando lá o sentimento era de que tudo era gigante, uma simples escada de igreja ia chegar no céu. Para quem nunca tinha visto aqueles prédios imensos, tudo era assustador, sentia-se sempre como uma menina da roça. Lembra o quanto naquela época se fazia tudo em casa, desde saia, blusa e cinto, comprava alpargata e fazia chinelo, pois não tinha recursos para comprar esses produtos já confeccionados.
Passou a comprar bijuterias e desmanchar para fazer de outra forma, pois nada parecido do que tinha no mercado lhe agradava. Com isso tudo que comprava fazia interferência na peça e assim criou um estilo próprio, e foi criando uma imagem de si e as amigas querem ficar parecidas com o estilo da Mary, nascendo assim sua produção.
Graduou-se em Odontologia, e quando se formou já tinha uma pequena fábrica de bijuteria e nesta área é que se dedicou. Desde o início da trajetória de criação foi percebendo que gostava de tudo que exigisse habilidade, seja lidar com coisas manuais- a estética, seja na busca por entendimento histórico dos fatos. Com extrema necessidade de fazer parte do contexto do novo local onde morava, fez da criação sua diferença.
Começou a escrever poesia aos 17 anos e aos 20 anos, uma jornalista pediu-lhe para fazer uma palestra na PUC para falar sobre a poesia na criação do seu trabalho. Neste momento percebeu que a bijuteria era um meio para falar com as pessoas, especificamente com as mulheres, descobrindo que era possível ouvir com o coração já que as suas criações eram todas temáticas. Foi beber de várias fontes em leituras para então se sentir livre para falar e criar o que quisesse. Reforça que quem tem uma marca tem uma bandeira, seja no que for, precisa ter uma identidade, dizer a que veio ao mundo.
Passava cultura através das suas criações, criando catálogos duas a três vezes por ano. Apesar de não ter uma formação como designer, sempre buscou muita informação e o mercado foi lhe dando credibilidade. Começou a dar aulas inaugurais ou em final de TCC, em curso de faculdade de designer e ter um grande público. Em seguida passou a ser requisitada para fazer palestras no Brasil todo para falar sobre design, cultura e a poesia na criação.
Foi diretora de criação do Minas Trend (surgiu para fomentar a indústria da moda mineira com o objetivo de aproximar fabricantes e lojistas, o evento é hoje a principal plataforma de geração de negócios do setor no Brasil), e na sua abertura, onde também foi curadora, o tema era sustentabilidade.
Ela descreve que em função do propósito da sustentabilidade haviam chapéus maravilhosos feitos de papel, o chão da passarela era forrado de tecido, pois havia solicitado para as empresas que iam participar do evento que durante três meses elas coletassem o lixo “precioso” de tecido.
Mary relata que segundo estudos, 30% dos tecidos cortados vão para o lixo, porque no Brasil as fábricas não têm o processo de fazer o corte do tecido para aproveitá-lo em 100%. No final todo esse lixo era enviado para uma instituição que trabalharia na transformação para um produto vendável.
Nessa visibilidade é que chegou na curadoria para fazer a capacitação em algumas empresas. E em paralelo viajava pelo Brasil todo desde Tocantins, Belém do Pará, floresta Amazônica, Triângulo Mineiro realizando projetos pelo SEBRAE. Um deles foi o projeto Talentos do Brasil, com vários designers renomados. Esses lugares foram a maior escola da sua vida, disse que viveria tudo novamente, era um projeto “troca do saber”.
Mary ganhou vários prêmios, participou na categoria de exposição cultural, viajou o mundo conhecendo vários povos, visitou artesãos para apurar a técnica. Mas a inspiração das coleções vem de temas nacionais.
Ela comenta que a mulher ficou mais iluminada com a biju de Mary Design. É o compartilhamento da luz própria que a dona da marca sempre imprimiu à sua criação. Para quem nunca ouviu falar dela, assista a entrevista emocionante que traduz quem foi e sempre será Mary Figueiredo Arantes Design.
Deixa uma mensagem para as mulheres que querem empreender: "mercado não tem mais achismo, precisa ter certeza dentro de um mercado que cobra tanto. Mas siga a intuição e o coração. Não faça nada feio, porque alguém pode comprar!"
Referências:
A Poder Concept, tem por objetivo ajudar mulheres e empresas a mudarem mindsets, seus pensamentos e inovarem suas atitudes; acreditamos em um mundo em que todos sejam capazes de seguir seus sonhos e realizá-los.
Os aspectos envolvidos na criação e operação serão de capacitação, assessoria e consultoria, que terá como foco inicial voltado para jornada empreendedora, preparando mulheres a serem consultoras para atenderem os clientes-alvo. Inicialmente serão empresas do setor privado; sendo micro, pequenos e médio portes, provendo conhecimento para que possam atuar como grandes geradores de novos empregos.
Revisão ortográfica: Geyse Tavares