CULTURA ‣ História

Vamos falar um pouco do perfume, cuja palavra deriva do latim “per fumum”, que significa: através do fumo/fumaça.

Com origem no Egito, o perfume surgiu da necessidade de aromatizar o corpo humano e objetos por maior tempo. Ele era usado em deuses, defuntos e, só se incorporaram aos costumes de faraós e alguns membros da corte após um longo tempo. Além do Egito, a arte da perfumaria também existiu na Índia, onde foi utilizada e aperfeiçoada pelos persas e romanos, surgindo como moda na época do Renascimento, na Itália, e a partir disso, a indústria da perfumaria teve o seu crescimento.

A cidade de Grasse na França é considerada o grande centro da indústria mundial do perfume, localizada na região da Provença-Alpes-Costa Azul onde se cultiva jasmins, lírios, bergamota e, entre outras, a típica rosa centifolia, que dão inspiração aos perfumes de marcas famosas como Chanel, Dior, Givenchy, entre outras.

Muitas pessoas nem imaginam que o perfume é fruto de um processo longo e delicado. Nada acontece sem o mestre perfumista "Le Nez" - Nariz, categoria restrita e valiosa de profissionais, que ganham salários astronômicos para desenvolver essências sob encomenda. Citando, como exemplo, os mestres perfumistas Jean-Claude Ellena e François Demachy, renomados na perfumaria mundial.

O Brasil também se destaca neste segmento, com uma considerável gama de competentes perfumistas, destacamos aqui o perfumista Alfredo S. del Vigna, da Aromaty Fragrâncias, que desde garoto sempre foi apaixonado pelos aromas e perfumes do jardim de sua casa da infância, que era repleto de variadas e belas flores cultivadas por sua mãe, Dona Aurora.

O perfumista usa a fantasia e o nariz para criar fragrâncias marcantes, que podem reunir até 1200 matérias-primas. É capaz de distinguir mais de 3 mil cheiros/matérias-primas e consegue combiná-los em uma quantidade ilimitada de fórmulas. Como um maestro compõe as diferentes notas, sua mistura resulta no acorde ou na harmonia da fragrância, imaginando o papel que cada ingrediente terá em sua composição olfativa. A força de um perfume depende da concentração de fragrância contida dentro do frasco, extrato aromático e das matérias-primas usadas em sua composição. O "bom nariz" se desenvolve desde a infância. Existe uma ligação muito forte entre fatos e coisas que acontecem durante a vida e os cheiros e odores que a criança teve acesso ao longo da vida que as acompanham.

O trabalho de um mestre perfumista é executado como a música, com nota e acorde, geralmente utilizando acordes divididos de certa forma a formarem 3 notas; notas de saída, notas de cabeça e notas de fundo. Quando se fala em nota refere-se ao conjunto de moléculas que quando combinadas resultam em um determinado acorde, por exemplo, a lavanda, como na música, essa nota é combinada a outra ou outras.

Antigamente, o móvel em que o perfumista trabalhava era uma espécie de mesa de escritório com vários andares onde ficam as matérias primas, era chamado de órgão do perfumista, como o órgão de uma igreja.

Acordes do perfume:

Notas de Cabeça - Elaboradas para despertar o interesse

São notas mais leves aquelas que "escapam" do frasco. Ingredientes voláteis que evaporam rapidamente, são sentidas logo após a sua aspersão, vão direto para as narinas. São notas frescas como limão, bergamota, laranja, pinho, lavanda e eucalipto.

Notas do Coração - A alma, que personaliza do perfume

São notas que expressam o tema principal da fragrância. Menos voláteis, evaporam mais devagar, são sentidas assim que o perfume "desaparece" sobre a pele. São notas mais encorpadas como as de flores, folhas e especiarias.

Notas de Fundo - Garante a fixação de uma fragrância

São notas que definem o cheiro que se difunde na pele. Pouco voláteis com ingredientes que evaporam lentamente. O último acorde a ser percebido e o que permanece por mais tempo, com notas densas, como as de resinas, de madeiras e as de origem animal.

A produção de um perfume envolve uma combinação de fragrâncias, água, álcool e algum corante, se necessário. Para alcançar o cheiro desejado, os perfumistas utilizam fragrâncias que são compostas por óleos essenciais. Esses óleos podem ter origem natural, sendo extraídos de flores, folhas, frutos, sementes e raízes das plantas ou serem obtidos de forma sintética, com a reprodução em laboratório dos cheiros mais difíceis de serem conseguidos, seja pela preservação de plantas raras ou pelo alto custo e dificuldade de extração

Escala de intensidade de aromas, dos leves aos intensos, as principais famílias aromáticas:

Cítricos: utilizam matérias-primas extraídas de cascas dos citrinos, de frutas como: limão, bergamota, tangerina, mandarina, entre outras. Uma família aromática popular, porque produz perfumes leves e estimulantes.

Florais: a matéria prima é extraída das flores, normalmente uma única espécie para produzir um perfume, tais como: rosa, violeta e jasmim. Tem caráter delicado e discreto, em frascos bonitos.

Fougére: elaborado a partir de matérias-primas leves e frescas, a família aromática representa a frescura das ervas herbáceas, e a elas se juntam a mistura de álcoois, tubérculos e raízes. São muito utilizados em fragrâncias masculinas.

Chipre: fabricados com matérias-primas advindas de musgos, normalmente do carvalho, que lembram a essência da terra. São perfumes sofisticados, elaborados com a mistura de notas quentes e frias (cítricas com concentradas).

Amadeirados: grupo aromático extraído das madeiras, produzindo aromas fortes e sedutores, madeiras nobres tais como: pinheiro selvagem, sândalo e cedro do Líbano. Conferem ao perfume características como durabilidade e consistência. A esta família juntam-se ainda algumas resinas balsâmicas quentes: incenso e mirra. Possuem melhor resultado quando combinados com cítricos e florais.

Orientais: misturas consideradas mais intensas, junção entre especiarias exóticas constituídas normalmente das tuberosas, anis, canela, baunilha, patchouly, entre outros. São perfumes sofisticados, marcantes e sensuais.

Couros: fragrâncias extremamente secas, com características dominantes. Suas matérias primas são extraídas do tabaco, de madeiras, couros, musgos etc.

O cheiro de cada lembrança é como uma máquina do tempo das sensações.

Revisão ortográfica: Geyse Tavares

Nota do Autor:

Após a publicação desta matéria, Alfredo S. del Vigna enviou a seguinte nota:

"Parabéns pelo seu trabalho em prol da perfumaria brasileira, trabalho brilhante e elucidativo para muitos interessados na matéria.

Realmente o mundo das fragrâncias é apaixonante, capaz de nos fazer dedicar uma vida ao seu estudo e desenvolvimento.

No meu caso a paixão já nasceu na infância, nos jardins de minha mãe, quando fazia experiências com pétalas de flores e álcool da caixa de primeiros socorros!

Hoje a paixão aumenta a cada dia com a possibilidade prática de uma grande fábrica nas mãos e a missão de tornar acessível a todas as pessoas por mais humildes que sejam o acesso às fragrâncias mais extraordinárias, transformando seu mundo, ainda que por alguns minutos, em um lugar especial e maravilhoso!!!

Parabéns por participar desta transformação em um mundo melhor para todos !!!

Fraterno abraço!

Alfredo."