Falando de sarau

por Cleo Brito

28.07.2020

Sarau, derivado do latim seranus / serum, que significa “entardecer” ou “pôr do sol”, surgiu na Antiga Grécia, principalmente entre os aristocratas e os burgueses, com o objetivo de compartilhar experiências culturais como dança, poesia, leitura, música e também outras formas de arte como pintura e teatro.

No Brasil, chegou em 1808, com Dom João VI, seguindo os moldes dos salões franceses, visto como o evento mais elegante da sociedade e frequentado por pessoas “iluminadas” cultural e financeiramente. Com o sucesso, inicialmente no Rio de Janeiro, os fazendeiros de São Paulo resolveram aderir à moda e na metade do século XIX já estava espalhado por todas as capitais do país. A maioria dos saraus tinha a participação de poetas e músicos ilustres, mas também de artistas anônimos à procura de um protetor financeiro e social.

Essas reuniões passaram a ser organizadas também por pessoas interessadas em cultura e em financiar estudos e movimentos artísticos. Foi o caso de Freitas Valle, que abriu o salão Villa Kyrial, na Vila Mariana, em São Paulo, onde reuniu modernistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira. Depois, surgiram outros, mais modestos, como o do próprio Mário, Tarsila do Amaral, Paulo Prado e Dona Olívia Guedes Penteado. A Semana de Arte Moderna (11 a 18 de fevereiro de 1922), um movimento libertário que agregou diversas manifestações culturais em São Paulo, no Theatro Municipal, muito impulsionou o sarau em nosso país, tornando-o popular.

A cultura brasileira, com sua bela mistura, transpira sarau e São Paulo - uma cidade com entretenimentos tão diversificados — em cada canto tem um sarau divulgando algum tipo de cultura, como é o caso do Sarau Brasileiro, que se mantém há vinte anos com memoráveis encontros, objetivando sempre festejar a bela música brasileira.

O legado da antiga cultura grega para a humanidade tem inspirado tantas ideias, como o sarau, que transformou esse tipo de encontro em um rico evento cultural. Com isso, seguimos preservando e mantendo viva a boa música e toda forma de arte, que tanto nos seduz.


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Revisão: Maitê Ribeiro