A seriedade e o instante

por Eugenia Pickina

21.03.2020

A vida não é o que se supõe que deveria ser. É o que é. A maneira de lidar com ela é o que faz a diferença. Virginia Satir

A hora é à tardinha, e a estação, o verão (ainda). Releio o apelo que a chanceler federal Angela Merkel fez ontem, 18 de março de 2020, à população alemã frente à pandemia do coronavírus: “É sério. Leve a sério você também.”

“É sério. Leve a sério você também”

A verdade é que a hora exige prudência, responsabilidade e obediência às recomendações dos virologistas: lavar bem as mãos, e com frequência; sem apertos de mão; não ter contato com os mais velhos, porque eles estão particularmente em risco, restringir ao máximo a vida social etc.

Isso me traz à mente as histórias que meus avós contavam sobre o pós-Segunda Guerra Mundial e a ordem social profundamente precária, e ambos, sem dúvida, elegendo a ação solidária coletiva como um elemento-chave na condução da vida nas épocas difíceis.

Tudo passará, mas agora é essencial uma ação solidária coletiva

Tudo passará. Essas restrições de liberdade são temporárias, obviamente. No entanto, é essencial agora ter uma atitude consciente, cooperando com a contenção da pandemia no nosso estado, no nosso país, no nosso continente, no nosso planeta – nossa casa comum.

Uma rotina discreta ajuda a potencializar as emoções positivas

Contemplando em silêncio as hortênsias, no jardim, e lá embaixo, penso o quanto podemos, mais recolhidos, dedicar-nos a uma espécie de simplicidade democrática, desfrutando de nossas rotinas de uma maneira mais discreta, mantendo-nos mais meditativos e frugais (sem estocar produtos...), escutando melhor a nós mesmos, tratando de potencializar as emoções positivas que nos ajudarão a vencer as dificuldades e mesmo o medo.

Seremos bem-sucedidos, mas depende de cada um de nós

E aqui, no Brasil, e mundo afora: mudança é a essência de nosso ser. Faz sentido, então, repetir parte das palavras do comunicado da chanceler Angela Merkel aos alemães: “Eu realmente acredito que podemos ser bem-sucedidos nessa tarefa [de combater o vírus], se todos os cidadãos realmente a entenderem como sua própria tarefa”.

Eu também acredito. E depende de cada um nós, homens e mulheres brasileiros.


Revisão: Maitê Ribeiro