O bairro foi um dos pioneiros em vendas de terrenos de alto padrão do município, incentivando a vinda dos antigos fazendeiros do café e do início da construção de mansões e casarões, alguns desses imóveis ainda presentes no bairro.
Em 1884 foi construída a bela mansão de dona Veridiana, nos altos do bairro. Totalmente projetada na Europa, em estilo renascentista francês, com extensos jardins desenhados pelo paisagista francês Glaziou, era uma das mais belas da capital, aumentou o status de bairro nobre.
Santa Cecília pertencia a Perdizes, mas com seu desenvolvimento se tornou independente. Um dos pontos mais nobres da região, com certeza é o Largo de Santa Cecília com sua monumental igreja.
Fundada em 1895, no mesmo lugar onde havia sido construída uma capela em abril de 1861, a igreja de Santa Cecília deve o seu atual edifício ao Pe. Paulo Pedroso que chamou Benedito Calixto e Oscar Pereira da Silva para pintar os murais e as telas, adquiriu o órgão e resguardou um dos sinos da antiga Igreja da Sé, que tocou nas festividades da Independência. Em 1947 veio o Pe. Lino dos Santos Brito e em 1988 iniciou o trabalho do Pe. Alfredo Nascimento Lima, que restaurou toda a Igreja, criou mais horários de missas, e atende diariamente a comunidade e os fiéis. A Paróquia foi um dos santuários jubilares no ano de 2000. Em 22 de novembro comemora-se o Dia de Santa Cecília, Padroeira dos Músicos.
A localização privilegiada e os espaçosos terrenos do loteamento eram ideais para abrigar as mansões e residências dos fazendeiros quando vinham à capital a negócios. Também ficava nas cercanias o principal hospital do município à época, a Santa Casa. A cidade foi crescendo e se desenvolvendo. A construção da Santa Casa de Misericórdia foi um marco na região. Hoje ela é um dos mais importantes hospitais de São Paulo, além de funcionar como faculdade de medicina. Em 1884, o Hospital Central na Santa Cecília foi inaugurado e desde essa data, é a sede da entidade.
A partir de década de 1930, com a epidemia de febre amarela que assolou localidades do interior do estado fazendo com que cafeicultores mudassem suas residências para a capital, somadas a Grande Depressão (a Crise de 1929) e a Revolução de 1930 trouxeram mudanças a muitas famílias, que, instaladas no bairro, tiveram muitos de seus casarões e mansões demolidos, cedendo espaço a prédios de apartamentos e à especulação imobiliária. Outros continuaram de pé, sendo alugados e sublocados, transformando-se em pensões, cortiços e moradias coletivas precárias.
Mas outros fatores também contribuíram para a decadência progressiva do bairro, entre as décadas de 1930 e 1990:
herdeiros de imóveis que na partilha de bens e desinteresse pelo bairro, os venderam ;
o processo de decadência e esvaziamento da região central do município, a partir da década de 1970, com a transferência de muitos escritórios para a região da Avenida Paulista;
a falta de atratividade do bairro para a classe média, uma vez que a maioria dos prédios de apartamentos lá construídos, das décadas de 1930 e 1940, não tinham garagem nem área de lazer (os edifícios passaram a ser ocupados por famílias de renda mais modesta, que não tinham condições de conservar adequadamente os imóveis);
a construção em 1970 do Elevado Presidente João Goulart (vulgo Minhocão) na Consolação sobre a rua Amaral Gurgel e na Santa Cecília sobre boa parte das avenidas São João e General Olímpio da Silveira, contribuiu ainda mais para a progressiva decadência da região.
No início de 2000, aconteceu um fenômeno de "volta ao centro" e Santa Cecília foi privilegiada na busca por moradias confortáveis e de aluguéis mais justos, graças aos antigos apartamentos com ambientes mais amplos.
O bairro é bem servido de restaurantes, bares, lojas variadas, farmácias, supermercados, brechós e as famosas feiras livres, aos sábados na Rua Martim Francisco e aos domingos no Largo de Santa Cecília.
O bairro ainda mantém em algumas ruas características das décadas de 1930/1940, com antigos casarões e edifícios. No Largo da igreja, antigos moradores passam as tardes jogando dominó, truco ou jogando conversa fora, cenas típicas de uma cidade do interior.
O perfil do morador é bem diversificado: jovens, adultos, idosos, aposentados, músicos, artistas de teatro, cinema, circenses, várias nacionalidades convivem pacificamente. Essa diversificação mudou o cenário de um bairro de classe média para um novo modelo de viver, quase o "paz e amor" dos beatniks da década de 60/70.
Restaurantes e Bares:
SOTERO: Rua Barão de Tatuí, 282 - tel: 3666.3066
ROTA DO ACARAJÉ: Rua Martim Francisco, 529 - tel: 3668.6222
ANGÉLICA GRILL: Av. Angélica, 430 - tel: 3664.0070
POBRE JUAN PARRILLA: Rua Tupi, 979 - tel: 3825.0917
CHURRASCARIA PICUÍ: Al Barros, 930 - tel: 3666.1486
CALÇADA DA FAMA: Diversos bares e restaurantes na Rua Canuto do Val, entre as Ruas Jaguaribe e Fortunato, todos da empresária Lilian Gonçalves, filha do grande cantor Nelson Gonçalves.
FOOD TRUCKs: em várias calçadas do bairro promovendo cerveja artesanal e sanduíches diferenciados.
BANCA TATUÍ: Um espaço diferenciado que além de jornais, vende livros, promove eventos culturais. Fica na Barão de Tatuí, 275 site: bancatatui.com.br
CONCEIÇÃO DISCOS e COMES: Um acervo variado de discos, é um deleite para os amantes do vinil, o cliente pode dedilhar o acervo ou comprar. O local serve sanduíches, cafés e um cardápio enxuto preparado pela dona Talitha Barros. Rua Imaculada Conceição, 151 - tel: 3477.4642
Os Irmãos Campana, famosos designers brasileiros, têm seu ateliê na Barão de Tatuí, numa das casas antigas da região. O espaço é de trabalho e não está aberto ao público.
Estação do Metrô Santa Cecília: Na saída para o Largo da Igreja, as paredes dos corredores se tornaram em painel fixo, com poemas e fotos de poetas e escritores brasileiros. Uma galeria cultural que vale a pena conferir.
Múltiplas religiões: apesar de o bairro ter sido criado pela construção de uma igreja católica e o marco principal ser a Igreja Santa Cecília, várias religiões convivem amigavelmente: sinagogas; casas de candomblé, umbanda e centros espíritas; centros de meditação e igrejas evangélicas.
Éramos Seis: romance de Maria José Dupré, publicado em 1943, cujo enredo trata da história de uma família de classe média que vivia na Av. Angélica, já foi adaptado para radionovela em 1945 para a Rádio Tupi e para a televisão como novela em várias versões: a 1ª. em 1958 na antiga TV Record; a 2ª. em 1960 na TV Itacolomi, de Minas Gerais; a 3ª. e 4ª. versões em 1967 e 1977 novamente na TV Tupi; a 5ª. em 1994 pelo SBT e agora em 2019 pela Rede Globo. Apesar de nunca ter sido adaptada para o cinema nacional em 1945 foi filme na Argentina com direção do chileno Carlos Borcosque.