Panorama da Música Brasileira do século XX

Geraldo Pereira

por Bernadete Siqueira

15.10.2020

O panorama de Geraldo Pereira

Como o título desta matéria sugere, a palavra panorama é poder se colocar em um ponto central e observar do alto; no caso da música é permitir que ela nos conte a história de um tempo. E através do som podemos reencontrar nossa própria história.

Partindo desse ponto vamos ouvir o que inúmeros talentos da música popular brasileira do século XX nos deixaram tanto para refletirmos como essas músicas foram no passado, como nos emocionam no presente e como iremos deixá-las para gerações futuras.

Sim, para futuras gerações! A música não morre.

Hoje, o Cidadão e Repórter prossegue seu Panorama da Música Brasileira no século XX com Geraldo Pereira.

Foi um sambista e compositor brasileiro, morou no Morro da Mangueira no Rio de Janeiro quando teve contato com as rodas de calango. Depois, aprendeu a tocar violão e começou a compor seus primeiros sambas. Após um período como integrante da extinta escola de samba Unidos de Mangueira, procurou realizar seu projeto de afirmação artística e ascensão social afastando-se do morro, indo morar na cidade.

Frequentando os ambientes na Praça Tiradentes, núcleo musical no Centro, conseguiu fazer contatos com músicos, cantores e compositores que lá se reuniam para compor novas melodias, apresentar audição de composições novas ao som de caixas de fósforos, e eventualmente formar parcerias e comprar e vender sambas neste mercado musical. Sua primeira composição gravada, "Se você sair chorando", fez algum sucesso no Carnaval de 1940.

Aos 18 anos de idade, tirou sua carteira de motorista, empregando-se na Prefeitura do Rio de Janeiro, no volante do caminhão de limpeza urbana, emprego que manteve por toda a vida

Foi descobrindo seu estilo, o samba sincopado – desvios no padrão rítmico – que Geraldo acrescentou uma originalidade melódica muito pessoal, marca registrada que faz com que a maioria das composições do compositor seja facilmente identificável. São, de acordo com os biógrafos, 77 músicas de sua autoria, mas muitas inéditas.

Uma de suas mais conhecidas composições é Falsa Baiana, gravada originalmente em 1944, que sugere o questionamento de símbolos da autenticidade brasileira.

João Gilberto disse “seu samba era leve, e cheio de divisões rítmicas, que sempre me chamaram a atenção”. Ele não tinha consciência disso, mas foi um inovador da Música Popular Brasileira nos anos 40, que influenciaria a bossa nova anos mais tarde.

Para Cyro de Souza (compositor e cantor) a grande partida foi o samba teleco-teco que Geraldo Pereira “encheu de nuances”, fazendo uma “bossa inteiramente nova”, cerca de 18 anos antes do surgimento do “samba de apartamento” da Zona Sul do Rio de Janeiro

Trabalho elaborado pelo músico Chuim (Luiz Carlos de Siqueira), baterista, percussionista, professor, compositor, autor, produtor musical e estudioso da história da música brasileira.

Iniciou sua carreira como músico aos 15 anos e fez parte de vários conjuntos musicais. Estudou música erudita, gravou uma série de programas para Rádio Eldorado e TV Cultura.

Fez temporada nos Estados Unidos, França e Dinamarca. Foi professor na Unicamp-SP, na St. Paul Escola Britânica-SP e St. Francis International College-SP.

Atualmente desenvolve o projeto Samba-Jazz, atua no “Chuim Quarteto” e na “Orquestra Cadência Brasileira”.

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Chuim deixa seus agradecimentos a José Roberto Rocco que fez a edição musical e a Edgard Garcia do Estúdio E que cedeu gentilmente o estúdio para as gravações deste projeto.
Revisão: Maitê Ribeiro