As Unidades Básicas de Saúde - UBS - são portas de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo desses postos é atender até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para outros serviços, como emergências e hospitais.
A maioria das pessoas acredita que o trabalho no posto de saúde é simples, numa alusão ao básico do nome. No entanto as UBSs. atendem desde uma consulta de pré-natal ou de saúde da criança e dos idosos, até problemas de saúde mental e mediação de conflitos.
A prioridade é dar “Atenção Primária”, que se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.
Nos “bastidores” da UBS de Santana, zona norte de São Paulo, ouvimos a coordenadora Patrícia Mendonça, relatando sobre o público que é atendido nesta unidade, sendo a maioria pessoas idosas, e sobre a equipe que ali atua, com muitos integrantes que ficaram doentes, não apenas devido à existência do vírus, mas com muitos casos de estado emocional abalado.
Segundo a coordenadora, "Atualmente as condições estão piorando na unidade, ainda mais diante de tantas reclamações na mídia de pacientes que não estão sendo assistidos em todos os quesitos".
Em vídeo, a coordenadora Patrícia fala de momentos atuais:
E comenta também, que em função da pandemia, a prefeitura criou novos programas. O primeiro, denominado “inquéritos sorológicos”, objetivava fazer um levantamento de infectados pela Covid, de determinados territórios, sendo que não havia transporte adequado para carregar os necessários insumos.
O segundo, chamado o “inquérito-escola”, visa testar as crianças, quando da abertura das escolas. Ela destaca que em locais com 900 crianças, por exemplo, somente 100 foram testadas. Mesmo assim, em muitas reportagens aparece a notícia de que os testes representam 100% das crianças.
Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que as UBS foram criadas para desafogar o SUS, além de terem importante papel na questão da saúde, mas, reconhece que existem restrições que as tornam vulneráveis na qualidade do seu atendimento.
Uma senhora de 64 anos, que utiliza a UBS há 18 anos, diz que, da última vez que precisou ir ao local, chegou às 6:30 da manhã e só foi atendida às 11:30h. Muitos reclamavam da demora, da espera, e algumas pessoas foram embora sem serem atendidas.
Outra idosa, de 74 anos, que também tem sofrido com os atendimentos das UBSs, relata que a UBS do seu bairro paralisou o atendimento quando a pandemia iniciou e que sua consulta de março de 2020 foi remarcada para janeiro de 2021. “Eles até voltaram a atender, mas não têm medicamentos e eu passei a buscar em outras unidades”.
Já outras pessoas dizem não ter queixas quanto ao funcionamento da UBS, mesmo durante a pandemia. Uma senhora entrevistada, diz que ela, a filha e as netas dependem do atendimento público e por isso, continuaram utilizando o posto.
Revisão: Maitê Ribeiro