Linda Rojas ministrando uma palestra virtual. Crédito Caio Barreto
A ação Outubro Rosa surgiu em 1990 nos Estados Unidos. No mesmo ano, foi promovida a 1.ª Corrida da Cura, em Nova York, organizada pela Fundação Susan G. Komen for The Cure. Tendo o laço rosa como símbolo oficial, o movimento já tomou conta do mundo. Sua celebração em outubro faz referência ao mês em que foi aprovada nos Estados Unidos a campanha em prol da conscientização e prevenção do câncer de mama. O Instituto Nacional de Câncer, INCA, tem um rico conteúdo disponível em seu site para chamar a atenção da sociedade para a causa. Entre os assuntos abordados, o mais importante é o autoexame nas mamas.
Conforme o portal do INCA, a ação visa promover a prevenção sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. Em um gesto solidário, diversas organizações promovem apoio à causa, seja com a iluminação rosa em empreendimentos, seja com a distribuição de lacinhos e até mesmo com o uso de avatar personalizado nas mídias sociais.
Uma das vozes mais conhecidas no combate ao câncer de mama no Brasil, Linda Rojas, enfrentou dois diagnósticos da doença antes dos 30 anos, em 2012 e em 2017. Superando os desafios com bastante otimismo, Linda fez de suas experiências um projeto de conteúdo, intitulado “Uma Linda Janela”, inicialmente como blog e perfil no Instagram, resultando em um espaço de troca de experiências. “Desde 2012 que essa possibilidade é conversada com os médicos e principalmente após a recidiva em 2017. Eu mantive a esperança de ainda estar fértil, mas, ao mesmo tempo, me preparei para o caminho mais longo. Tentaria engravidar, mas já havia compreendido que a maternidade tão sonhada poderia ser exercida de outras formas”, comenta a influenciadora.
Mais de sete anos tomando medicações, que provocaram a menopausa precoce, uma decisão foi tomada: Linda tentaria engravidar, com o apoio do seu marido e, claro, de todos os médicos, que recomendaram a interrupção da medicação. Este desejo de ser mãe precisou ser ressignificado após seus dois tratamentos de câncer de mama, que podem ter como efeito colateral a infertilidade. A boa comunicação entre médico e paciente, pela qual Linda sempre prezou dentro e fora do consultório, possibilitaram conversas francas sobre o assunto, o que direcionou a equipe médica a dar alternativas. Aos 34 anos, após muita luta a comunicóloga realizará um dos seus maiores sonhos: ser mãe. Linda está grávida de sete meses do primeiro filho, Martin, fruto de seu relacionamento com o empresário carioca, Caio Barreto, com quem está há 10 anos.
A tentativa foi um sucesso e em novembro chega o pequeno Martin, que já está sendo esperado cheio de amor por todos que acompanham a história de superação da família.
Com 25 mil seguidores no Instagram e conteúdo no blog lido em mais de 70 países, Linda tornou-se empreendedora social, levando a sua trajetória de superação para o ambiente corporativo com a palestra “Pequenas Felicidades”, apresentada em diversas empresas, como TV Globo, Galderma, Total, PayGo, 4Bio, ChefsClub, Lenny Niemeyer, Hemorio, Oceaneering, Fundação Laço Rosa, Hospital São Carlos, Estasa, entre outras.
Mais do que nunca, este mês especial alerta sobre diagnósticos precoces de câncer de mama; em 2019, a equipe de mastologia do hospital A.C. Camargo Cancer Center atendeu 27.755 pacientes e, em 2020, foram 20.233, ou seja, queda de 7.522 consultas. Até agosto de 2021, os consultórios receberam 14.704 pacientes, 4.193 a menos do que o saldo até agosto de 2019, que registrou 18.897 consultas. Porém, a quantidade de novos casos de tumores de mama não muda. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 66.280 para cada ano do triênio 2020-2022. Trata-se do segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, atrás apenas dos recorrentes tumores de pele não melanoma.
“A maior mensagem sobre o Outubro Rosa 2021 ainda é o apelo para que as pacientes voltem aos consultórios agora que a vacina contra a Covid-19 é realidade. O câncer não espera, então é preciso lidar com as duas doenças ao mesmo tempo. O número de pacientes com tumores não diminui devido à pandemia, só está deixando de ser diagnosticado e, por causa disso, os casos podem chegar mais complexos e avançados”, alerta a Dra. Fabiana Makdissi, head do Centro de Referência da Mama do A.C. Camargo Cancer Center.
O aspecto emocional é um fator que afetou a todos. “Ainda temos pacientes que se sentem inseguras e pensam que o correto é ficarem isoladas. Muita gente se descuidou, teve crises em razão da dificuldade de relacionamento humano e sentiam que havia algo errado, mas não tinham acesso ao diagnóstico”, ressalta a Dr.ª Fabiana. Ela cita o “Superação”, projeto de mentoria desenvolvido dentro do A.C. Camargo Cancer Center para acompanhar com apoio emocional essas mulheres. A especialista reforça que tudo está sendo feito para que a paciente seja recebida da forma mais segura possível, inclusive com atendimento híbrido. “Também estamos focados em tecnologias para que as pacientes fiquem menos tempo nos hospitais, com a ajuda da telemedicina e de equipamentos diferenciados no tratamento, como o Intrabeam, por exemplo, que oferece para pacientes selecionadas a possibilidade de radioterapia no mesmo momento da cirurgia.”
Importante ressaltar que no mês de outubro o desafio é de pensar em câncer na totalidade, não apenas no diagnóstico ou no tratamento. “É necessário identificar os pacientes de risco, colocá-los em jornada específica. Ainda tem médico que pensa isoladamente, no conceito de que apenas um profissional pode fazer tudo sozinho. Enxergar cada caso em 360º, multidisciplinarmente, é o melhor para qualquer tipo de câncer. Trabalhar todos juntos na jornada do paciente é o que diferencia no resultado. A navegação é essencial para oferecer apoio a essas jornadas”, afirma a Dr.ª Fabiana Makdissi.
O modelo Cancer Center adotado pelo A.C. Camargo engloba todos os cuidados e aumenta a sobrevida. Estudo conduzido pela Dra. Fabiana com 5.095 mulheres tratadas na Instituição aponta que as pacientes que recebem cuidado multidisciplinar no Centro de Referência em Tumores de Mama do hospital estão superando a doença em todos os estágios. A pesquisa — publicada em 2019 na revista Mastology, da Sociedade Brasileira de Mastologia — revela que, entre as pacientes com metástases, a taxa de sobrevida (cinco anos) saltou de 20,7% no ano 2000 para os atuais 40,8%. Para casos de tumores detectados precocemente, os índices chegam a 98,7%. Ao considerar a média de todos os estágios (sobrevida global), os números subiram de 83% para 90% no período estudado.
Outro ponto importante do estudo, quatro entre 10 pacientes descobriram a doença em idade mais jovem, ou seja, antes da fase de pico de incidência de câncer na população que é a partir dos 50 anos, por esse motivo a grande importância dos exames de rastreamento com mamografia anual a partir dos 40 anos, como recomenda a Sociedade Brasileira de Mastologia. Entram na lista de maiores riscos para a doença a obesidade, o sedentarismo, a ingestão de álcool, ter filhos tarde ou não ter filhos, não amamentar e também a questão genética, além do uso excessivo de terapias hormonais após a menopausa. “Na pandemia vários desses fatores de risco aumentaram, principalmente obesidade e sedentarismo. Não temos como garantir que exista menor incidência de câncer na população, visto que câncer é uma doença degenerativa e conforme envelhecemos o diagnóstico aumenta, mas dá para trabalhar para detectar quanto antes os casos e usar os tratamentos adequados”, finaliza a Dra. Fabiana Makdissi.
Hospital A.C. Camargo
FONTE: Marcela Munhoz - Assessoria de imprensa
INCA - Instituto Nacional do Câncer
Linda Rojas
Fonte e Crédito da foto: Mario Camelo - Prisma Colab
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Revisão ortográfica: Anne Preste