Hunter Douglas de Souza Lima e Fernanda Queiroz de Mello e Silva
Pesquisadores do Laboratório do Movimento Humano
11.10.2021O movimento Outubro Rosa alerta e conscientiza sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce dos cânceres de mama e colo do útero. Esta matéria reforça as informações sobre a importância da atividade física e seus benefícios em relação a essas patologias.
A pergunta que não quer calar, “O que é um câncer? Ou como eles se originam?”.
É preciso entender que as células têm capacidade de autorrenovação (através de um processo pré-estabelecido de troca celular chamado apoptose ou morte programada), e com isso seus processos são potencializados, ou seja, para que um câncer se inicie esse mecanismo sobre uma alteração e as “células defeituosas” se multiplicam, formando um crescimento desordenado dessas células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos distintos. Diferentes tipos de câncer correspondem a diferentes tipos de células do corpo. Quando começam nos tecidos epiteliais, como pele ou membranas mucosas, são chamados de cânceres. Se o ponto de partida for o tecido conjuntivo, como osso, músculo ou cartilagem, é denominado sarcoma.
“Ok, mas qual a relação do câncer com a mortalidade de mulheres?”
O câncer é uma das doenças cada vez mais presente na sociedade, sendo a segunda principal causa de morte no mundo. Atualmente é responsável por aproximadamente 1,2 milhão de mortes, o que corresponde a 45% das mortes na América Latina e no Caribe. Prevê-se que a mortalidade por câncer nas Américas aumente para 2,1 milhões até 2030.
Em relação a essa prospecção, é importante notar que o risco de câncer nas mulheres só aumentará, especialmente após os 40 anos de idade. Só em 2020, ocorreram cerca de 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama (CM) registrados globalmente. Além disso, a patologia é responsável pelo maior número de mortes registradas, correspondendo cerca de 15,5% das mortes por CM. Em seguida, podemos enfatizar o câncer do colo de útero (CCU), que está se tornando cada vez mais comum entre as mulheres. Ocorreram cerca de 570 mil novos casos (representando 84% dos novos casos em todo o mundo) e aproximadamente de 311 mil mortes por CCU só em 2018, podendo destacar que aproximadamente 90% dessas mortes ocorreram em países de baixa e média renda (INCA, 2020).
“Existem formas de modificar essas estatísticas?”
De acordo com a OMS, 40% dos casos poderiam ser prevenidos evitando e cerca de 30% deles podem ser curados se houver detecção precoce e tratamento adequado. Com isso, cerca de um terço das mortes por câncer se devem aos cinco principais riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool e tabaco.
Como vimos, boa parte dos cânceres podem ser evitados ou tratados com a modificação de sua rotina diária. Sabemos que o estilo da vida cotidiana está diretamente ligado com qualidade de vida e o a prevenção ou desenvolvimento de doenças. O estilo de vida sedentário da maior parte da população, mais precisamente, das mulheres que estão na menopausa, contribuem para o aparecimento do quadro de síndrome metabólica, ou seja, apresentam 2 ou mais comorbidades como diabetes, obesidade e hipertensão. Este quadro clínico está associado ao aumento de 17% de desenvolver câncer de mama.
Em diversos estudos comprovam a eficácia do exercício físico no tratamento da síndrome metabólica e dos sintomas da menopausa. Um estudo em específico, realizado por Dieli-Conwright em 2018, demonstrou que o treinamento combinado (de resistência + aeróbico), foi capaz de diminuir os componentes da síndrome metabólica, em sobreviventes de câncer de mama obesos e sedentários. Além disso, outro estudo feito com o mesmo público, demonstrou que o exercício combinado também foi capaz de melhorar a qualidade de vida e aptidão física dos indivíduos.
Em indivíduos que estão em tratamento ativo de quimioterapia, um estudo realizado por Lipsett em 2017, demonstrou que exercícios de resistência são capazes reduzir a fadiga física e melhorar a qualidade de vida durante o tratamento (LIPSETT et al., 2017).
Então, de acordo com diversos estudos, o exercício físico deve ser incluído em qualquer fase da vida, e pode contribuir para a prevenção, bem como auxiliar na diminuição dos efeitos colaterais da quimioterapia e aumentar a eficácia do tratamento, atuando na melhora da qualidade de vida. Já falamos um pouco mais aprofundo sobre este tema e você pode conferir neste link.
Os profissionais da área da saúde, recomendam fazer o autoexame, a partir dos 20 anos de idade, pois cerca de 80% dos tumores de mama são descobertos pelas próprias mulheres. Além de ir ao médico fazer os exames de “check-up” ao menos uma vez ao ano.
Referências:
DE SOUZA FILHO, Breno Augusto Bormann; DE LIMA MATIAS, Guilherme Henrique; TRITANY, Érika Fernandes; SOUZA DA SILVA, Danielle Dos Santos; SMETHURST, William Serrano; JÚNIOR, José Roberto Da Silva; DOS SANTOS, Dalmir Cavalcanti; ALVES, João Guilherme Bezerra. DOZE SEMANAS DE EXERCÍCIO FÍSICO DOMICILIAR MELHORA A AMPLITUDE DE MOVIMENTO DO OMBRO DE IDOSAS MASTECTOMIZADAS EM TRATAMENTO PARA CÂNCER DE MAMA. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, [S. l.], v. 25, n. 1, 2020. DOI: 10.22456/2316-2171.93259. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/view/93259/58364. Acesso em: 8 out. 2021.
LOPEZ, Pedro; FRANCISCO, Alice Aparecida Rodrigues Ferreira. Exercício físico como terapia adjuvante para o câncer de mama: uma revisão sobre as evidências atuais e perspectivas do exercício em oncologia. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercicio, [S. l.], v. 20, n. 4, p. 503–515, 2021. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/revistafisiologia/article/view/4789/7363. Acesso em: 8 out. 2021.
DIELI-CONWRIGHT, Christina M. et al. Effects of aerobic and resistance exercise on metabolic syndrome, sarcopenic obesity, and circulating biomarkers in overweight or obese survivors of breast cancer: A randomized controlled trial. Journal of Clinical Oncology, [S. l.], v. 36, n. 9, p. 875–883, 2018. a. DOI: 10.1200/JCO.2017.75.7526. Disponível em: /pmc/articles/PMC5858524/. Acesso em: 8 out. 2021.
DIELI-CONWRIGHT, Christina M. et al. Aerobic and resistance exercise improves physical fitness, bone health, and quality of life in overweight and obese breast cancer survivors: A randomized controlled trial 11 Medical and Health Sciences 1117 Public Health and Health Services. Breast Cancer Research, [S. l.], v. 20, n. 1, 2018. b. DOI: 10.1186/s13058-018-1051-6. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30340503/. Acesso em: 8 out. 2021.
INCA. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER: CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO - CONCEITO E MAGNITUDE. 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/conceito-e-magnitude. Acesso em: 8 out. 2021.
LIPSETT, Andrea; BARRETT, Sarah; HARUNA, Fatimah; MUSTIAN, Karen; O’DONOVAN, Anita. The impact of exercise during adjuvant radiotherapy for breast cancer on fatigue and quality of life: A systematic review and meta-analysisBreastBreast, , 2017. DOI: 10.1016/j.breast.2017.02.002. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28189100/. Acesso em: 8 out. 2021.
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Revisão ortográfica: Leilaine Nogueira