Prof. Hunter Douglas de Souza Lima & Prof. Dra. Kátia Bilhar Scapini
Pesquisadores do Laboratório do Movimento Humano
29.11.2021A saúde mental encontra-se entre os assuntos mais comentados atualmente, por estar ligada diretamente às condições dos estilos de vida social e aos demais processos enfrentados diariamente. Fatores biológicos, psicológicos e sociais, bem como predisposições genéticas, são as principais condições causais das doenças mentais. No entanto, outros processos podem influenciar diretamente nessas condições, podemos citar competências sociais excessivas, comportamentos alimentares desregulados, cobranças absurdas advindas de desafios diários, agressões, conflitos e mudanças bruscas de estilo de vida.
A fim de investigar e aprimorar as condições e os processos que estão ligados diretamente à saúde mental, a medicina e as ciências do esporte, como a educação física, têm o dever de aprimorar as experiências de atividade física como um procedimento eficaz para a prevenção, tratamento e reabilitação de pacientes com transtornos mentais.
Nesse sentido, podemos citar a atividade física regular, como uma intervenção remediadora de efeitos neuroprotetores e neurogênicos no cérebro, o que por consequência parece ser capaz de retardar a neurodegeneração característica, presente nas doenças neurais, além de potencializar melhorias dos sintomas psicopatológicos e do desempenho cognitivo de pacientes.
Podemos destacar alguns processos avaliados a partir de estudos clínicos e experimentais randomizados, visando a explicação breve de alguns processos, vamos destacar de forma simples e direta a partir dos resultados correlacionando a algumas patologias neurológicas e neurodegenerativas:
Depressão: Pesquisas apontam que o exercício físico, em particular o aeróbio, realizado com intensidade moderada e de longa duração (a partir de 30 minutos) propicia alívio do estresse ou tensão, devido a um aumento da taxa de um conjunto de hormônios denominados endorfinas que agem sobre o sistema nervoso, reduzindo o impacto estressor do ambiente e com isso pode prevenir ou reduzir transtornos depressivos, o que é comprovado por vários estudos.
Ansiedade: A atividade física é benéfica na redução da ansiedade, pois auxilia na diminuição da depressão, promovendo uma sensação de bem-estar; entretanto, deve ser utilizada como forma de prevenção, em que o indivíduo deve manter uma boa qualidade de vida, pois há um impacto direto no nível de satisfação do indivíduo em vários aspectos de sua vida, podem ser conceituadas como a forma de perceber a cultura e os valores no meio em que vive.
Parkinson: Estudos apresentam dois modelos de atividade física que trazem benefícios para doença de Parkinson, dentre eles: o treinamento aeróbico, capaz de promover melhoria da cognição e das funções cerebrais, além de auxiliar na melhoria do comportamento em pessoas com demência e deficiências cognitivas relacionadas. Enquanto o treinamento resistido, tem sido indicado por especialistas por melhorar a produção de força, do controle e da rigidez muscular, o que por consequência auxilia no desempenho da marcha, equilíbrio, mobilidade e qualidade de vida percebida.
Alzheimer: A prática regular de atividade física, pode alterar em parte a progressão do Alzheimer, ou seja, a prática regular retarda o declínio cognitivo, assim reduz os riscos, podendo representar uma importante contribuição não farmacológica atuando no declínio cognitivo, assim diminuindo de certa forma a progressão da doença. Um estudo realizado em 2021 por Braga, Almeida e Amâncio, descreve de forma mais detalhada os benefícios da atividade física para a doença de Alzheimer.
Finalizamos essa matéria, com as seguintes palavras: A prática de atividades físicas regulares é benéfica nos mais diversos parâmetros, e já sabemos disso! Mas seus benéficos para a saúde do cérebro encontram-se ligados diretamente a redução e prevenção de declínios funcionais associados às doenças, além de sua associação aos fatores psicológicos, como: o aumento da autoestima, da percepção de controle, da eficácia e da percepção da imagem corporal, fatores esses que se encontram ligados diretamente ao combate do stress e redução do estado de depressão e ansiedade.
Referências consultadas:
ROEDER MA. Benefícios da Atividade Física em Pessoas Com Transtornos Mentais. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde. 2012;4(2):62-76. Disponível aqui.
GOBBI S; CORAZZA DI; COSTA JLR. Depressão no Idoso: Diagnóstico, Tratamento e Benefícios da Atividade Física. Motriz, Rio Claro, 2002;8(3):91-98. Disponível aqui.
TEIXEIRA ACP, FONSECA AR, MÁXIMO IMN. Inventário SF36: avaliação da qualidade de vida dos alunos do Curso de Psicologia do Centro UNISAL-UE de Lorena (SP). Psic: Revista da Vetor Editora, 2002;3(1):16-27. Disponível aqui.
BRAGA VEG, ALMEIDA KC, AMÂNCIO NFG. Physical exercises in elderly with alzheimer's disease: a review of the cognitive and motor benefits. Brazilian Journal of Health Review, 2021;4(2):4845-4857. Disponível aqui.
LIMA HDS, SCAPINI KB, SANCHES IC. Efeitos do treinamento físico combinado na função autonômica cardiovascular em um modelo experimental de doença de Parkinson. Dissertação (mestrado). 2020:59f. Disponível aqui.
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Revisão ortográfica: Leilaine Nogueira