Profª Ma. Thayna Ribeiro & Prof. Me. Bruno Nascimento-Carvalho
Pesquisadores do Laboratório do Movimento Humano
06.09.2021Para reforçar a importância desta data, iniciamos o mês com esta matéria contendo a seguinte pergunta:
Caro leitor, você tem cuidado da saúde do seu coração?
As doenças que afetam a saúde do coração estão entre as principais causas de morte a nível mundial. No Brasil, conforme a Organização Pan-Americana de Saúde, elas são responsáveis por 30% dos óbitos, todo ano, em decorrência de complicações cardiovasculares, consideradas como o principal fator de risco à mortalidade mundial.
Pense em diabetes, obesidade, e hipertensão como uma associação de fatores que ocasionam estresse metabólico e modificam o equilíbrio do organismo. Além disso, fatores epigenéticos (interação entre fatores ambientais e a expressão da informação contida no DNA) e o estilo de vida com hábitos não-saudáveis influenciam negativamente a saúde cardiovascular. Portanto, cuidar da sua saúde pode fazer toda a diferença quando o assunto for funcionamento do coração.
Como já citamos em outras matérias, o comportamento sedentário é um fator ambiental responsável pelo aumento de complicações de risco de vida, visto que, associado aos maus hábitos alimentares, tabagismo e alcoolismo pode contribuir para o desenvolvimento de doenças vasculares, tais como, a doença arterial coronariana (DAC) e a aterosclerose. Estas doenças, são originadas a partir de distúrbios no metabolismo dos lipídios (dislipidemia) e das lipoproteínas (HDL e LDL), que cooperam para o desenvolvimento das disfunções ou evoluções destes quadros. Como o sistema cardiovascular é o responsável por transportar o oxigênio e nutrientes necessários ao funcionamento das células, fica evidente que seu funcionamento inadequado pode provocar prejuízos aos demais sistemas do organismo.
Neste contexto, a Aterosclerose é uma doença crônica que se origina no interior das artérias em resposta alguns estímulos negativos ao organismo, como o fumo ou o colesterol aumentado no sangue, provocando lesões nos vasos e facilitando o depósito de substâncias gordurosas, bem como o colesterol. Essas substâncias se calcificam e formam placas de gordura chamadas ateroma, que crescem lenta e silenciosamente.
Como consequência a este processo, constitui-se a doença arterial coronariana (DAC), onde há obstrução gradual ou súbita das artérias coronárias por placas de gordura e coágulos, reduzindo o fluxo sanguíneo para órgãos como coração, cérebro e rins, além de extremidades do corpo, como braços e pernas. Dessa maneira, o desenvolvimento desta inflamação conduz estes indivíduos a eventos isquêmicos que podem inclusive levar a um infarto agudo do miocárdio (IAM).
Em contrapartida, o treinamento físico é considerado uma importante intervenção não farmacológica contra a dislipidemia (desbalanço no metabolismo dos lipídios) e doenças vasculares, pois exerce influência na melhora do perfil lipídico, complacência/flexibilidade arterial, diminuição dos níveis de pressão arterial, redução dos níveis de gordura corporal, normalização da glicemia, entre outras respostas benéficas.
As vantagens da prática regular de atividade física são inúmeras e sempre evidenciadas por nós em nossas matérias. O corpo humano foi geneticamente programado para estar em movimento e funciona melhor quando praticamos exercícios, além disso, ementa-se que o coração também é um músculo, portanto é preciso fortalecê-lo.
Com base na V Diretriz Brasileira sobre dislipidemias e prevenção da aterosclerose, é recomendado que exercícios aeróbicos como caminhadas, ciclismo e natação sejam realizados de três a seis vezes na semana, em sessões com duração de 30 a 60 minutos. Ao se tratar de indivíduos cardiopatas, é de suma relevância destacar ainda, o caráter multiprofissional no processo de orientação e reabilitação destes pacientes, em que cuidados devem ser redobrados, com o intuito de promover a ciência de restituir ao indivíduo o grau de atividade física e mental, compatível com a capacidade funcional do seu coração.
Entre eles, realizar uma avaliação médica com um Cardiologista, que irá avaliar as condições clínicas e orientar o memento de início das atividades físicas. E o profissional de Educação Física que irá realizar o acompanhamento e progressão do treinamento físico. Além disso, a necessidade de manutenção de uma dieta saudável, pobre em gorduras saturadas, carboidratos refinados e álcool e rica em frutas, legumes, verduras e fibras pode ajudar a diminuir o risco de aterosclerose.
Por isso, se você ainda não se sente seguro para começar, consulte seu médico e obtenha orientações. Seu coração agradece! Um coração não deveria sofrer nem por amor, muito menos por doenças cardiovasculares. Cuide do seu!
Bibliografia Consultada
Soares BT, Amaral LVR, Cardozo DC, Duarte ER. Efeito do exercício físico sobre a dislipidemia. Rev. Aten. Saúde. 2018;16(58):12-16.
Silva, Christina Grüne de Souza e Redução na Ativação Plaquetária: Um Potencial Efeito Benéfico do Exercício Regular na Doença Arterial Coronariana. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. 2021, v. 116, n. 3 ISSN 1678-4170 Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20201198.
RIBEIRO, Priscilla Rosa Queiroz; OLIVEIRA, D. M. Reabilitação cardiovascular, doença arterial coronariana e infarto agudo do miocárdio: efeitos do exercício físico. Rev Digital [Internet], v. 15, n. 152, p. 1, 2011.
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www.paho.org/pt/topicos/doencas-cardiovasculares
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Revisão ortográfica: Anne Preste