Carla Strafacci

Voluntária em Comunicação e Marketing do Médicos do Mundo

por Bernadete Siqueira e Cleo Brito

09.07.2020

Mário Vicente Campos Guimarães, fundador do projeto Médicos do Mundo, Professor do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia das Universidades UAM e Laureate. Pesquisador em Neuro-oncologia da Universidade de São Paulo. Coordenador do serviço de radioterapia, radiocirurgia e neurocirurgia estereotática no Hospital Lefort. Médico na Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Albert Einstein.

Chefe do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital da Polícia Militar - São Paulo. Experiência em medicina com ênfase em: neurociências, neuro-oncologia, radiocirurgia, neurointensivismo, neurotraumatologia, neuroemergências, neurorradiologia, estereotaxia, dor de cabeça, doenças da coluna vertebral e dor.

CeR: O que vem a ser o projeto Médicos do Mundo?

Carla: O Médicos do Mundo é uma iniciativa filantrópica privada que visa promover o atendimento humanitário a pessoas em situação de vulnerabilidade social e situação de rua e seus animais de estimação. Fornecemos ajuda de vários tipos, garantindo que esses indivíduos recebam cuidados médicos e outros aos quais, de outra forma, não teriam acesso.

CeR: Como nasceu o projeto Médicos do Mundo?

Carla: O projeto teve início após observar o crescente número de moradores de rua perto de uma das universidades onde trabalha, na cidade de São Paulo.

O Dr. Mario Vicente iniciou "clínicas" específicas; primeiro sozinho e depois com estudantes de diferentes áreas da assistência médica. Hoje, só em São Paulo são mais de 2.000 profissionais e estudantes de saúde e outras áreas que doam tempo e conhecimento para esse grande movimento, tanto no Brasil quanto em outros países.

Projetos e populações

CeR: Quais projetos são atendidos pelo Médicos do Mundo?

Carla: Com o crescimento da entidade e o ingresso de mais voluntários começou a ampliar os atendimentos e incluir especialidades e assim hoje fazem parte do Médicos do Mundo 20 projetos:

CeR: Quais são as populações atendidas por Médicos do Mundo?

Carla: O foco, atualmente, está na prestação de cuidados primários de saúde, prevenção, promoção da saúde, educação, triagem e cuidados continuados para pessoas em situação de vulnerabilidade social, pessoas em situação de rua, aldeias indígenas, populações ribeirinhas, catástrofes e onde mais houver necessidade e se for possível atuar.

CeR: O projeto Médicos do Mundo é subsidiado por algum órgão governamental ou pela sociedade civil?

Carla: Até o momento não há nenhum tipo de subsídio seja da sociedade civil ou governamental.

Médicos no Mundo

CeR: Qual é a abrangência de atendimento no Brasil e no mundo?

Carla: Hoje estamos representados em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Médicos do Mundo no Mundo em Benin, Angola, Moçambique e Uganda.

CeR: Como são selecionados os profissionais para atuar neste projeto?

Carla: Os voluntários precisam se inscrever no site Médicos do Mundo. As inscrições são encaminhadas para os coordenadores de cada área e entram em uma lista de espera e posteriormente são incluídos no grupo de whatsapp da especialidade para a qual o voluntário se inscreveu. Cada área tem dois coordenadores, um docente e um discente, que coordenam as atividades da área.

CeR: De quais áreas de formação precisam ser esses profissionais?

Carla: Todas as pessoas são bem-vindas, de qualquer especialidade, sendo ou não da área da saúde. Todos têm espaço pois existe muito trabalho envolvido para que os médicos possam atuar nos atendimentos, por exemplo: logística, segurança, operações, comunicação e marketing, apoio, contabilidade, administração... Enfim, há muito trabalho, o importante é que o voluntário venha de corpo e alma e seja engajado!

CeR: Quais são as principais dificuldades que existem na aplicação do projeto Médicos do Mundo?

Carla: Existem diversas dificuldades inerentes às atividades para se montar uma estrutura grande para as ações e o atendimento de qualidade, por exemplo: falta de equipamentos, falta de recursos financeiros, falta de uma sede e local para guardar nossos equipamentos, transporte logístico, compra de medicamentos são algumas delas.

CeR: Existe algum dado estatístico de quantos atendimentos foram realizados em São Paulo e no Brasil desde a implantação deste projeto?

Carla: Desde nossa fundação já foram atendidas mais de 80.000 pessoas e animais em situação de vulnerabilidade social e de rua no Brasil e o número de voluntários atuantes e que estão em lista de espera já supera 4.000 em todo o Brasil.

Quarentena Solidária

CeR: Como está a Campanha Quarentena Solidária?

Carla: A campanha Quarentena Solidária é uma iniciativa que visa levantar fundos para manter os atendimentos em diversas partes do Brasil. Infelizmente até o momento atingiu apenas 13% da meta proposta.

CeR: Como a sociedade civil pode ajudar?

Carla: É muito importante que haja engajamento da sociedade civil para manter as atividades, é necessária a divulgação do projeto e a participação das pessoas doando qualquer valor e insumos, fazendo parcerias que possam ajudar a manter as atividades.

CeR: Qual é a diferença entre Médicos do Mundo e Médicos sem Fronteira?

Carla: A entidade foi criada no final de 2015 pelo médico neurologista professor Mário Guimarães, que começou a atender a população de rua, inicialmente sozinho e mais tarde com seus alunos e foi inspirado pelo médico americano prof. Jim Withers, precursor da medicina de rua no mundo. É uma associação 100% voluntária que até o momento não conta com nenhum tipo de financiamento ou ajuda financeira de nenhuma empresa ou pessoa física com recursos recorrentes.

O Médicos sem Fronteiras é uma organização que proporciona ações de longo prazo, na ajuda a refugiados, em casos de conflitos prolongados, instabilidade crônica ou após a ocorrência de catástrofes naturais ou provocadas pela ação humana. Por estarem atuando há tantos anos em diversos países já contam com grande apoio financeiro de pessoas físicas, empresas e fundos monetários.

Redes Sociais

Facebook: medicosderua

Quarentena Solidária: Kickante

Live com Rafael Moreira

Entrevista cedida por Carla Strafacci, Comunicação e Marketing - Voluntária, Médicos do Mundo
Revisado por Maitê Ribeiro