Informação fidedigna, uma arma poderosa no enfrentamento do câncer, mas não só dele

por Vera Bifulco

02.07.2020

O momento do diagnóstico sempre será o de maior impacto na vida do paciente e sua família. Todas as incertezas até então ficam confirmadas nesse momento, todas as expectativas do que poderia não ser, caem por terra as expectativas do que poderia não ser não se concretizam. Daqui para frente é enfrentar, enfrentar e enfrentar, mas existe uma arma poderosa que reduz a ansiedade e proporciona mais segurança: a informação fidedigna.

A informação é uma forma de cuidar, ela exerce papel relevante no sentido de neutralizar o medo do paciente e da família, seu entorno, e ameniza a intensidade de sua reação de ajustamento. Dessa forma, a informação torna-se altamente terapêutica e promove qualidade na reabilitação psicossocial do paciente, o que traz uma maior adesão ao tratamento e melhor resposta física.

A questão que se levanta agora é a confiabilidade da informação. A gama de informações disponíveis nos meios de comunicação, na mídia, são cada vez maiores, basta acessar um dos canais e se constata essa realidade. Um avanço tecnológico significativo que pode modificar a vida e as relações das pessoas. A pergunta que se levanta é: quais as verdadeiras contribuições que podem agregar valores e quais os riscos dessas informações?

Pacientes mais bem informados são mais controlados, menos ansiosos, aderem melhor ao tratamento, possuem expectativas reais. Eles se cuidam melhor, participam ativamente de seu processo de tratamento e busca pela cura e se sentem mais bem cuidados, refletindo numa maior qualidade de vida.

Essa informação começa na relação médico X paciente, primeiro vínculo a se formar e perpassa toda uma equipe multiprofissional no atendimento ao paciente e à família. Lembrar que paciente e família se juntam aos demais profissionais da saúde constituindo uma grande EQUIPE, na qual todos são coparticipantes ativos.

A informação facilita a conversa com o médico e fortalece a relação, principalmente quando o que foi trazido é real, tem conteúdo e veracidade, é CONFIÁVEL.

Algumas dicas para que essa comunicação aconteça da melhor forma. Primeiro, seu médico e equipe de saúde são seus aliados, não se intimide de perguntar. Não existem perguntas bobas. Tudo que perpassa seus pensamentos deve ser esclarecido. Não entendeu? Pergunte novamente e novamente, até se certificar que obteve a melhor resposta, aquela que sacia suas dúvidas e aponta para uma solução.

Busque sites de origem confiável, fontes fidedignas, com profissionais de alto gabarito que podem fazer a grande diferença durante todas as fases de seu tratamento. Eles estarão junto com você numa grande e coesa família. Rubem Alves escreveu: “Quando se confia, o medo desaparece”.

Valorize sempre o tempo dedicado à consulta, tempo para ouvir, compreender, avaliar, tirar dúvidas. Investir na individualização do cuidado e não na generalização da assistência. Somos seres únicos, ímpares, não cópias. Cada caso é único em toda sua singularidade.

Em tempos de pandemia ouvi uma frase de um grande médico que diz estarmos passando por uma infodemia, ou seja, excesso de informação.

A informação deve ser sempre checada em sua origem para não se tornar uma alarmista falsa.

Dessa forma o ideal é sermos seletistas e irmos a fundo à origem do que nos chega. Com isso distanciamos o pânico, filtramos o que realmente interessa saber e nos posicionamos com os trunfos que temos no combate a qualquer que seja a doença, peste ou epidemia.

Para finalizar, quero deixar uma frase do Dr. Gustavo Cabral, jovem e promissor médico baiano que está à frente da descoberta de uma vacina contra o covid-19: “A pressa não deve atropelar a ética!”.


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Revisado por Maitê Ribeiro