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Cidadão e Repórter entrevistou o Especialista em Administração Esportiva, Marcos Alexandre Mendes, 56 anos, graduado em Educação Física pela FIG, em 1990.

Possui pós-graduação em Eventos Esportivos Públicos, Industriais e Hoteleiros pela Universidade Anhembi Morumbi e Marketing e Gestão Esportiva, pela Faculdade Uninter. Fez cursos de minivoleibol, basquetebol, atividades em ruas de lazer e monitorias em torneios e corridas rústicas na área infantil e cursos de matroginástica, macroginástica e hipertrofia, voltados para a 3ª idade.

CeR: Como foi a sua trajetória profissional?

Marcos Alexandre: Iniciei minha carreira profissional como estagiário de professor de Educação Física em um clube esportivo na zona sul de São Paulo. Com o término do curso universitário, passei a professor efetivo ministrando aulas de iniciação esportiva para crianças em idade escolar.

Após realizar diversos cursos de especialização na área, passei a assessorar os coordenadores de minha área e ao surgir oportunidade, passei para a função de coordenador e posteriormente supervisor de esportes.

Atuando em outro clube destinado a uma empresa, este na região de Cajamar, passei a coordenar as atividades esportivas para os funcionários dessa mesma empresa.

Em seguida, já em outro clube na zona leste de São Paulo, fui convidado a montar e gerir um novo departamento esportivo ligado à modalidade de futebol, a fim de atender as necessidades dos associados.

Atualmente, desenvolvo aulas de diversas modalidades de ginástica para grupos de terceira idade em um shopping na zona oeste de São Paulo.

CeR: Quais os benefícios da atividade física para crianças?

Marcos Alexandre: A atividade física é inerente ao ser humano, desde criança realizamos brincadeiras, descobertas e movimentos que permitem nossa interação com outras pessoas e o mundo.

Inicialmente com seus familiares e posteriormente com a iniciação escolar, a criança tem, através das atividades de lazer e recreação isoladamente ou em grupos, a possibilidade de se comunicar, interagir, trocar informações e experiências com todos aqueles a sua volta.

Além desse aspecto social, não podemos deixar de citar a importância de as crianças realizarem atividades físicas "dirigidas" (que são aquelas realizadas com o acompanhamento de um profissional de Educação Física) para o aprimoramento de suas habilidades primárias.

CeR: A que você atribui a procura de crianças para fazer atividade física em clubes?

Marcos Alexandre: Infelizmente, nosso país carece de espaços públicos que possam oferecer atividades dirigidas com boa qualidade às pessoas menos favorecidas.

Há alguns anos, tivemos a experiência de algumas prefeituras que construíram pequenos espaços em praças públicas com aparelhos de musculação e equipamentos de lazer como pista de skate e quadras, porém, com a ausência de profissionais capacitados e manutenção inadequada, esses espaços na maioria das vezes se deterioram ou são subutilizados.

Também temos outra situação que são as escolas públicas, que, como sabemos, na sua grande maioria até possuem quadras para realização de atividades físicas, porém, estão deterioradas e sem um profissional estimulado ao planejamento e execução de um trabalho adequado.

Em oposição a essa situação, apesar dos custos para frequentá-los, os clubes possuem uma estrutura adequada com profissionais capacitados, geralmente permitem a montagem de turmas com a separação dos alunos por faixa etária ou por nível técnico, além de materiais específicos para as modalidades a serem desenvolvidas.

Dessa forma a qualidade e o rendimento do trabalho realizado são muito superiores a qualquer outro espaço para este fim. Ressalto que, além desse aspecto técnico, o clube, por ser um lugar fechado, oferece grande segurança e área para convívio social, onde os pais podem deixar seus filhos com tranquilidade.

CeR: Excesso de exercício faz mal à saúde da criança?

Marcos Alexandre: Acredito que tudo em excesso, de alguma maneira, faz mal aos indivíduos.

O excesso de exercício, bem como a falta dele, irá interferir no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, pois poderá ocasionar estresse, ansiedade, desânimo, sono desregulado e até mesmo perda ou excesso de apetite devido à maneira como o organismo irá reagir a essa situação.

CeR: Como você avalia a frequência de crianças em academias?

Marcos Alexandre: Esse assunto ainda é motivo de polêmica entre alguns especialistas.

Se, por um lado, podemos desenvolver atividades lúdicas e recreativas com materiais adequados em academias objetivando alcançar a prática de atividade física, por outro, uma academia de ginástica não é um local adequado para crianças devido ao ambiente predominantemente adulto e com referências ao alto rendimento, o que é totalmente contraindicado para crianças.

CeR: A atividade física para crianças possui alguma relação com a alimentação?

Marcos Alexandre: Sem dúvida.

Constatou-se que crianças que praticam atividade física constante têm suas funções orgânicas mais bem reguladas, não só no âmbito alimentar, mas também no sono, nos estudos, e até mesmo no convívio social.

CeR: Você percebe que a terceira idade está procurando atividades físicas?

Marcos Alexandre: Há um crescimento vigoroso por parte de pessoas da terceira idade na procura por atividades de lazer, culturais e esportivas.

Acredito que isso se dê em função de alguns fatores como o envelhecimento sadio de uma parte da população, melhoria no atendimento à saúde, entendimento dos benefícios da atividade física para uma boa qualidade de vida e retardamento de novas doenças, abertura de locais com profissionais capacitados e materiais adequados a essa faixa etária.

Não podemos esquecer que as atividades sociais para esse grupo são, assim como a atividade física, um excelente benefício como meio de interação e socialização.

CeR: Qual a maior procura de praticantes nas atividades físicas, homens ou mulheres?

Marcos Alexandre: Constatou-se que a grande maioria de praticantes de atividade física na terceira idade é de mulheres, pois culturalmente em nosso país não as mulheres idosas, as mulheres em geral têm um entendimento maior sobre os benefícios para a mente e o corpo.

Também verificamos que, na maioria dos casos, os homens falecem antes das mulheres devido ao estilo de vida muitas vezes desregulado e sem compromisso com a saúde.

CeR: Existe algum motivo que faz com que pessoas dessa faixa etária procurem atividade física?

Marcos Alexandre: Em geral sim, muitas vezes por indicação clínica ou por sentir-se "indisposto" e também pelo "sentimento da necessidade de fazer alguma atividade física".

CeR: A prática de atividade física pode ajudar de que forma na terceira idade?

Marcos Alexandre: São diversos os benefícios proporcionados pela prática de atividade física, como melhora da coordenação motora, da correção postural, do tônus muscular, do equilíbrio, do aumento do apetite e melhora na qualidade do sono.

Mais uma vez ressalto que a socialização e a interação entre os alunos durante a realização das atividades são muito importantes para o convívio social desse grupo.

CeR: Pessoas da terceira idade podem fazer qualquer tipo de atividade física?

Marcos Alexandre: Os idosos podem realizar praticamente quase todas as atividades realizadas pelos adultos saudáveis, sempre respeitando-se a carga utilizada, a amplitude de movimento, o número de repetições, a intensidade de trabalho e o nível de condicionamento de cada um.

CeR: Com que frequência pessoas da terceira idade devem fazer atividades físicas?

Marcos Alexandre: Em geral, no Brasil nós utilizamos os estudos realizados pelos especialistas norte-americanos.

Recomenda-se uma média de 3 a 4 vezes por semana, com duração de 1 hora por aula.

Essa situação pode variar dependendo do nível de condicionamento físico de cada indivíduo.

CeR: Pessoas da terceira idade podem fazer atividades físicas em qualquer lugar?

Marcos Alexandre: Independentemente do local onde o idoso irá realizar a atividade física, seja academia, parque público, quadra esportiva, clube ou local aberto, o espaço a ser utilizado deve ter piso antiderrapante, boa sinalização visual, equipamentos adequados a esse grupo específico de usuários, ambiente livre de som muito alto e iluminação adequada, além de um profissional qualificado para ministrar exercícios adequados e verificar eventuais correções.

Não podemos esquecer que é obrigatória a presença de um profissional da área médica (enfermeiro ou médico), bem como material de primeiros socorros e disponibilidade de ambulância.

CeR: Do que mais gostam durante os exercícios e do que mais reclamam?

Marcos Alexandre: Aprendemos muito com os alunos de terceira idade, e o que verifiquei no decorrer das aulas é que a maioria dos alunos gosta de regularidade, correta postura e pontualidade do professor, exercícios variados, respeito às suas limitações e também um ambiente alegre e sadio.

Entretanto, observo que os alunos não gostam de feriados, pois nesses dias as aulas são suspensas!

CeR: A quarentena fez com que a terceira idade ficasse reclusa em casa, inibindo suas participações em atividades físicas. Quais as atividades físicas que podem ser feitas em casa?

Marcos Alexandre: Considero que, de modo geral, as pessoas com condições mínimas de condicionamento físico e habilidade motora possam realizar uma aula de ginástica em casa com orientação remota de um profissional qualificado. Vemos através da internet diversos vídeos com séries e programas de ginástica, porém, com o grupo de terceira idade, existem diversas variáveis que devem ser consideradas para restringir a realização de atividade física (ginástica) sem a presença de um profissional capacitado: local devidamente adaptado e seguro para realização das atividades propostas, doenças preexistentes que podem levar o idoso a sofrer problemas de saúde, limitações físicas que inibem o idoso de realizar vários tipos de movimentos, dentre outros fatores. Sendo assim, ao meu ver e acompanhando as orientações do Ministério da Saúde, indico algumas atividades consideradas de baixa intensidade e de fácil praticidade para que os idosos possam fazer e manter uma boa qualidade de vida: caminhadas pela garagem ou andar e descer escadas pelos andares do seu condomínio, sempre com máscaras no rosto e NUNCA SOZINHOS, pois se algo ocorrer durante a atividade com o idoso terá alguém para socorrê-lo.

CeR: Você mantém algum tipo de contato com seus alunos? Se sim, conversam sobre o quê?

Marcos Alexandre: Os professores que compõem nosso grupo de trabalho semanalmente enviam vídeos aos seus alunos, com o objetivo de manter o contato e atualizá-los sobre as notícias relativas à pandemia.

Os vídeos nem sempre são relativos a sua disciplina, ou seja, a professora de artesanato pode enviar um vídeo sobre receita de pão ou o professor de violão pode enviar um vídeo sobre um assunto da pandemia.

Assista a entrevista: