Pior que esquecer é ser esquecido

(Alzheimer - Conscientize-se)

por Vera Bifulco

13.09.2019

Setembro não é somente o mês da primavera, quando abandonamos os casacos pesados e nos entregamos a doce espera pelas flores e seus perfumes. Setembro também é o mês dedicado ao Alzheimer, uma doença silenciosa que muitas vezes é confundida com sinais “normais” da velhice.

Cuidado! Nossa sociedade está envelhecendo rapidamente e isso é um fato mundialmente conhecido e muitas doenças próprias do envelhecimento, mas não só dele, afloram nessa hora. Informação fidedigna é altamente terapêutica e indispensável se queremos dar respeito, dignidade e um cuidar de excelência para nosso ente querido.

Um dos sinais mais frequentes no estágio inicial da doença é uma mudança de humor, certa apatia, uma não vontade de experimentar coisas novas. Muitas vezes esse sinal é confundido com depressão e aqui se faz um alerta, temos de distinguir tristeza de depressão.

Tristeza é um sentimento comum e necessário ao ser humano, mesmo que ninguém goste de se sentir triste. Rubem Alves escreveu: “Quem nunca se sentiu triste deve fazer terapia para aprender”. A tristeza é o contraponto da alegria, só quem já experimentou a alegria consegue distinguir um estado de tristeza.

Já a depressão é uma patologia, ou seja, é uma doença e requer diagnóstico e tratamento.

Depressão tem cura, demência não.

Quando somos submetidos às intempéries da vida (luto, perdas, separações, doenças, etc), podemos ficar depressivos, mas é uma depressão reativa, ou seja, eu reajo a um acontecimento muito penoso com um estado depressivo passageiro. Podemos nos arriscar a dizer que seria uma tristeza muito intensa com um tempo maior de permanência. Esse estado costuma passar com o enfrentamento da situação causadora, ajuda de uma terapia, poder de resiliência, um ouvido amigo e atento, uma rede social acolhedora, espiritualidade e o tempo como sendo sempre, o melhor remédio.

Voltemos ao entendimento do cenário onde se instala o Mal de Alzheimer.

O momento do diagnóstico é sempre o mais crítico, pois normalmente o paciente e família são pegos de surpresa.

Lembrar que a doença é do paciente, mas o diagnóstico é sentido por toda a família.

O fato de a Doença de Alzheimer ser uma condição ainda sem possibilidade de cura reforça a importância de se discutir o futuro desde o primeiro momento para que a família providencie medidas práticas e preventivas, pois o cuidar é longo e estressante. Busque o máximo de informação sobre a doença e avalie como cada membro da família, a comunidade, amigos, vizinhos, igreja, pode ajudar, seja no cuidado ou financeiramente.

Sempre Levar em consideração a história, a biografia do paciente, pois somos seres ímpares, e o cuidar deve ser individualizado.

Na fase inicial os sinais mais comuns são: dificuldade em reter novas memórias, problemas de linguagem e comunicação, desorientação tempo/espaço e mudanças de humor. Nesse momento não trate a pessoa como doente, respeite seu jeito de ser e ajude-o a manter sua rotina o mais normal possível e com segurança.

Fase moderada: aumenta a dificuldade em realizar atividades comuns como cuidar da própria higiene. A capacidade de memória, socialização, comunicação e percepção temporal-espacial são reduzidas. Mantenha a rotina, pois ela repassa ao paciente maior segurança. Qualquer mudança nesta fase faz com que o paciente se sinta desorientado perdendo seu referencial.

Fase avançada: as funções cognitivas vão se deteriorando e há dificuldade em quase todos os momentos do dia. Caminhar, falar e até deglutir podem acarretar grandes esforços. Perda da capacidade de reter a urina e as fezes necessitando o uso de fraldas. Necessidades de cuidados contínuos.

Lembre que a afetividade não é destruída pela doença, a dignidade e respeito devem perpassar todas as fases do cuidar e, por mais que ele pareça ausente, ainda está aí.

Quer saber mais sobre a doença de Alzheimer? Participe do Grupo de Apoio a Cuidadores de Alzheimer (veja programação no folder ao lado)