Vida em panos: qual a máscara mais eficaz no combate da covid-19?

Em entrevista ao Cidadão e Repórter, a virologista Lorena Chaves explicou detalhadamente qual máscara é a mais eficiente na pandemia.


Matheus Torres

13.07.2021
De acordo com a Fiocruz, o uso incorreto e o compartilhamento da máscara são os principais motivos para contrair a Covid-19. Fonte: Tumisu/Pixabay

De acordo com a Fiocruz, o uso incorreto e o compartilhamento da máscara são os principais motivos para contrair a Covid-19. Fonte: Tumisu/Pixabay

Com a lentidão das aplicações das vacinas no Brasil, o jeito mesmo é continuar utilizando máscaras para evitar a propagação e a contaminação do vírus da covid-19, já que a transmissão se dá quando um indivíduo inala gotículas de saliva e secreções respiratórias suspensas no ar. Sem o ministério da Saúde para acelerar o procedimento e com um aumento contínuo do relaxamento do uso país afora, o número de casos e mortes tendem a crescer cada vez mais, e de acordo com especialistas, podendo até chegar uma terceira onda de covid-19.

Segundo levantamento realizado pela revista Science, pesquisadores da Alemanha, China e Estados Unidos analisaram dois tipos de máscaras: as cirúrgicas e as de alta filtragem, como, por exemplo, a N95 e a PFF2. Os cientistas recolheram amostras de ambientes internos abertos e fechados, com o intuito de localizar em qual lugar apresenta menor chance de contágio e proteção. Concluiu-se que, em grande parte dos ambientes abertos a probabilidade de ser infectado usando um dos dois tipos de máscara citado anteriormente, diminui bastante o risco de infecção, pois possui um nível baixo de partículas que contém o coronavírus. Em contrapartida, o risco se torna maior em ambientes fechados, sem o distanciamento necessário e sem ventilação. Ainda assim, comprovou-se que com o uso correto da máscara de alta filtragem nesses ambientes, são capazes de proteger o indivíduo de se contaminar.

Um dos modelos mais procurados durante a pandemia foram as máscaras caseiras, feitas artesanalmente. Além de ser uma saída para gerar uma renda extra para o brasileiro, também foi uma novidade que caiu nas graças do povo pelas cores, formas e tamanhos. Mas será que as máscaras de pano são eficazes ao combate do vírus?

Conforme a Organização Mundial da Saúde, para garantir uma proteção em um nível mais satisfatório, é necessário que cada máscara tenha um forro de algodão, para absorver a água e conter a umidade. Um tecido impermeável, assim como o poliéster, deve ser revestido na parte externa da máscara, e no meio, o material mais indicado para que a filtragem ocorra, é o polipropileno. Em tese, quanto maior o número de camadas, maior o nível de proteção, sendo até recomendada em lugares onde há aglomeração.

O Cidadão e Repórter entrevistou Pamela Durães que trabalha presencialmente como assistente administrativa em São Caetano do Sul. Pamela comenta que ser rara às vezes que utiliza a máscara de pano caseira, pois na empresa em que trabalha é exigido o uso da máscara cirúrgica N95. “Devido à exigência da empresa e por motivos de maior segurança, opto sempre utilizar as máscaras cirúrgicas, deixando de lado as de pano, mas é claro que não deixo de lado a importância do uso destas máscaras também”, alegou.

Um dos motivos pela preferência da máscara cirúrgica é a facilidade e pelo manuseio, visto que as máscaras de pano são mais propensas a estarem armazenando as gotículas que carregam o vírus. Em levantamento coordenado pelo professor Paulo Artaxo, apoiado pela Fapesp foram avaliados 227 modelos vendidos no Brasil. Divulgados na revista Aerosol Science e Technology, os resultados mostraram que as máscaras mais eficientes no teste foram as cirúrgicas e as do tipo PFF2 e N95, com 90% a 98% de filtração de partículas. Em sequência, as máscaras TNT, vendidas em farmácias, mostraram uma variação de 80% a 90% de eficácia. Em último lugar, as máscaras caseiras, com apenas 15% a 70%, com média de 40% de proteção.

Mas não é apenas o uso da máscara que garante a proteção do usuário. Para a biomédica e cientista associada do departamento de imunologia em Atlanta da Universidade de Emory, Lorena Chaves, é necessário o uso constante de álcool e gel, manter o distanciamento e evitar estar em lugares com pouca ventilação. É o que ela nos conta em entrevista exclusiva concedida ao Cidadão e Repórter.

Ouça o áudio completo da entrevista com Lorena Chaves:

Perguntas feitas na entrevista para a Biomédica e Virologista Lorena Chaves:

  • Qual a eficácia da máscara na pandemia?

  • Qual a melhor máscara a ser usada?

  • Como acontece a contaminação do vírus da Covid 19?

  • No tempo que estamos vivendo, o fim do uso da máscara nos ambientes abertos seria o certo?

  • Qual a máscara que traz maior impacto de respirabilidade (desconforto) para o usuário?

  • O que o uso incorreto da máscara pode prejudicar??

  • Usar duas máscaras de vez (seja ela qual for o modelo) pode dar mais proteção?

  • Quais máscaras são laváveis e por quanto tempo devem ser usadas?


Rede sociai de Lorena Chaves: Instagram


Revisão ortográfica: Anne Preste


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