Os Medicamentos contra a Covid-19


As vacinas estão um passo à frente na prevenção da Covid-19, mas as buscas para um tratamento definitivo dos pacientes infectados ainda não encontraram uma solução definitiva.


Sonia Okita

30.11.2021

Foto: Freepik

Com resultados promissores, surgem dois novos medicamentos que agem diretamente contra o vírus da Covid-19 para preencher a lacuna entre pessoas infectadas e um tratamento efetivo. Os fabricantes esperam a autorização das agências de saúde de diversos países, inclusive o Brasil, para testes de uso emergencial.

O comprimido antiviral Molnupiravir, com nome comercial Lagevrio, foi desenvolvido e fabricado pela farmacêutica norte-americana Merck Sharpe & Dohme, presente em diversos países pelo mundo.

O Paxlovid é outro comprimido antiviral fabricado pela multinacional Pfizer, nos Estados Unidos. O fabricante anunciou que realizará a concessão da patente para os países pobres produzirem o genérico, com baixo custo para tratamento. O Brasil não está incluído neste grupo.

Até o momento, os tratamentos alternativos se concentram em reforço da imunidade contra o vírus e os modulares da resposta imunológica.

Principais tratamentos e medicamentos contra Covid-19

fonte AFP/NIH guidelines/medicalnewstoday.com

O Molnupiravir e o Paxlovid são os medicamentos antivirais lançados recentemente. Ambos são comprimidos administrados via oral, indicados para casos leves no início dos sintomas, efetivos para que a doença não evolua para caso grave e morte. O mecanismo de ação destes dois medicamentos interrompe a replicação do vírus, são drogas que atuam diretamente na multiplicação viral nas células humanas impedindo a propagação, principalmente nas vias aéreas respiratórias. A grande vantagem é que estes comprimidos podem ser usados em domicílio, fora do ambiente hospitalar, na dose de 3 comprimidos por dia, durante 5 dias.

O tratamento com imunobiológicos para reforços da imunidade é usado em pacientes infectados internados, e emprega a aplicação injetável de um coquetel de anticorpos monoclonais, que são proteínas produzidas artificialmente em laboratório usando biotecnologia avançada, já amplamente usada para tratar alguns tipos de câncer. Os anticorpos monoclonais tem um alvo específico que os torna muito eficientes contra o vírus, sendo recomendados pela Organização Mundial de Saúde para pacientes com alto risco de agravamento e morte. Os mais usados são REGN-Cov que é uma combinação do casirivimab e indevimab, distribuídos na Europa, e o RONAPREVE, ambos de fabricação da farmacêutica suíça Roche, em parceria com a empresa Regeneron, para distribuição nos Estados Unidos. Ainda do Reino Unido, O AZD 7442, mostrou resultados promissores para evitar risco de infecção por um longo período após a injeção. Trata-se de uma combinação dos anticorpos em estudo pela Astra Zeneca, o tixagevimab e cilgavimab, que se mostrou muito eficaz se usado como coadjuvante das vacinas contra a Covid-19, prolongando o efeito imunológico.

Os moduladores da resposta imunológica são usados como protocolo desde o início da pandemia nos pacientes infectados para diminuir a intensa reação das citocinas, proteínas que regulam a resposta imunológica no corpo humano. A dexametasona e a hidrocortisona agem como potentes anti-inflamatórios comumente utilizados no tratamento de alergias crônicas como asma e artrite reumatoide. São derivados sintéticos do cortisol, hormônio natural produzido pelas glândulas supra renais, com importante função regulatória do metabolismo funcional do corpo humano. Além destes, em julho de 2021 foram aprovados para uso no Reino Unido, os anticorpos monoclonais Tocilizumabe e o Sarilumabe, que são anti-inflamatórios para artrite reumatoide, para tratar também os infectados pelo coronavírus.

Não há nenhuma semelhança entre os medicamentos antivirais com a ivermectina e hidroxicloroquina

É extremamente importante salientar que não há correlação nenhuma entre estes novos medicamentos e a hidroxicloroquina e ivermectina, estas duas últimas causando polêmica e desinformação pelo uso sem validade científica. As notícias falsas de que seriam os antiparasitários repaginados, o Molnupiravir é quimicamente diferente e o mecanismo de ação bem distinto, além de não haver nenhuma evidência científica da eficácia da ivermectina para a Covid-19. Houve uma tentativa de confundir o público já que a Merck é fabricante destes dois medicamentos, justificando que haveria o interesse de lucrar mais pelo mesmo. A alegação é falsa, informou a Merck para a Agência France Presse.

Ainda que tanto a ivermectina como a hidroxicloroquina tenham algum efeito direto ou indireto e ativem o sistema imunológico em outras doenças infecciosas causadas por parasitas intestinais, malária e algumas doenças autoimunes, não servem de referência contra o vírus SARS-Cov-2 da Covid-19, e nem se sabe qual a dose adequada, provavelmente muito maior, que causaria sérios danos de sobrecarga no fígado.

As vacinas continuam sendo a ferramenta mais poderosa contra a Covid-19.

Muito embora os antivirais tenham trazido esperança para interromper a evolução da doença, os especialistas alertam que os tratamentos são complementares à vacinação, jamais substituirão.


Revisão: Anne Preste


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