Os índices de ansiedade e depressão dobram, principalmente, entre jovens durante a pandemia


Durante o período da quarentena, houve um aumento significativo nos números de pessoas diagnosticadas com ansiedade ou algum tipo de estresse. Os estudantes universitários aparentam ter sido um dos grupos mais afetados por essa “onda de ansiedade”.


Gabrielle Nascimento

25.08.2021

Foto de energepic.com no Pexels

A ansiedade é um sentimento comum que todos vivenciamos alguma vez na vida, especialmente quando temos um grande desafio a enfrentar. Isso demanda muito do nosso emocional e dependendo da frequência com que isso ocorre, pode nos trazer estresse. Mas há uma diferença entre ansiedade e estar ansioso.

Ao contrário do que muitos pensam, o sentimento passageiro da ansiedade difere do transtorno de ansiedade generalizada (TAG), uma doença psicológica muito séria que pode atingir qualquer pessoa de qualquer faixa etária. Quando a ansiedade é patológica, pode afetar muitos aspectos do nosso dia a dia. É uma série de sintomas tanto mentais como físicos, dentre eles a preocupação exagerada, nervosismo e/ou medo constantes, respiração ofegante, taquicardia, etc.

Marcado pela pandemia da COVID-19, o ano de 2020 registrou um aumento nos casos de ansiedade ou algum outro tipo de doença mental e isso preocupou os profissionais da área de saúde, como psicólogos e psiquiatras. O ano de 2021 não foi diferente. Segundo pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo (USP) em onze países, o Brasil lidera os casos de ansiedade e depressão. A pesquisa coletada apurou que 63% correspondem aos casos de ansiedade e 59% de depressão.

Em meio a crise que ainda estamos enfrentando, cada indivíduo pode ter uma reação diferente a essa situação; pode ficar mais vulnerável, psicologicamente falando. É um momento extremamente delicado e deve ser encarado com preocupação. Por consequência ao novo “normal”, a ansiedade e o estresse chegaram e realizaram morada na vida de estudantes universitários. A mudança brusca trouxe adaptações necessárias, como as aulas à distância, e geralmente, isso vem trazendo uma sobrecarga tanto aos estudantes quanto aos professores.

Diante disso, tive a oportunidade de conversar com a psicóloga Vanessa Viana para entender melhor como cuidar das nossas emoções durante o período de isolamento e as dicas para controlar a ansiedade, visando sempre uma qualidade de vida melhor.

Segundo Vanessa Viana, formada em psicologia pela universidade Bandeirante e especializada em Arteterapia e Gestão de Pessoas, temos que encontrar maneiras de mantermos o contato com as pessoas próximas a nós, mesmo que virtualmente. É importante ter uma rotina diária para não nos sentirmos desnorteados, nem sobrecarregados, para isso é indicado ter agendas separadas para vida pessoal, profissional e/ou acadêmica, essa rotina deve incluir intervalos regulares, atividades físicas e alimentação balanceada, evitando alimentos estimulantes que podem nos deixar ansiosos, como o açúcar.

A psicóloga afirma que o bombardeio de informações que recebemos tanto na TV como na internet também pode aumentar o sentimento de exaustão mental. Segundo ela, nós não conseguimos processar a quantidade de informações que recebemos, nos deixando fissurados em procurar notícias sobre o assunto, o que acaba tendo um agravamento no caso. “Se você perceber que chegou ao seu limite, realize uma pausa e desligue um pouco do mundo externo. Não no sentido de se isolar, mas no sentido de não dar tanto foco para esse tipo de informação. Temos que nos manter informados, mas não excessivamente informados”, comenta a doutora.

Perguntada se a meditação é uma aliada durante esse período caótico, a especialista explica que a meditação pode nos ajudar a silenciar o barulho do mundo externo e ajudar a entrar em contato com nós mesmos; pode nos deixar menos ansiosos ou agitados.

Foto arquivo pessoal Vanessa Viana.

É aconselhável que no momento da meditação você esteja em um ambiente tranquilo e silencioso. Sempre prestando atenção na respiração, focando no aqui e agora e evitando se prender a um pensamento – seja ele bom ou ruim. “Isso ajuda você a passar uma mensagem para o seu corpo de que está tudo bem, que te prepara para um momento a sós de meditação”, explica Vanessa.

A dica deixada pela profissional para esse momento de incertezas é que o distanciamento social não precisa ser um distanciamento afetivo, você pode e deve manter-se em contato com pessoas que te fortaleçam e te façam bem. Para os estudantes, ela aconselha que eles continuem seguindo uma rotina de estudos e, sempre que possível, realizar um relaxamento antes de começar a aula; tirar um tempo para descansar e procurar sempre estar em contato com os amigos. Também comenta ser interessante escrever sobre os nossos sentimentos e emoções. Escrever é terapêutico. Se tiver uma pessoa de confiança, é essencial que fale sobre seus pensamentos e busque ajuda profissional. “Fortaleça todas as áreas da sua vida, espiritual, social, psicológica. Somos seres completos, nós precisamos de cuidados em todas essas áreas. É importante que você não ignore os seus sintomas, mas busque ajuda”.

Para mais conteúdos e dicas da psicóloga Vanessa Viana, siga o seu perfil profissional no Instagram

Fonte:

CNN Brasil Saúde


Revisão ortográfica: Anne Preste


Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade exclusiva de seus autores e pode não ser necessariamente a opinião do Cidadão e Repórter.Sua publicação têm o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.