Criadores de conteúdo tiveram que se readaptar durante a pandemia


Devido a quarentena, o número de digital creators que tiveram que mudar os temas abordados subiu para 63,2%, segundo pesquisa da Squid.


Matheus Torres

08.07.2021
Pesquisa revela que 81% dos influencers afirmaram ter publicado algum tipo de conteúdo relacionado à pandemia.Fonte: Adobe Stock

Devido à pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas modificaram a forma de se comunicar. Com o aumento das mídias sociais em 40% de audiência, quem viu oportunidades de gerar crescimento foram os criadores de conteúdo, mais conhecidos popularmente como digital creator ou digitais influencers.

Para suprir a necessidade de informação ao público, diversos digitais influencers promoveram conteúdos de entretenimento e cultura, como lives, challenges, stories interativos e outros formatos disponíveis em vídeo para interagirem com o público. Interação essa que beneficiou e muito para o aumento no engajamento dos criadores e, consequentemente, em marcas de lojas e serviços especializados, que usaram a criatividade e interatividade dos creators para se aproximar com o cliente além de alavancar o número de visualizações.

Mas como nem tudo é um mar de rosas, os criadores de conteúdo tiveram que passar por uma readaptação no tema dos conteúdos que estavam sendo publicados nas plataformas sociais. Isso aconteceu devido à necessidade de alterar a forma do que estava sendo comunicado.

De acordo com uma pesquisa realizada entre a Squid e F.biz com mais de 1600 criadores, 63,2% alegaram que mudaram os temas abordados e começaram a falar de assuntos como saúde (14,9%), entretenimento (13,7%) e alimentação (12,2%). A pesquisa ainda revela que aproximadamente 16% dos criadores deixaram de postar conteúdos por se tratar de assuntos delicados e não gerar reação negativa com o público. Viagens (44%), eventos (35%) e compras (14%) foram os assuntos considerados mais sensíveis por conta do exorbitante número de vidas perdidas pela covid-19.

Em entrevista para o Cidadão e Repórter, a digital creator Melissa Vitória de 16 anos admitiu que houve uma readaptação na maneira de interagir com o público, mas conseguiu se sobressair ao fazer postagens com uma mensagem de identificação aos seguidores. “Produzir fotos mais caseiras e trazer um conteúdo que as pessoas se identificassem foi a forma mais viável para meu engajamento”, afirmou Melissa.

Desde cedo, Melissa teve uma participação ativa nas redes sociais, principalmente no Facebook, que na época, estava em ascensão nas mídias digitais, com publicações de vídeos com variados temas, desde as clássicas dancinhas e maquiagens até a rotina do cotidiano. Ao ser perguntada sobre qual foi o maior obstáculo criado pela pandemia nas redes sociais e no engajamento, Melissa respondeu positivamente que houve uma diversificação e um aumento torrencial no número de seguidores. “Meu público e a visibilidade do perfil aumentou bastante! Existe mais visibilidade, pois as pessoas ficam mais tempo no celular em decorrência do isolamento.”

Fonte: Arquivo Pessoal / Melissa Vitória

Segundo pesquisa realizada pela Kepios, consultoria de marketing digital, mais de 450 milhões de pessoas começaram a utilizar redes sociais no último ano, sendo que em cada segundo, 14 pessoas iniciam o uso pela primeira vez. Ainda com a pesquisa, mais de 180 milhões de pessoas usaram alguma rede social entre julho e setembro do ano passado, um crescimento de 2 milhões de usuários por dia em relação ao trimestre anterior.

A empreendedora e especialista em marketing digital Danielle Calabria conta que esse número alarmante se deu devido ao isolamento e para sanar o descontentamento de não ter praticamente nada para fazer em casa. “Creio que esse crescimento nas redes sociais se deu devido à necessidade das pessoas em buscar maneiras de “matar o tédio” e de compartilhar o dia a dia delas, visto que não puderam se encontrar”, declarou.

Danielle se põe como exemplo ao relatar sua experiência nas redes sociais, mostrando ser possível se reinventar em um momento importante onde as mídias sociais foram as portas da oportunidade para o crescimento e na forma de lucro em vendas e propagandas. “Muitas pessoas se reinventaram, seja para o entretenimento, seja para o seu próprio negócio, assim como eu fiz. Vi as redes sociais como portas de crescimento para divulgar e me destacar, compartilhando meu conteúdo e criando uma conexão com meus seguidores”, conta Danielle.

Quem também não ficou de fora disso foi a jornalista e cheerleader do Palmeiras Gabriele Molina de 24 anos, que já é mais experiente no assunto de criação de conteúdo digital. Com dois anos nas redes sociais, conseguiu mais de 26 mil seguidores no Instagram e quase 8 mil inscritos no canal do Youtube, dividindo com seu público o dia a dia e o amor pelo time do coração. E foi exatamente nesse nicho que a creator sentiu um impacto maior e onde uma mudança foi exigida. “No YouTube, que foi onde eu senti mais esse impacto, eu precisava o tempo todo fazer pesquisas, olhar para história do Palmeiras, buscar curiosidades, coisas que rendessem assunto para os vídeos, tanto que só depois que os jogos voltaram que meu público começou a melhorar” destacou Gabriele.

Em contrapartida, a palestrina obteve bons resultados no Instagram, fruto do esforço e pelo tempo livre dedicado aos seguidores para levar o melhor conteúdo possível. “Meus seguidores do Instagram aumentaram bastante, até porque comecei a me dedicar mais e ter mais tempo para pensar nesses conteúdos”, concluiu.

Fonte: Instagram / Gabriele Molina

Em levantamento realizado pelo portal CupomValido em parceria com o Statista, no Brasil, a rede social mais acessada nos últimos meses foi o Facebook, com 51%, seguida pelo Instagram com 14%. Twitter e Pinterest ficaram respectivamente com 13% e 12%. Além disso, o usuário brasileiro passa utilizando as redes sociais por mais de três horas diárias, tempo 55% maior da média mundial, que é de 145 minutos por dia.

Outra saída para engajamento foi o Tik Tok, aplicativo que virou febre e já é considerado um grande fenômeno em 2021. Para se ter uma noção, de acordo com pesquisas feitas pelo App Annie, plataforma de dados e análise móvel, o aplicativo teve mais de 961 milhões de downloads entre janeiro e dezembro de 2020, e se tornou o mais instalado no primeiro trimestre deste ano.

Quem está realizando um bom proveito do app é a digital creator Byanca Melo de 21 anos que, atualmente, possui mais de 18 mil seguidores no Instagram e quase 62 mil inscritos no YouTube. Para ela, o Tik Tok é um dos mais queridos do público, além de ter um alvo melhor para conquistar mais pessoas, porém, a preferência é pelo Instagram, já que consegue se desenvolver melhor nele. “Ainda sou muito do Instagram, acredito que nele consigo ser mais eu, mostrar mais do meu dia a dia nos stories, mas o Tik Tok está muito em ascensão e por ser algo “novo” é mais fácil de atrair o público” relatou.

Para continuar mantendo os conteúdos sempre em alta, Byanca contou que estudou bastante para criar mais conteúdos diferenciados e, mesmo com a dificuldade de se readaptar, atingiu um número maior de seguidores e de aproximação do público. Além disso, compartilhou conhecimento para ajudar outras pessoas a se cuidarem durante esse momento pandêmico. “Uso a minha influência para incentivar as pessoas a se cuidarem, cuidarem dos familiares, lidei com isso estudando e trazendo mais estratégias para o meu trabalho”, acrescentou.

Fonte: Arquivo Pessoal / Byanca Melo

As redes sociais dos entrevistados são:


Melissa Vitória:

Facebook

Instagram


Danielle Calabria:

Instagram


Gabriele Molina:

Instagram

YouTube - Palestrina de Arquibancada


Byanca Melo:

Instagram

YouTube


Revisão ortográfica: Anne Preste


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