A nova preocupação mundial: Ômicron


De acordo com a OMS, Nova variante representa um risco global “muito elevado”.


Flávia Araújo

04.12.2021

Crédito: BlackJack3D/istock

O mundo está em alerta desde o dia 24 de Novembro por causa de uma nova variante do vírus SARS-CoV-2 denominada “Omicron” (B.1.1529). Os primeiros casos foram relatados na África do Sul. E de acordo com a organização mundial de saúde (OMS), a nova cepa trata-se de uma “variante de preocupação”.

Porém, a médica Angélique Coetzee, presidente da associação médica da África do Sul, que foi quem identificou a variante pela primeira vez, disse que os pacientes infectados até o momento mostram sintomas “extremamente leves”, como: cansaço, dores musculares, tosse seca e coceira na garganta. A maioria são homens com menos de 40 anos e quase metade estava vacinada.

Em entrevista ao jornal britânico “The Telegraph”, a médica falou que avisou o caso à OMS depois de observar os mesmos sintomas em pacientes de uma mesma família de 4 pessoas. E que essa variante parece infectar pessoas mais jovens.

Médica Angélique Coetzee imagem: Screengrab

Então por que essa nova cepa está causando tanta preocupação?

Por causa da sua facilidade de transmissão e retransmissão. E, principalmente, pelo seu alto número de mutações. Cerca de 50, sendo 32 na proteína Spike (S), que inicia a infecção através de uma conexão com as células humanas. Em comparação a Delta por exemplo, Ômicron tem três vezes mais mutações.

Todas as vacinas disponíveis são eficazes no caso das variantes Alfa, Beta, Gama e Delta, e todos os laboratórios (Pfizer/BioNTech/, Sputnik, Moderna, Novavax, Oxford/AstraZeneca, Johnson & Johnson) se manifestaram e a maioria deles já começaram a trabalhar contra a nova cepa.

A Pfizer/BioNTech e a Oxford/AstraZenec por exemplo, afirmaram que garantem a proteção em casos graves da Ômicron. A Sputnik informou que a sua vacina também é eficaz contra a nova variante, a Novavax já está em laboratório criando uma nova fórmula. E a Moderna está oferecendo uma terceira dose de reforço.

O pesquisador Adrien Puren, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD), informou a agência Reuters, que em duas semanas os cientistas devem saber até que ponto a nova variante pode escapar da imunidade gerada por vacinas ou infecções anteriores e se leva a piores sintomas clínicos.

Início da nova cepa

Crédito: Reprodução/Getty Imagens

Acredita-se que a baixa imunização no território africano pode ser a resposta para o aparecimento dessa variante, pois apenas 24% da população está totalmente vacinada. Vários países se posicionaram na doação de vacinas como a China, por exemplo, que pretende ajudar com 1 bilhão de doses.

Em entrevista a CNN, a codiretora da Aliança Africana para a distribuição de vacinas, Ayode Alakija afirmou que "O surgimento dessa variante foi inevitável. Isso ocorreu devido à falta de vacinação e ao acúmulo de vacinas pelos países desenvolvidos".

Ayode disse que a África foi negligenciada na vacinação contra o Covid-19. Ela acredita ainda que houve diferença de divulgação em relação aos casos iniciais do Ômicron. Pois no caso do covid-19, quando atribuiu-se a culpa a China, não houve uma restrição tão extrema como aconteceu com o seu país. E que também surgiram casos iniciais do Ômicron em outros lugares e que não estão sendo citados.

As fronteiras foram fechadas para 6 países Africanos: Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse o seguinte: “Apelamos a todas as nações que fizeram restrições que revertam imediatamente as suas decisões. Essas medidas irão prejudicar ainda mais as economias dos países que foram afetados e nos impedirá de ter uma recuperação”.

Casos de Ômicron pelo mundo

Crédito: Reprodução/Pixabay

Cerca de 16 países já apresentam casos de infecção pela Ômicron. São eles: Botsuana, África do Sul, Hong Kong, Israel, Bélgica, Inglaterra, Escócia, Alemanha, Itália, Holanda, Dinamarca, Portugal, Espanha, Suécia, Austrália, Canadá. No Brasil, foram identificados pela Anvisa, em São Paulo, três infectados que regressaram da África do Sul e da Etiópia: dois homens, um de 29 e outro de 41 anos, e uma mulher de 37 anos. E, no Distrito Federal, há dois casos confirmados.


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