Superqualificado e... descartado


"Superqualificado" é o código corporativo para "muito velho", "muito caro" ou "muito sem imaginação". E, provavelmente, “descartado” nos processos de recrutamento.


Silvia Triboni

11.06.2021
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

"Superqualificado" é o código corporativo para "muito velho", "muito caro" ou "muito sem imaginação". E, provavelmente, “descartado” nos processos de recrutamento.

É uma afirmação chocante que, entretanto, vem nos levando a profundas reflexões e grandes desafios caso precise enfrentar situações em que nos coloque diante destas “provocações”.

Quem aborda muito bem esta questão em seu site Wisdom Well é Chip Conley, que para além de confirmar a existência desse preconceito, oferece orientações aos candidatos maturis [1] para como se saírem bem ante tal afirmação.

Quem é Chip Conley

Chip Conley é um raro e criativo empreendedor norte-americano e autor de best-sellers do New York Times, Aos 26 anos, ele fundou a Joie de Vivre Hospitality (JdV), tendo transformado um motel na segunda maior marca de hotéis boutique da América do Norte. Após dirigir a JdV por 24 anos, foi procurado pelos jovens fundadores da Airbnb para que o ajudassem a transformar sua promissora startup na marca de hospitalidade líder mundial.

Chip atuou como Chefe de Hospitalidade de Estratégia Global do Airbnb por quatro anos e hoje atua como Consultor Estratégico de Hospitalidade e Liderança da empresa.

Inspirado no trabalho dos famosos psicólogos Maslow e Frankl, os livros de Chip, "PEAK" e "Emotional Equations" compartilham suas teorias sobre transformação e significado nos negócios e na vida. Seu livro, "Wisdom @ Work: The Making of a Modern Elder", foi inspirado por suas experiências pós-50 anos como mentor e estagiário inesperado no Airbnb. (Leia o artigo que escrevi sobre a Hierarquia das Necessidades segundo a sua década de vida, baseado em Conley.)

Fundou a Modern Elder Academy (MEA), a primeira escola de sabedoria para maturis do mundo, localizada no México e nos EUA.

“MEA oferece um ambiente para as pessoas reinventarem a meia-idade como um momento de aprendizagem, crescimento e transformação positiva por meio de workshops imersivos e licenças sabáticas.”

Como eu devo agir para não ser tratado como superqualificado … e descartado posteriormente

Em sua publicação intitulada “Overqualified...Under-appreciated” Chip afirma que na maioria das vezes estas “pressuposições” colocadas em processos de recrutamento se relacionam com a idade.

Em sua opinião, diz ele que, em primeiro lugar, “É o candidato a emprego, e não a empresa, que precisa determinar se ele é superqualificado, ou não.” e adiciona:

“O fato é que a maioria das empresas deveria querer alguém superqualificado, especialmente se esse talento tiver um preço justo.”

Além disso, diz ele, “É o candidato a emprego, e não a empresa, que precisa determinar se ele é superqualificado, ou não.”

Em seu livro Wisdom@Work, Chip Conley detalha uma variedade de mitos ou estereótipos sobre maturis[2] no trabalho, além de inúmeros insights e sugestões para nos ajudar a sermos um Modern Elder.

Para sabermos o que dizer a um entrevistador que nos chame de “superqualificado”, Chip nos traz algumas orientações vindas de um recrutador de executivos amigo seu:

Três atitudes a tomar em uma entrevista se ouvir a palavra "superqualificado”

"1. Em primeiro lugar, se você conseguir uma entrevista em pessoa, ou por vídeo, (já tendo passado por alguns dos filtros relacionados à idade), mostre-se apaixonadamente interessado na vaga e com muita curiosidade. Como o recrutador me disse, esse tipo de energia é atemporal e eterna, ou como ele disse: "Eles não vão necessariamente notar suas rugas porque ficarão muito impressionados com sua energia e paixão."

2. Se eles disserem, ou sugerirem, que você possa ser "superqualificado", considere se isso está correto e se este trabalho específico é mesmo o que você quer.

Por outro lado, se você está simplesmente procurando “estar dentro desta empresa”, deixe isso claro para os recrutadores. Resumindo, gerencie as expectativas.

3. Considere dizer o seguinte, sem ser muito arrogante ou confrontador:

"Não acho que eu seja superqualificado, mas eu poderia ser subestimado."

Eu sou o que eles chamam de "modern elder" alguém tão curioso quanto sábio, e posso oferecer uma "produtividade invisível" o que significa tornar melhor as pessoas ao meu redor.

Além disso, conforme evidenciado no estudo do Google’s Project Aristotles, a variável mais comum das equipes mais bem-sucedidas é a “segurança psicológica” e, devido a nossa Inteligência Emocional ser crescente ao longo de nossa carreira, trabalhadores mais velhos como eu são adequados para criar equipes muito eficazes.”

Chip ainda alerta: “Claro, você vai parafrasear e tornar a linguagem sua, e não tenha medo de falar a sua verdade.”

Projeto Aristóteles da Google

Imagem disponivel na internet

Chip Conley menciona em seu artigo o Google’s Project Aristotles, um estudo realizado por seus pesquisadores para descobrir os segredos de equipes eficazes na Google.

Chamado de Projeto Aristóteles, um tributo à citação de Aristóteles, "o todo é maior do que a soma de suas partes" (já que os pesquisadores da Google acreditam que os funcionários podem trabalhar mais e melhor juntos do que sozinhos), o objetivo desse projeto era responder à pergunta: “O que torna uma equipe eficaz no Google? "

Para saber mais do Projeto Aristóteles citado por Conley veja aqui.

Não deixe de ler o livro "Wisdom @ Work: The Making of a Modern Elder", e acompanhar as publicações de Chip Conley subscrevendo a Wisdom Well que recomendo, pois sempre traz insumos muito positivos para a construção de uma longevidade ativa.

Você pode se interessar também por este tema baseado em Conley: Relevância substitui a Reverência.


Revisão ortográfica: Anne Preste


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