VIVER BEM ‣ Longevidade

O avanço da idade traz muitos declínios biológicos para o organismo do ser humano. Entretanto, com o envelhecimento, o organismo da mulher vivencia uma situação muito particular, em função da interrupção da atividade ovariana. A natureza foi sábia em não exigir de uma mulher com idade avançada as demandas de uma gestação, portanto, em torno de 45 a 55 anos ocorre o fim da atividade reprodutora, e as mulheres entram na menopausa.

Uma das funções dos ovários é secretar os hormônios reprodutivos femininos: estrogênio e progesterona. Quando a mulher entra na menopausa, os ovários param de secretar esses hormônios. A Ciência vem demonstrando nos últimos anos que os hormônios estrogênios exercem funções em muitos outros locais do organismo, e não apenas relacionadas à reprodução.

Estudos em humanos e animais relacionam os baixos níveis de estrogênio ao aumento de gordura corporal, inflamação sistêmica de baixo grau, estresse oxidativo (aumento dos prejuízos causados pelos radicais livres), e complicações metabólicas como dislipidemia, esteatose hepática, disfunção endotelial (associada ao aumento de pressão arterial), entre outros. Estudos clínicos demonstram que a menopausa, por si só, aumenta a severidade e a incidência da síndrome metabólica (doença conhecida por associar diabetes, hipertensão e obesidade), levando a um aumento de mortalidade por doenças cardiovasculares em mulheres menopausadas. De fato, a doença cardiovascular é a maior causa de morte em mulheres menopausadas, causando mais óbitos do que até mesmo o câncer.

O aumento de peso corporal que ocorre após a menopausa contribui para o agravamento dos fatores de risco nessa fase da vida da mulher. O acúmulo de gordura corporal pode ser definido como sobrepeso, quando o índice de massa corporal (IMC) fica entre 25 a 30km/m2; obesidade, quando o IMC é igual ou maior a 30kg/m2; ou obesidade mórbida (IMC > 40kg/m2). Reduzir a quantidade de gordura corporal é um dos principais caminhos para reduzir os perigos para a mulher menopausada.

Dois métodos são comprovadamente eficazes para redução de gordura corporal: educação alimentar e exercício físico. O exercício físico aumenta o gasto energético e ajuda a reduzir o tecido adiposo. O exercício aeróbico (por exemplo: pedalar, correr, nadar, etc.) é um tipo de exercício em que a intensidade permite às células musculares utilizarem oxigênio nas reações químicas para produzir energia para a contração muscular. Durante o exercício aeróbio, na presença de oxigênio, as moléculas de gordura acabam sendo utilizadas nas reações químicas das células para produção de energia para o músculo se contrair. Com isso, as reservas de gordura corporal diminuem.

Por outro lado, o exercício anaeróbio (por exemplo: levantamento de peso, musculação com cargas “pesadas”) é aquele onde a intensidade é alta, e a necessidade de energia para a célula realizar a contração muscular é muito urgente, então não dá tempo de ocorrer reação química com oxigênio para produzir energia, e as células acabam usando meios de produzir energia sem oxigênio (por isso o nome anaeróbio). Mas a molécula de gordura não serve como fonte de energia em reações sem oxigênio, portanto, por muito tempo, acreditava-se que o exercício anaeróbio não era efetivo para perda de peso. Atualmente, sabe-se que, apesar de o tecido adiposo não ser “queimado” durante o exercício anaeróbico, a recuperação do organismo após o exercício de alta intensidade envolve a depleção de moléculas de gordura. Dessa forma, as reservas de gordura corporal também diminuem.

Outra estratégia utilizada para controlar os fatores de risco cardiometabólicos após a menopausa é a terapia de reposição hormonal (TRH). De fato, a TRH pode contribuir para atenuar vários componentes da síndrome metabólica. Mas não consegue restaurar completamente essas disfunções. Estudos comparando a efetividade da TRH sem exercício vs. com exercício demonstra que para obter os melhores benefícios para a saúde, o exercício físico deve ser recomendado como coadjuvante da TRH.

Com a pandemia, são muitos os relatos de pessoas que registraram aumento de peso corporal. O isolamento social, necessário para evitar o “espalhamento” do vírus, obrigou a maioria das pessoas a ficar em casa, reduzindo drasticamente a quantidade de atividade física realizada na sua rotina. Além disso, diante das privações de lazer impostas pelo isolamento social, as refeições tornaram-se o “lazer” de muitas pessoas, que acabaram mudando seus hábitos alimentares, escolhendo alimentos mais “prazerosos”, ou seja, aqueles com maior quantidade calórica. Observação: ao longo da evolução do homem, a sobrevivência ensinou que alimentos ricos em gorduras eram mais prazerosos, já que aumentavam a chance dos nossos ancestrais terem “reservas” energéticas em tempos de escassez de alimentos.

A boa notícia é que as estratégias que as pessoas utilizaram para realizar atividade física na pandemia funcionaram! Os resultados dos estudos sobre os efeitos da atividade física praticada em aulas pela internet, ou sobre o aumento nos níveis de caminhada que algumas pessoas conseguiram fazer em suas residências, ou até mesmo sobre as subidas/descidas pela escada que os moradores de prédio fizeram… tudo isso comprovadamente é capaz de trazer benefícios para o corpo humano.

Agora que você já sabe aprendeu sobre as alterações que ocorrem no corpo da mulher após a menopausa, e como o exercício físico pode contribuir para tratar esses fatores de risco, faça uma videochamada com seu personal trainer para se exercitar, ou suba alguns andares do seu prédio pela escada! Enquanto a vacinação avança e o isolamento social diminui, realize caminhadas na rua, frequente os parques do seu bairro, reúna os amigos para atividades ao ar livre! Encontre atividades que te tragam prazer e fuja dos perigos do sedentarismo!

Referências:

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Revisão ortográfica: Anne Preste