XIV Fórum da Longevidade

por João Aranha

08.12.2019

Leia a opinião de especialistas

Transmitido ao vivo pela plataforma UOL, ocorreu em 12 de novembro de 2019 mais uma edição do Fórum da Longevidade patrocinado pelo Grupo Bradesco Seguros.

O Grupo mantém o portal Viva a Longevidade que realiza pesquisa e estudos sobre o que considera os quatro pilares da longevidade: Bem-estar, Conhecimento, Convivência e Finanças.

Vejamos o que disseram os palestrantes brasileiros e estrangeiros:

Karla Giacomin - Médica especialista em saúde pública e coordenadora da atenção à saúde do idoso

“Hoje sabemos que nós nunca deixamos de fazer conexões cognitivas, e que nosso cérebro é capaz de aprender e de crescer em qualquer idade." (sobre a necessidade de manter o cérebro ativo)

"O exercício mexe com todos os mecanismos favoráveis ao aprendizado: melhora a oxigenação e a circulação sanguínea, estimula o desenvolvimento de novos neurônios e cansa o corpo, que dorme melhor." "É preciso escolher uma atividade que dê prazer, não só porque o prazer favorece a adesão à prática, mas também porque deixa a gente mais feliz, até do ponto de vista químico. " (sobre a prática de atividades físicas)

Renato Meirelles – Presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva

"Cerca de 80% dos entrevistados com até 49 anos imaginam que, na aposentadoria, terão uma condição financeira mais confortável do que a que têm hoje. No entanto, 72% dos participantes acima dos 50 anos acreditam ter hoje uma condição menos confortável.”

Marcos Silvestre – economista

“Nunca é tarde para começar, e é preciso buscar informação constantemente, para ir ajustando as contas. A gente tende a subestimar o quanto precisa de reserva para uma aposentadoria.”

Alexandre Kalache – Médico e Gerontólogo – consultor do Grupo Bradesco Seguros

“Quem chega aos 50 ou 60 anos sem sustentabilidade financeira vai encarar um mercado de trabalho cada vez mais acirrado. Quem não investir na própria saúde e não tiver conhecimentos nessa era de explosão de tecnologia, como estamos vivendo, não será empregável. E isso terá repercussão para o desempregado, para a família, para a comunidade e para quem recebe os impostos que seriam gerados caso essa pessoa estivesse ativa. É preciso ser aprendiz ao longo da vida, aprender a aprender sempre.”

Alessia Forti – Economista da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

“As profissões e ocupações estão mudando muito rápido. Daqui a alguns anos, 14% dos empregos vão desaparecer por conta da automação e 32% deles terão suas características modificadas. As pessoas estão sendo confrontadas com novas tecnologias no trabalho e precisam estar preparadas para elas.”

De acordo com a OCDE, há três áreas de ação principais para mudar esse cenário:

Aprendizado e Treinamento

Assegurar oportunidades de aprendizado e treinamento de pessoas mais velhas, provendo incentivos financeiros, cursos gratuitos, dedução de taxas e subsídios.

Incentivos Fiscais

Oferecer incentivos fiscais também para as empresas que estiverem abertas a treinar e a contratar profissionais maduros. "Vários países estão implementando subsídios e redução de taxas e impostos para empresas com foco em capacitação, contratação e extensão do tempo de carreira de funcionários de meia-idade", diz Alessia.

Reconhecimento

Reconhecer e valorizar a experiência adquirida por esses profissionais, por meio de certificados. "São pessoas que muitas vezes não têm a qualificação formal, mas adquiriram habilidades por meio de sua experiência no trabalho. Um sistema de reconhecimento seria particularmente importante nesses casos."

“Além de incentivos fiscais a empresas, também é preciso ressaltar para os empregadores as vantagens de absorver essa parcela de profissionais.”

Tim Driver – Criador do Retirement Jobs– Primeira plataforma de relocação de profissionais acima de 50 anos

"Estamos tentando romper o estigma relacionado à idade, mostrando o valor dos trabalhadores mais velhos e o tanto que eles podem acrescentar às empresas por oferecerem algo que os jovens não têm: experiência.” Outra vantagem ressaltada por Tim, que já recolocou mais de 200 mil pessoas acima de 50 anos no mercado de trabalho norte-americano, é o baixo turnover dessa faixa etária: cerca de um terço da rotatividade.

Christine O’Kelly – iniciadora do projeto Universidade Amiga do Idoso Dublin – Irlanda

Quando iniciou o projeto Universidade Amiga do Idoso, em 2012, na Dublin City University, na Irlanda, a educadora Christine O'Kelly se deparou com reações inesperadas: “Apesar da curiosidade dos mais velhos pela universidade, poucos se sentiam no direito de usufruí-la. Muitos tiveram experiências educacionais ruins, outros achavam que não eram bons o suficiente para entrar na universidade. Havia ainda os que acreditavam não ter nada a contribuir, e até quem tivesse medo do que os amigos e familiares iriam pensar. Foi preciso mudar essa mentalidade e mostrar que eles tinham muito a acrescentar ao ambiente acadêmico. Uma prova dessa contribuição é o fato de que os jovens continuam a fazer mentoria dos alunos mais velhos mesmo quando não há créditos estudantis em troca. Além disso, os alunos mais velhos ajudam a desafiar os estereótipos.”

Hoje, a Universidade Amiga do Idoso conta com mais de 800 participantes, que podem fazer módulos como ouvintes ou criar um programa customizado para receber o crédito. O programa atende cerca de dois mil alunos por ano e já migrou para mais de 50 universidades espalhadas pela Europa, América do Norte e Sudeste Asiático.

Gil Sant’Anna – Especialista em aprendizagem cognitiva e emocional

“Há estudos que comprovam que a meditação reduz os níveis de estresse e de depressão e auxilia no tratamento de doenças como demência e Alzheimer, além de ser uma ótima ferramenta para aumentar o foco e a concentração.” “Outra vantagem é que, como ativa o sistema parassimpático, o praticante fica mais calmo e relaxado, o que ajuda a baixar os batimentos cardíacos e a pressão arterial.” (a respeito da prática do mindfulness).


Pesquisa de imagens: Eduardo Mendes