A criatividade nos faz humanos

por João Aranha

04.09.2019

Convidado para dar uma palestra na universidade de Harvard - em 1936, por ocasião das comemorações dos seus 300 anos – o psiquiatra e pensador suíço Carl Gustav Jung propôs que haveria cinco fatores que determinam o comportamento humano.

Seriam eles a fome, a sexualidade, a predisposição à atividade, a reflexão e a criatividade.

Posteriormente Konrad Lorenz – austríaco ganhador do prêmio Nobel graças aos seus estudos sobre o comportamento dos animais – seguindo o mesmo raciocínio de Jung, chamou estes fatores de: nutrição, procriação, agressão a um inimigo vencível e fuga face ao perigo.

Como se observa, Jung e Lorenz são da mesma opinião – embora usem nomenclaturas diferentes – concordando que tanto os humanos como os animais, compartilham de quatro desses fatores relativos aos instintos básicos de sobrevivência, crescimento, perpetuação da espécie e reflexão.

A criatividade, portanto, seria o que caracteriza o ser humano.

Instintivamente, levado por um sentimento que dele se apodera, o homem descobre, cria e modifica tanto a si mesmo quanto ao mundo que o cerca.

Surgem então processos criativos, exprimindo e realizando novas ideias tanto no campo das artes quanto no das ciências e da espiritualidade.

Trata-se de olhar para o que todo mundo vê e pensar algo diferente; romper bloqueios; desafiar regras e ter persistência, intensidade e dedicação.

Segundo Freud as ideias criativas fazem parte de um processo primário de nossa psique, relativo à nossa parte inconsciente, acessada através de sonhos ou algumas psicoses e estados alterados da consciência.

No entanto, ideias criativas necessitam ser viabilizadas e ai entra o que Freud chamou de processo secundário, ou seja, aquele em que a mente está desperta, consciente e apta a fazer uso da lógica comum.

A junção dos processos primários e secundários – do emotivo que leva à imaginação e ao racional que leva à concretude – é que permite que o processo criativo aconteça e realize novas ideias.

Hoje o mundo não depende mais da existência de gênios isolados. Pesquisas, persistência e intensidade da dedicação ao trabalho, caracterizam os grupos criativos que inovam nas artes e na ciência.

Verdadeiros gênios são aqueles que promovem e favorecem a troca de informações e descobertas, num processo de cooperação, compartilhando seus conhecimentos com toda humanidade.

Pois, como dizia o escritor francês Victor Hugo “Pode-se resistir a exércitos, mas não a uma ideia cuja hora chegou”.