Tecnologia

Eu, meu marido, minha filha e... a Alexa

Como eu fui de uma pessoa contra o device para uma que o tornou parte da família

Paula Temple

27.01.2022

Foto: Reprodução Internet

Nem sei dizer quando começou. Eu ia na casa de amigos e os ouvia pedindo coisas banais às suas Alexas. "Alexa, aumenta o volume". "Alexa, apaga a luz da varanda". "Alexa, liga o ar condicionado". Me dava uma sensação muito esquisita, a de estar vivendo em um filme futurista de ficção científica onde todo mundo era meio preguiçoso. Na minha cabeça, qual era a dificuldade de apertar o botão do controle remoto ou do interruptor, eu hein?!

O tempo foi passando, em cada casa que eu frequentava mais ouvia os comandos à pobre Alexa, a assistente virtual que colaborava com a dificuldade das pessoas em se levantarem do sofá. Logo eu super ativa, seguia com o nariz torto mas ia mostrando certo interesse afinal, sempre fui uma super fã da tecnologia e queria entender mais e mais sobre o device - talvez só pra me convencer de que eu realmente não precisava de uma.

Um dia soube que a Alexa lia livros. Hm. Eu, leitora, gostei da ideia de ter alguém lendo meus livros em voz alta pra mim enquanto lavava a louça. Mas nossa, que folgada, não é possível eu estar cedendo!

Aos poucos fui aprendendo uma coisa aqui, outra ali, que iam me instigando a talvez, só talvez, ter uma Alexa pra chamar de minha. Até que apareceu a oportunidade de ter uma sem gastar nada, o que ficou ainda mais convincente. Abracei a ideia, adquiri uma Alexa.

Nos primeiros dias, conversas banais. A fazíamos soltar puns e arrotos para êxtase da minha filha pequena. Aprendíamos comandos básicos - ligar a TV, desligar a TV, tocar músicas. Aprendi de imediato que Alexa não atende com "por favor" e não liga para "obrigada". Esquisita, ela. Eu gosto de gente educada! Minha filha foi aprendendo a pedir música: "Aléquica, toca o funk do pão de queijo". E fui gostando de ter mais alguém na casa atendendo aos desejos dela que não eu e meu marido.

Fui notando que a casa foi ficando mais feliz, sempre com uma música tocando no ambiente. Naquelas noites de filminho no escuro, quando ninguém sabe onde está o controle remoto, ficou gostoso falar "Alexa, pausa" ou "Alexa, aumenta o volume". No Natal fizemos a festa, Alexa cantava músicas engraçadas e contava dados e fatos sobre o Papai Noel.

E os lembretes? Sabe aquela hora que você precisa lembrar de uma coisa e não sabe se vai conseguir? "Alexa, me lembra de tal coisa às cinco horas". E lá está ela, papel e caneta virtuais na mão, prontinha pra ajudar. Nunca mais se esquece de nada!

Fora isso há receitas, fatos históricos, comandos para casa inteligente entre tantas e tantas coisas que ainda estamos aprendendo e que certamente o device ainda vai trazer de evolução tecnológica. Mas uma coisa é certa, eu cedi, não volto atrás e Alexa agora é nossa secretária parte da família com muito orgulho!


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