O Conselho Federal de Medicina e o Covid19

Myrian Becker

01.03.2021
Foto: Reuters/Direitos Reservados

Estamos atravessando atualmente, em nível mundial, uma guerra onde o “inimigo” não nos mostra sua localização. Não conhecemos seu “rosto” nem sabemos o motivo da contenda.

Não podemos deixar o campo de batalha, já que ele nos perseguirá silenciosa e covardemente em qualquer lugar. Render-nos, nem pensar. Seria inútil e na maioria das vezes, fatal.

Guerreamos contra um adversário que não busca ocupar territórios terrestres ou converter pessoas ao seu credo ou religião. Lutamos contra a Covid-19 que está por toda parte. É uma batalha diferenciada pela sua quietude e onipresença.

Trata-se de doença que nos atinge com mortes, lutos e sequelas há um ano.

Consequentemente, com o psicológico já bem abalado, esperamos de nossas autoridades, médicos e cientistas algum posicionamento sobre a Covid-19, que nos esclareça qual o melhor tratamento medicamentoso para a doença e para sua prevenção, se houver. É certo que as pesquisas científicas não tiveram, até o momento, tempo para conclusões definitivas. Mas temos notícias, por meio das redes sociais, e até através de alguns estudos médicos, de que existem várias correntes se posicionando de formas opostas, nos levando à insegurança e ao temor.

O mesmo, diga-se dos noticiários, diariamente nos trazem números alarmantes de mortos e contaminados, além de comentários inúteis de natureza política e ideológica sobre o tratamento da doença.

Afinal, o que buscamos é o posicionamento de cunho médico e não político.

Recentemente, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto, 61 anos, publicou no jornal Folha de São Paulo, artigo expondo a posição da Instituição sobre a Covid-19.

Ele esclarece que, apesar das pressões que o CFM vem sofrendo para determinar qual o tratamento farmacológico adequado para tratar a doença, ou mesmo para ser utilizado precocemente, não existe tal possibilidade no momento, haja vista que muito pouco se sabe ainda sobre a Covid-19.

Mauro explica que o CFM apoia a decisão de cada médico na tomada de posição de adotar o tratamento que achar necessário, com o consentimento de seu paciente.

Lembra que “a autonomia do médico e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido, como é o caso da Covid-19, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do Homem”.

Mauro Luiz de Britto, presidente do Conselho Federal de Medicina

Por fim, o presidente do CFM afirma que, mediante o Parecer 4/2020 emitido pelo Órgão, além do respeito à autonomia do médico e do paciente, não há proibição no tratamento precoce ou na adoção de protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Assim, diante do posicionamento categórico e legalmente amparado do Conselho Federal de Medicina sobre qualquer tratamento da Covid-19, justificado pela falta de bases científicas para tanto, só nos resta permanecer na situação de prevenção da doença, adotando o isolamento social, uso de máscaras e fortalecimento do sistema imune, até não se sabe quando, pois, nem mesmo a vacina nos oferece segurança completa.

Nesse ínterim, não se pode negar, o medo e o abalo psicológico que permanecem nos acompanhando.

Por outro lado, temos todos a capacidade de exercitar a sabedoria para desenvolver sentimentos de otimismo e esperança, com a certeza de que esse momento nos trará grande aprendizado.


Revisão ortográfica: Geyse Tavares