É em época de grandes aflições que os instintos egoístas e competitivos dos seres humanos ameaçam prevalecer sobre a cooperação e a ajuda mútua.

João Aranha

19.01.2021

Assim como dentro de um país ocorrem sensíveis diferenças de status sócio-econômico, também existem nações que estão em diferentes níveis de desenvolvimento; enquanto algumas possuem classes sociais com poucas variações entre elas, a grande maioria convive com verdadeiros abismos que separam os poucos privilegiados, da predominante massa que busca sobreviver com o pouco que dispõe.

A presente pandemia que ora sofremos tem se mostrado globalizante, indiscriminada e imparcial.

No momento em que começam a acontecer competições desenfreadas, no sentido de prestigiar os mais capazes, seja ao nível de países quanto nos diferentes extratos de populações, é preciso que se aja com sensibilidade e inteligência, sempre amparados pela boa ciência.

O diretor-geral da OMS alertou que a competição entre governos pode deixar a maioria dos países de fora de uma vacinação.

Para fazer frente a essa situação a OMS mantém seu programa denominado Covax Facility, que visa distribuir de forma justa e igualitária as vacinas que estiverem disponíveis.

Atualmente, conta com o interesse de 165 países dispostos a colaborar, inclusive o Brasil.

No entanto, algumas das nações mais ricas do planeta ainda não se manifestaram.

A OMS defende a implantação de um plano que vise vacinar 20% da população mais vulnerável de cada país participante, até chegar a vacinar os vulneráveis de todos os países.

A Covax Facility já conta com a perspectiva de obter 1,3 bilhões de doses de vacinas que seriam distribuídas por 92 países pobres, pretendendo que 60% da população mundial atinja uma imunidade confiável.

Não se trata apenas de atos filantrópicos, mas de ação inteligente, pois considerando a globalização da economia e as altas taxas migratórias, não basta cuidar apenas de seu quintal.

O FMI estimou que a pandemia está custando para o mundo 375 bilhões de dólares e, caso não seja contida, essa cifra chegará a 12 trilhões.

A OMS ainda faz um alerta extremamente válido: não basta apenas fabricar vacinas, é preciso ter um plano de distribuição que seja viável e eficaz.

É pois tempo de colaboração e ajuda mútua, valorizando a sensibilidade e os elementos inteligentes que nos constituem.