Clima de insegurança leva as pessoas a ficar mais em casa

10.02.2020

Pesquisas recentes têm indicado que, independentemente da faixa etária, as pessoas estão preferindo cada vez mais ficar em casa e sair menos.

O crescente e rápido desenvolvimento tecnológico já permite que se possa trabalhar em casa, fazer compras, inclusive de supermercados, on-line, solicitar entregas desde uma pizza até um jantar completo, optar por inúmeras possibilidades de lazer e cultura, tudo isso e muito mais sem ter de botar o pé na rua. Basta contar com um ou mais aplicativos.

As facilidades, por si só, não justificam essa tendência de não sair de casa. Estarão as pessoas – principalmente as que habitam as grandes cidades – usando suas casas como um escudo de proteção face à hostilidade que existe lá fora? Em outras palavras, ficar em casa é uma opção pelo prazer que isso proporciona ou na realidade se trata de fuga e comodidade?

Seja o que for, é inegável que vivemos um clima de insegurança, principalmente no que diz respeito ao baixo grau de confiança existente nas instituições, no governo e até mesmo nos nossos semelhantes.

Pedestres, notadamente os mais velhos, encontram ruas esburacadas, mal iluminadas e, agora no verão, sujeitas a inundações, quedas de árvores e desmoronamentos.

Isso sem falar na violência, que corre solta em plena luz do dia.

Se você dispõe de um automóvel, sua insegurança já começa no abastecimento. Melhores preços são sinal de salutar concorrência ou das costumeiras falsificações? Engarrafamentos colossais, falta de locais para estacionamento, indústria das multas, tudo conspira para você deixar o carro em casa. Mas o transporte coletivo ainda deficiente também não é a melhor solução.

Donas de casa que vão às feiras livres se deparam com o dilema de comprar produtos naturais, sabendo que o nosso país é campeão no uso indiscriminado de agrotóxicos.

Nos mercados, produtos industrializados abusam do sódio, dos conservantes, dos açúcares e das gorduras nocivas, se bem que tudo isso está descrito em letras quase invisíveis nos rótulos.

Os menos afortunados, e são tantos, encontram órgãos públicos de saúde lotados e desaparelhados. Os que querem requerer suas aposentadorias ou seus direitos previdenciários enfrentam filas intermináveis e prazos descabidos.

Os que querem trabalhar não veem maiores e melhores perspectivas e ao procurar informações já não sabem em quem mais acreditar, face a tantas fake news.

Uma pesquisa recente feita na Inglaterra diz que os que preferem ficar em casa são mais inteligentes, porém os que têm mais conexões sociais são mais felizes.

A solução, como sempre, talvez esteja no equilíbrio. Há tempo para curtir as comodidades de nossas casas e tempo também para nos adaptarmos e podermos curtir o mundo – seja como ele for – que nos espera lá fora.