O fantasma do desemprego

01.11.2019

A realidade pode ser resumida em uma só frase: Há mais gente procurando emprego do que o número de vagas disponíveis. E isto vem aumentando.

As causas são conhecidas. São tempos de uma sociedade pós-industrial. Tempos em que ainda precisamos de produtos industrializados mas não precisamos dos trabalhadores das indústrias. Tempos em que ainda precisamos de alimentos mas podemos prescindir dos agricultores.

Tempos em que a quantidade supera a qualidade.

A população aumentou muito, a expectativa de vida idem, as mulheres também precisam trabalhar além de suas responsabilidades domésticas, imigrantes fogem de conflitos e da fome e engrossam o número de candidatos a uma vaga e políticas de previdência esticam a permanência de trabalhadores no mercado.

Antes os filhos ajudavam no sustento dos pais. Hoje são os pais que precisam sustentar os filhos, retardando a aposentadoria, vivendo do pouco que ganham como aposentados ou valendo-se de programas sociais.

Filhos que não deixam a casa dos pais, que estudaram e alguns têm até mestrado, mas não se encorajam a enfrentar algo que lhes parece sem perspectivas.

Isso sem fala na geração nem-nem, aqueles que nem trabalham e nem estudam.

Forma-se então um círculo vicioso: menos trabalho, menos renda; menos renda, menos consumo; menos consumo menos oferta de trabalho.

Qual será a saída? Empreendedorismo? Não sejamos pessimistas, mas as estatísticas dizem que 80% de novos empreendimentos fecham em até dois anos.

Economistas defendem que a felicidade é o resultado da equação entre o que se ganha e o que se gasta. Mas há gordura para se cortar?

Está na hora de nos atentarmos para a possibilidade de um mundo sem trabalho, ou pelo menos de um trabalho diferente daquele ao qual estamos acostumados.

Hora de pensamentos arrojados, de ideias inovadoras, como, por exemplo, o estabelecimento da renda básica universal e da redução da jornada de trabalho para 15 horas semanais, além de outras possibilidades que a criatividade nos permite.

Há outras formas de se trabalhar. O ócio criativo, como é definido pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, permite que o estudo, o trabalho e o lazer se confundam.

Talvez seja uma utopia. Mas o que é viver sem sonhar?