Clima de insegurança

27.09.2019

Ao percorrer o subsolo do Mercadão, verificamos que as condições de segurança eram péssimas em todos os sentidos, não havendo rede de abastecimento de água e nem auto de vistoria do corpo de bombeiros, entre outras irregularidades.

Os responsáveis só se preocupam com a parte de cima, cartão de visita apresentado aos turistas que visitam a cidade, mal sabendo o que ocorre abaixo de seus pés.

Posteriormente, nossa equipe constatou – em visita à Câmara Municipal de São Paulo – que havia um projeto de lei exigindo o AVCB nas creches terceirizadas pela Prefeitura, a grande maioria delas instaladas em prédios adaptados, com, mais uma vez, precárias condições de segurança. No entanto, decorrido vários meses o projeto de lei ainda está em tramitação.

Recentemente noticiou-se, na Folha de São Paulo, que muitos dos hospitais públicos de São Paulo, também não possuíam o AVCB, o que ocorre da mesma forma com vários hospitais particulares.

Vale lembrar que recentemente houve um incêndio no Instituto do Coração e, alguns anos atrás, no Hospital das Clínicas.

No Rio de Janeiro, em incêndio num hospital particular, 14 pessoas morreram a maioria vítimas de asfixia. São idosos, na faixa dos 60, 70, 80 e até 90.

A situação dos prédios hospitalares, onde a maioria se preocupa mais com a aparência de um hotel de luxo, levou a OMS Organização Mundial de Saúde a afirmar que poderemos estar mais seguros em um avião do que em um hospital.

É necessário incluir nesse rol de incêndios que afetam diuturnamente a cidade de São Paulo, aquele ocorrido em prédio ocupado por desabrigados no Largo do Paissandu, culminando com o desabamento do edifício de 20 andares.

Viadutos paulistanos têm em seus baixos, inúmeras construções clandestinas, extremamente precárias, que são repetidamente alvo de incêndios que além de destruir os casebres costumam até colocar em risco os próprios viadutos.

Estes tristes acontecimentos têm em comum o fato de que atingem pessoas que estão em extremo grau de vulnerabilidade: são crianças, idosos, doentes, sem tetos, moradores de rua e trabalhadores em geral.

Não se trata de criar novas leis, pois elas já existem. Não se trata de dar mais poder de ação ao Corpo de Bombeiros, pois eles já têm poder de fiscalização e mesmo policial. As autoridades constituídas somente se responsabilizam pela sua área de atuação específica, não havendo entre elas nenhuma coordenação visando uma atuação conjunta. Geralmente a culpa é dos outros, é da natureza ou é atribuída à falta de verbas.

Vivemos em uma época em que o respeito à vida humana está se tornando banal, como se fosse algo fatídico e sem solução.

Paira no ar um clima de desconfiança e abandono que leve o cidadão comum a uma inércia, desacreditado, apenas esperando resignadamente o próximo capitulo.

E a nós, cidadãos privilegiados, cultural, social e economicamente falando, o que podemos fazer?

Não podemos nos omitir, é preciso participar com as armas que temos: juntarmo-nos em associações, denunciar, usar corretamente os meios de comunicação, valorizar nossos votos, cumprindo nossos deveres e exigindo nossos direitos.