Pandemia fez com que 1 milhão de pessoas perdessem o emprego no setor do turismo.


Fecomércio aponta que a perda de faturamento chegou a R$ 55,6 bilhões em relação ao ano anterior.

Pessoas que trabalham na área se vêem desamparadas e procuram soluções para sua dificuldade financeira.

Isabela Alves

13.04.2021
Praias do Rio de Janeiro interditadas (Fotos Públicas)

A pandemia causada pela Covid-19 fez com que 2020 se tornasse o pior ano para o setor do turismo no Brasil.

De acordo com um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), foram perdidos mais de R$ 55,6 bilhões em faturamento em 2020, em comparação ao ano anterior.

Além disso, mais de 1 milhão de pessoas perderam seus empregos no setor, incluindo funcionários diretos e indiretos. Por conta destas perdas, estima-se que o setor irá retornar ao mesmo patamar de vendas apenas em 2023.

Um estudo realizado pela Organização Mundial do Turismo (OMT), apontou que o turismo internacional terminou 2020 com um colapso de 70% a 75% e perdas 10 vezes maiores do que durante a crise financeira de 2009. Houve uma queda de 1 bilhão de turistas em todo o mundo, o que resultou na perda de US$ 1,1 trilhão de receita no turismo.

Ainda, é válido ressaltar que a vacinação no Brasil está acontecendo a passos lentos, com apenas 9,2% da população vacinada. Por conta do descontrole da doença no país, o brasileiro também se tornou o 2º turista mais rejeitado no mundo.

Para aqueles que trabalham com turismo no Brasil, só resta procurar alternativas para se sustentar, já que o auxílio emergencial dado pelo governo não está sendo suficiente para arcar com todos os gastos.

Esses são os casos de Deiker Trujillo, de 22 anos, e de Melanie Carassale, de 29 anos. Nascido na Venezuela, Deiker chegou ao Rio de Janeiro no dia 2 de fevereiro do ano passado em busca de novas oportunidades, já que seu país vive uma das maiores crises humanitárias da atualidade.

Ele trabalhava com vendas na orla de Copacabana. No entanto, com o agravamento da pandemia com o Estado em fase vermelha, o governo proibiu o funcionamento dos quiosques e vendas na praia. Apesar destas ordens, as praias continuam abertas e sendo frequentadas pelos moradores locais.

“Estou sem emprego e passando por uma grande dificuldade financeira. Agora, faço voluntariado para conseguir o meu sustento e vivo apenas com o valor do auxílio emergencial. Assim que tudo melhorar, pretendo ir embora para a Europa”, conta.

Já no caso de Melanie, ela veio da Argentina para o Rio de Janeiro em 29 de dezembro de 2019. Segundo ela, o Brasil deixou de ser um ponto turístico para o mundo na pandemia, o que fez com que muitas empresas locais também fossem à falência.

“O turismo no Rio deixou de ser algo para as massas e se tornou alvo de um público com o valor aquisitivo mais alto, pois apenas pessoas com muito dinheiro conseguem visitar as melhores áreas turísticas neste momento”, diz.

Com isso, ela também está enfrentando muitas dificuldades financeiras para se sustentar. No seu caso, ela não conseguiu auxílio do governo e teve que fazer uma transição de carreira para massagista. Para o futuro, ela sonha em sair do país para continuar trabalhando na sua área em outros países, como o México.


Revisão ortográfica: Anne Preste



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