ECONOMIA ‣ Empreender

A inexistência de dados estruturados sobre as comunidades coloca a favela fora do mapa político e empresarial por questões de eficiência, portanto, invisível para as classes empresariais e governamentais, pois ambas investem baseados em números. Um estudo publicado pela Outdoor Social, mostra o imenso potencial de consumo das dez maiores favelas do Brasil —mais de R$ 7 bilhões por ano.

Com o objetivo de dar visibilidade às favelas, sem visar patrocínios, mas investimentos que gerem tanto retorno ao investidor quanto o desenvolvimento econômico das comunidades, em 2019, formou-se o G10 das Favelas, constituído inicialmente pelas favelas: Rocinha e Rio das Pedras (RJ), Heliópolis e Paraisópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor e Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF). O G10 Favelas é um bloco de Líderes e Empreendedores de Impacto Social das Favelas que, assim como os países ricos do G7, uni forças em prol do desenvolvimento econômico das comunidades de áreas urbanas.

Gilson Rodrigues - presidente do G10 Favelas, lidera o bloco de Líderes e Empreendedores de Impacto Social das Favelas, sediado no bairro de Paraisópolis em São Paulo, trabalha para que a comunidade, como um todo, compartilhe as conquistas do G10 Favelas com outras favelas brasileiras e que, essas trocas de experiências, contribuam como agentes transformadores, aumentando a autoestima da população e também estimulando o restante da sociedade a olhar com mais respeito onde as pessoas tendem a só olhar violência e marginalidade. Praticando a inovação reversa - que tem o potencial de redistribuir o poder e a riqueza dos mais abastados aos menos afortunados - reorienta o fluxo a partir de algumas empresas que contribuem com novas ideias, provocando e estimulando novas adesões.

A melhor forma de transformar e ajudar o Brasil invisível é gerar prosperidade e inclusão financeira, o que leva a oportunidades empreendedoras, encorajando as pessoas a acreditarem nos seus sonhos, criando perspectivas de futuro através de um comércio mais fortalecido na comunidade. É importante que a iniciativa seja sustentável, para isso, existe um trabalho direcionado, pelo G10 Bank, que oferece crédito de R$ 1 mil a R$ 15 mil para a população das periferias, principalmente, para o empoderamento das mulheres que são majoritariamente mais afetadas pela recusa de crédito formal.

Organizados, mantém encontros regulares para mensurar o crescimento social, gerado pelo bloco e de seus parceiros, e o acompanhamento das ações propostas do G10 Favelas. O grupo já conta com mais de 300 favelas espalhadas por todo o Brasil e na iminência da instalação de escritórios em dez estados diferentes, com projetos como o G10 Bank, a Academia de Revendedoras, que capacita mulheres na área de vendas, um projeto de construção civil, que melhora as casas e fachadas da comunidade, um projeto que cria um e-commerce para empreendedores locais e o Favela Express, empresa que faz entregas de vendas online dentro das comunidades, áreas inatingíveis pelas empresas de logística. O desenvolvimento econômico depende da coletividade e do fator confiança entre as pessoas, questões amplamente discutidas e desenvolvidas pelo G10 Favelas.

Devido a pandemia alguns planos foram adiados, como a participação em fóruns econômicos internacionais, tanto no Brasil como no exterior. Em tempos de coronavírus, priorizando a saúde, o G10 Favelas se reposiciona e traça um plano de ação de logística emergencial, envolvendo os "presidentes de rua" de cada comunidade para organizar o atendimento e a entrega de cestas básicas, com os devidos cuidados de higienização dos produtos e transporte.

No dia 02/agosto/2021, o G10 Favelas chega a marca de 500 dias de ações criadas nas comunidades de todo Brasil, em combate aos problemas causados pela pandemia. Em Paraisópolis, serão realizadas atividades ao longo do dia, nas Olimpíadas da Solidariedade, contra a fome e pensando na retomada econômica, com doações, distribuição de alimentos e homenagens aos presidentes de rua. Também haverá o lançamento dos escritórios de negócios, iniciativa de apoio a economia das favelas.

Mensagem de Gilson Rodrigues: E com os punhos cerrados de resistência na construção de um Brasil melhor, precisamos do apoio de todos para mudar a realidade, um outro mundo é possível.