ECONOMIA ‣ Empreender

Marilu Cabañas revelou detalhes da sua história e de como se tornou uma importante jornalista em questões sociais, amplamente premiada e reconhecida, na live do projeto “Conversa com mulheres” da Poder Concept, realizada na semana do Dia Internacional da Mulher.

Hoje apresentadora da Rádio Brasil Atual, Marilu conta como sua trajetória sempre esbarrou em questões sociais. Descendente de paraguaios, espanhóis e indígenas, Marilu se diz uma das filhas da colonização. Nasceu em Santos e viveu no litoral paulista com uma família, para quem sua mãe trabalhava como empregada doméstica, e de quem a jornalista fala com admiração e carinho.

Quando criança, Marilu brincava de detetive, espionando pessoas e inventando narrativas. Esse interesse se transformou em paixão pelo jornalismo. Ainda muito nova, Marilu começou a trabalhar na Rádio Guarujá, onde começou fazendo de tudo um pouco e apresentou dois programas. Desde então, a jornalista passou por diversos veículos como Bandeirantes, SBT, Rádio Cultura-Fundação Padre Anchieta e Rádio Brasil Atual.

Durante sua trajetória, Marilu sempre se portou de forma firme durante suas entrevistas: “eu aprendi com a minha mãe: ‘todo mundo é igual, todos nós somos iguais’, então medo eu nunca tive, eu questiono mesmo”. A apresentadora ainda afirmou que algumas vezes esse posicionamento causava uma saia justa para a empresa.

Um desses episódios aconteceu durante uma coletiva de imprensa com o então candidato a Secretário de Saúde de São Paulo, José Aristodemo Pinotti. De acordo com Marilu, durante a apresentação, o governo colocou a situação da saúde como de primeiro mundo. Quando a então repórter da Rádio Bandeirantes questionou essa excelência, com dados que tinha colhido durante uma série de reportagens, Pinotti disse repetidamente que ela espalhava inverdades, levantando os ânimos também dos colegas do PMDB (atual MDB), que começaram a gritar e chamá-la de mentirosa.

Por fim, a matéria foi ao ar apenas uma vez, já que o próprio governo de São Paulo anunciava no veículo. José Paulo de Andrade, na época diretor de jornalismo da rádio, a elogiou: “você foi jornalista”. Apesar das situações complicadas em que a empresa ficava, Marilu reitera: “na minha opinião, eu estava fazendo jornalismo”.

Foi com essa coragem que Marilu fez diversas séries de reportagens importantes, mas o maior reconhecimento foi pelo Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo. A série de reportagens expunha a situação de uma mãe que vivia com seus filhos dentro de um lixão. Uma de suas filhas, uma garotinha de cerca de 05 anos, havia morrido atropelada por um caminhão enquanto catava latinhas.

Para Marilu, o prêmio foi marcante por ter conseguido pressionar o governo a retirar a família daquela situação, e também porque quem entregou o troféu para ela foi Jorgen Elklit, cientista político e integrante da família que a acolheu em Santos. A jornalista conta também que quando viu a mãe na plateia, desabou em lágrimas.

Aos jovens jornalistas, Marilu aconselha: “é preciso se preparar muito bem, estudar a história da pessoa entrevistada e tem que gostar da profissão, senão você vai para cumprir tabela.”

Revisão ortográfica: Geyse Tavares