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Com força e sensibilidade, Lia Esperança, emana esperança às comunidades carentes.

Na roda de conversa idealizada e realizada pela equipe do Canal Poder Concept, no Dia Internacional da Mulher, teve como convidada uma cidadã da melhor qualidade - Maria de Lourdes Andrade Silva - 57 anos, conhecida como Lia Esperança, "a líder que construiu o projeto dos seus sonhos".

Em 2003, quando chegou na Vila Nova Esperança declara que lá não tinha nada e nem líder. Atualmente, Lia Esperança lidera a Associação de Moradores da Vila Nova Esperança, comunidade formada por cerca de 3 mil habitantes, localizada na Zona Oeste, em um morro rodeado de mata atlântica, a uma hora do Centro da cidade de São Paulo.

Quando, em 2006, tomou conhecimento de um processo para expulsar as famílias do local, acusadas de degradar o lugar por ser uma área de proteção ambiental, ela confessa que não sabia o que era Meio Ambiente, mas foi procurar saber e aí constatou que a possível degradação era involuntária, pois as pessoas não tinham conhecimento deste processo de sustentabilidade, havendo a necessidade de orientá-las. Lia deu voz a esta comunidade e não hesitou em usar as próprias mãos para executar e propagar um projeto sustentável menos oneroso e que conserve a natureza. Conseguindo atrair o engajamento de cerca de 80% das 660 famílias que vivem na comunidade, não só em prol da luta pela legalidade de suas terras mas, de forma direta ou indireta, para mantê-la sustentável.

A comunidade, que já recebeu vários prêmios por sua proposta ecológica, é considerada "favela verde" que reutiliza tudo e se baseia nos princípios da permacultura. Além da bem organizada horta, que proporciona educação ambiental, segurança alimentar e empreendedorismo para todos, conta com circo-teatro, biblioteca, cozinha comunitária e lago no qual as crianças podem mergulhar.

Esta experiência bem-sucedida se estende para além dos domínios da comunidade, abrangendo inclusive toda a Vila Nova Esperança.  Com o seu conhecimento ela se coloca à disposição, gratuitamente, para ministrar palestras de conscientização e implantação de projetos de sustentabilidade em escolas, condomínios e outras comunidades.

Com o advento da pandemia ela teve pulso firme quando a palavra de ordem era ficar em casa. 

"O que fazer para ajudar uma comunidade que vive precariamente do seu sustento?  Ficar em casa se livraria do vírus da COVID- 19, mas não do  vírus da fome."

Com um carro de som, Lia saiu pelas ruas pedindo para que todos ficassem em casa e que ela lutaria para que não faltasse o alimento. Buscou ajuda com pessoas amigas e contou também com a ajuda do G10¹ de Paraisópolis. Com uma eficiente logística, dividiu a comunidade em oito ruas, escolhendo um presidente, por rua, responsável de suprir a comunidade de alimentos e produtos de higiene.

Outra medida, foi a reforma da sede da Associação dos Moradores e do Instituto Lia Esperança, improvisados como alojamentos para quarentena das possíveis pessoas contaminadas pelo vírus. Felizmente, poucas pessoas foram contaminadas, segundo ela, deve-se aos segredinhos extraídos da horta comunitária, que possui muitas plantas medicinais de onde ela prepara sucos e chás para que todos possam se beneficiar.

Fotos do Instituto Lia Esperança