Conversa com Mulheres apresenta Gilson Rodrigues


O orgulho da favela é referente à união das pessoas que se ajudam.


Daniela Soares

27.10.2021

Nasceu na Bahia e mudou-se para São Paulo aos cinco anos. Sua família vive em Paraisópolis há sete décadas, e ao chegar aqui, com as dificuldades recorrentes da periferia, já sonhava com a transformação de vidas e com o realizar de sonhos. No entanto, enxergavam-no de maneira determinista, como se fosse sucumbir às determinações do seu meio, tal qual estivesse predestinado a dar errado: esse fora seu principal desafio, como era visto. E dentro desse contexto, buscou construir uma nova Paraisópolis: este é Gilson Rodrigues.

Formado pela Fundação Dom Cabral, é líder comunitário, empreendedor, Presidente do G10 Favelas (bloco de líderes de empreendedores sociais) e CEO do G10 Bank. Seu propósito é evidenciar as potências que as favelas têm na criação de soluções para as comunidades, visibilizando o empreendedorismo de impacto social, melhorando a qualidade de vida da população periférica. Quando iniciou seu trabalho, não estava pensando na comunidade, ainda não tinha noção de bairro, de cidade ou do Brasil. Mas percebeu que aquilo que fazia referente a si, ajudava os demais.

Teve que criar oportunidades. Até seus 15 anos, sentia-se predestinado ao erro. Após ficar três dias fora de casa, ao saber que queriam enviá-lo de volta à Bahia, retornou e percebeu que seus familiares não notaram seu sumiço. Sua vingança consistiu, então, em estudar, trabalhar e que a família tivesse orgulho dele. Descobriu que a mudança estava nele, era possível ser agente de sua transformação.

Ao tornar-se prefeito de Paraisópolis, seu objetivo foi criar um olhar para a comunidade, o que resultou na criação do programa Todos Unidos Por uma Nova Paraisópolis. No G10 Favela, há uma modificação de paradigma, pois se apresenta uma favela rica, é o bloco das comunidades que desejam prosperar, inspiradas no G7 e no G20. Mostra-se oportunidades, a partir de boas experiências e bons exemplos, desdobrando numa nova consciência de favela.

Clique na imagem para assistir a entrevista no canal do Youtube da Poder Concept

Gilson percebeu que a política pública é mais demorada, mas descobriu ser possível sim, a favela ser agente de sua renovação. Paraisópolis não quer ser usada politicamente, tornando-se curral eleitoral. Com o G10 Bank, busca-se soluções de problemas, e um dos grandes desafios é o acesso ao crédito bancário, pois é o povo periférico que mais sofre com a negação de crédito. Assim, pretendem ser a maior rede de apoio a pequenos e microempreendedores. Já apoiam 76 pessoas, sendo a maioria mulheres; tendo também o programa de mentoria Investe Nela.

Com o desdobrar da pandemia do COVID19, houve a criação do Home Office das Costureiras do Brasil, produzidas mais de 2 milhões de máscaras distribuídas em todo o País, uma das iniciativas do G10 Favelas para o enfrentamento do vírus nas comunidades brasileiras. Além disso, preocupa-se com a violência contra a mulher, deve-se criar condições para que as mesmas sejam libertas, e afirma que a mudança deve ocorrer tanto no âmbito educacional quanto financeiro. Que homens e mulheres caminhem juntos, em busca de equilíbrio. Mas é necessário “criar condições para que o empoderamento represente dinheiro no bolso às mulheres”, diz.

Ele acredita que nascemos predestinados a dar certo. O sol nasce para todos, assim podemos acreditar em nós e em nosso potencial e no Brasil. Salienta que as histórias daqueles que dão certo na favela não são contadas, relata-se a história do bandido, ao invés. Em contrapartida, Gilson quis ser o bom exemplo para poder servir como objeto de inspiração aos outros.


Confira as redes sociais de Gilson Rodrigues:

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A Poder Concept, tem por objetivo ajudar mulheres e empresas a mudarem mindsets, seus pensamentos e inovarem suas atitudes; acreditamos em um mundo em que todos sejam capazes de seguir seus sonhos e realizá-los.

Os aspectos envolvidos na criação e operação serão de capacitação, assessoria e consultoria, que terá como foco inicial voltado para jornada empreendedora, preparando mulheres a serem consultoras para atenderem os clientes-alvo. Inicialmente serão empresas do setor privado; sendo micro, pequenos e médio portes, provendo conhecimento para que possam atuar como grandes geradores de novos empregos.

Revisão ortográfica: Anne Preste


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