Sintonia Naval - Porto de Vitória

Cleo Brito

22.06.2021

Apresentação

Para a série Sintonia Naval é relevante uma breve apresentação do que é a Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, entidade que integra a administração federal indireta, vinculada ao Ministério da Infraestrutura.

A ANTAQ tem por finalidade implementar as políticas formuladas pelo Ministério da Infraestrutura, segundo os princípios e diretrizes estabelecidos na legislação sendo responsável por regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária.

Constituem esfera de atuação da ANTAQ: navegação fluvial, lacustre e de travessia; navegação de apoio marítimo, de apoio portuário, de cabotagem e de longo curso; os portos organizados e as instalações portuárias neles localizadas; os terminais de uso privado; as estações de transbordo de carga; as instalações portuárias públicas de pequeno porte e as instalações portuárias de turismo.

O Porto de Vitória, sob a jurisdição da COMPANHIA DOCAS DO ESPÍRITO SANTO (CODESA), Autoridade Portuária do Espírito Santo, é constituído de instalações públicas e arrendadas, que possibilitam a movimentação de diversos tipos de cargas, incluindo o atendimento às embarcações offshore.

Sua história teve início na segunda metade do século XIX com o crescimento da cultura cafeeira. Na época, o embarque de cargas era feito no atracadouro denominado Cais do Imperador, simples cais de madeira (trapiche) que ficava onde hoje se localiza a escadaria do Palácio Anchieta. Datam de 1881 os primeiros estudos para a construção do Porto de Vitória. Em função do baixo comércio da região e a falta de estradas que ligassem ao interior, o projeto demorou a sair do papel.

Em 28 de março de 1906, o Governo Federal autorizou à Companhia Porto de Vitória (CPV) a execução de 1.130 m de cais na faixa da Vila Rubim. Por falta de verbas, a obra passou por diversas paralisações e, em 1924, a concessão dada a CPV foi anulada pela União e transferida ao Governo Estadual. A inauguração só ocorreu em 3 de novembro de 1940, assinalando o começo do atual complexo portuário. Naquele ano, aconteceu o primeiro embarque de minério de ferro.

O fato da capital capixaba situar-se numa ilha, dificultava a chegada ao cais de mercadorias vindas do interior, asfixiando o desenvolvimento do porto. A ligação da parte sul de Vitória com o continente deu-se com a inauguração da Ponte Florentino Avidos, em 27 de junho de 1928, possibilitando a implantação do acesso ferroviário, concluído em 1942.

Ainda nos anos de 1940, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) montou a estação de embarque de minério no morro do "Pela Macaco"(hoje, desativada), em Vila Velha. Na mesma época, e no mesmo município, houve a construção do Terminal de Granéis Líquidos e a instalação dos Cais de Paul. Já na década de 1970 foi inaugurado o Cais de Capuaba, em Vila Velha.

Em 1983 foi criada a CODESA. Cinco anos depois, portaria do Ministério dos Transportes estabeleceu a área do Porto Organizado de Vitória (municípios de Vitória e Vila Velha) e Barra do Riacho (Aracruz), época em que também foi extinta a Portobrás, determinando, assim, a descentralização dos serviços da União para com as Companhias Docas federais.

Vista parcial do Porto de Vitória

Com 14 berços de atracação, entre importação e exportação, opera cargas predominantes como: contêineres, café, granito/mármore, produtos siderúrgicos, concentrado de cobre, fertilizantes, automóveis, máquinas e equipamentos, eletrônicos, celulose, trigo e malte, açúcar, granéis líquidos (gasolina, óleo diesel, soda cáustica), offshore etc.

41,8% da movimentação total do Porto de Vitória em 2020 foi de granéis sólidos e 39,1% foi de carga conteinerizada.

Mármore e granito – Devido ao Espírito Santo ser o principal produtor de rochas ornamentais do Brasil, grande parte da exportação se dá pelo Porto de Vitória. (1.468 toneladas em 2020)

Ferro gusa – Devido à proximidade do Estado de Minas Gerais, principal produtor de ferro gusa, grande parte da exportação se dá pelo Porto de Vitória. (714 mil toneladas em 2020)

Café – Proximidade ao Estado de Minas Gerais e produção própria do café capixaba, sendo reconhecido mundialmente pela qualidade. (387 mil toneladas em 2020)

Malte – Proximidade do Rio de Janeiro, um dos principais polos industriais de cervejas do Brasil. (278 mil toneladas em 2020)

Principais portos estrangeiros com os quais tem maior parceria e respectivas mercadorias:

Xiamen (China) – 252 mil toneladas em 2020 - mármore e granito

  • Bahia Blanca (Argentina) – 218 mil toneladas em 2020 - malte

  • Rotterdam (Holanda) – 332 mil toneladas em 2020 - ferro gusa

  • Houston (Estados Unidos) – 98 mil toneladas em 2020 - mármore e granito

  • São Petersburgo (Rússia) – 145 mil toneladas em 2020 - fertilizantes

Com a missão de atrair e disponibilizar as condições de infraestrutura ao complexo logístico, promovendo competência, qualidade e sustentabilidade das operações, visa ser uma Autoridade Portuária líder no desenvolvimento do complexo logístico multipropósito do Espírito Santo, reconhecida pela eficiência e flexibilidade no atendimento a grandes e pequenos usuários, tornando-se indutora da economia regional.

Referências:

CODESA

Fotos cedidas por: Porto de Vitória


Revisão ortográfica: Anne Preste

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Flávio R. Berger - fundador da empresa Fotoimagem, há 34 anos se dedica a captar imagens de Portos e Terminais do Brasil, utilizando equipamento fotográfico de última geração. Além de drones, possui motor home/trailer para o deslocamento e permanência nos locais para a execução do serviço aéreo ou terrestre. Flávio e Vanda Rodrigues Cerqueira lançaram a quarta edição do livro “Portos e Terminais do Brasil ” – Trilíngue (mandarim, inglês, português) com 528 páginas, DVD com fotos e filmagens aéreas.