Museu Memória do Bixiga (MUMBI), patrimônio nacional, celebra seus 40 anos


Fundado em 1981, o Mumbi é um dos museus de bairro mais antigos de São Paulo


Indira Rodrigues

25.11.2021

Reunir acervos e mantê-los guardados é uma tarefa árdua, mas de muito valor, em se tratando de resguardar memórias a fim de fomentar conhecimento de uma época não vivida por muitos. Essa é a história do Museu Memória do Bixiga, o Mumbi, localizado na Rua dos Ingleses, no bairro do Bixiga. Um espaço dedicado não apenas à preservação de materiais sobre a região, é um ponto onde também são abraçadas questões da comunidade. É neste local que estão abrigados objetos de artistas consagrados na história da música, como Adoniran Barbosa e Carmen Miranda. Muitos dos acervos foram cedidos por moradores da região para poder enriquecer de conhecimento os populares locais e visitantes. Ali, são encontrados sapatos, materiais usados, até garrafas de um período em que se entregava leite na porta dos residentes do Bixiga. “O museu surgiu em razão de uma conversa com Armandinho – Armando Puglisi –, o fundador, logo, eu, como cofundador do espaço, gostei da ideia de montar um arquivo histórico. Primeiro iniciou com uma pequena sala que eu aluguei. Com o passar dos anos, o projeto cresceu e está sob administração do governo federal”, declara Paulo Santiago de Augustinis, um dos fundadores do Mumbi.

Armando Puglisi, conhecido carinhosamente como Armandinho, além de fundador do Mumbi, foi quem idealizou o bolo do Bixiga, popular evento da região.

O Bixiga tem como data de fundação o dia 01 de outubro de 1878, quando o imperador D. Pedro II esteve nessas terras e lançou a pedra fundamental para a construção de um hospital, que acabou não sendo erguido, mas deu início ao processo de loteamento e urbanização da região. Muito antes de 1878, porém, registros históricos já apontavam a presença de negros em quilombos nas terras do Bixiga. Em 1831, a prefeitura emitiu um documento solicitando o fechamento do acesso do Rio Anhangabaú ao Bixiga para impedir o trânsito de escravizados fugidos dos leilões que aconteciam no Largo do Piques (atual Praça da Bandeira) e Vale do Anhangabaú e que chegavam à região por meio do Rio Saracura. A história fez com que o Bixiga ficasse conhecido como bairro italiano, mas a cultura deste território foi construída em seus primórdios também pelos negros, e isso se reflete a partir dos dois maiores símbolos da comunidade: a paróquia de Nossa Senhora Achiropita e a Escola de Samba Vai-Vai.

O Mumbi é o primeiro museu de bairro criado por iniciativa particular que preserva a história do Bixiga desde sua fundação em 30 de abril de 1981. Entretanto, em comemoração aos seus 40 anos de sua constituição, o local abriu suas portas no dia 20 de novembro, fechado devido à pandemia, com um evento no Mês da Memória Negra do Bixiga, cujo objetivo é valorizar e resgatar a história do povo negro que habita um dos bairros mais tradicionais de São Paulo desde antes da chegada dos italianos. A exposição Memória Negra do Bixiga estará aberta ao público de 20 de novembro a 12 de dezembro, de quinta a domingo, das 12h às 18h. Às sextas, sábados e domingos, rodas de conversa com personagens da história, música e gastronomia complementam a exposição.

Após um longo e preciso período de isolamento em razão da Covid-19, a retomada de atividades começa a acontecer e o Mumbi abre suas portas a partir do dia 20 com a exposição, mas vale lembrar que as medidas de precaução devem ser mantidas.

Mais informações:

Mumbi – Museu da Memória do Bixiga

Rua dos Ingleses, 118 – Morro dos Ingleses

São Paulo


Site do Instituto Bixiga



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