São Paulo negra

por Cleo Brito

19.11.2020

Mãe Preta - Obra do escultor Julio Guerra

Desde sua inauguração, em 1955, o monumento à Mãe Preta do Largo do Paissandu se transformou em local privilegiado para as comemorações pela libertação dos escravos, no dia 13 de maio e, mais recentemente, também pelo Dia da Consciência Negra. Estátua da mulher negra que amamenta a criança branca, relembrando as amas de leite no período da escravidão.

20 de novembro, dia da Consciência Negra, aniversário da execução de Zumbi dos Palmares (20/11/1695), símbolo da luta pelo extermínio da injustiça e do preconceito e pela igualdade de direitos entre os homens e mulheres de todas as raças.

A data se tornou oficialmente feriado em diversas cidades do país em 2011, embora muitas pessoas a contestem sob o argumento de que não se deve celebrar a consciência negra e sim a consciência humana. A ideia, no entanto, é principalmente chamar a atenção para a luta contra o racismo e pela igualdade racial.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) aponta São Paulo como a cidade com a maior população negra (pretos e pardos) do Brasil.

Muito da herança dessa população se tornou invisível ao longo dos anos, tais como a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a estátua da Mãe Preta, a Igreja Nossa Senhora dos Enforcados, os antigos Pelourinho e Morro da Forca, no bairro da Liberdade.

Importantes personagens históricos da população negra na capital paulista, como a escritora Carolina Maria de Jesus, o jornalista, advogado e patrono da abolição Luiz Gama, e o arquiteto e ex-escravo Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas, responsável por diversas obras que hoje são cartões-postais da capital, como a torre da antiga Igreja Matriz da Sé e a ornamentação das fachadas das igrejas do Mosteiro de São Bento.

Tanto esses homens e mulheres, quanto suas obras, devem ser resgatados e considerados da máxima importância para a história da cidade, permitindo que São Paulo, cidade diversa e inclusiva, que abriga importantes manifestações culturais, possa render justa homenagem à população negra e à marcante contribuição que deixaram.



Revisão: Maitê Ribeiro