Vila Buarque, meu amor

A infância e suas descobertas

por João Aranha

17.04.2020

Não raramente me vejo andando pelas ruas de Vila Buarque. Cada canto, cada esquina tem uma história para mim. Afinal foi ali que nasci, brinquei, cresci, namorei, casei.

Tudo começou na Rua Dr. Cesário Mota Jr., mais conhecida como a Rua da Santa Casa. Nasci em sua parte mais alta, quase na esquina da Rua da Consolação.

Mas antes falemos um pouco sobre este meu bairro. Diz a história que a Vila nasceu de um loteamento de uma chácara de um tal Marechal Arouche – o mesmo do Largo famoso – onde se estabeleceram famílias de classe média, a maioria vinda do interior de São Paulo.

A Vila sempre se caracterizou por ter limites pouco definidos. Para cima a Consolação, para os lados Higienópolis e Santa Cecília e descendo o Arouche e os Campos Elíseos.

A casinha em que nasci estava ali até outro dia, espremida entre prédios. Era uma construção típica do bairro, pé direito alto – algumas com porão – terreno bem estreito, porém muito comprido.

O ano era 1942 e acredito que vivíamos bem. As histórias da família diziam que a minha mãe esperava no portão pelo tilintar dos sinos que anunciava a vinda das cabras cujo leite me alimentava. Minha irmã, onze anos mais velha, deixava todos com o coração na mão quando descia em velocidade, em sua bicicleta, desde a Consolação até os jardins da Biblioteca Infantil.Comprava-se no armazém dos japoneses, seu Paulo e Dona Iris, anotando tudo numa caderneta.

Praça Roosevelt (1960)Antes da reforma . Nas costas da Igreja da Consolação. Em frente quase na esquina da Ipiranga ficava a Academia de box Wilson Russo

Meus outros dois irmãos, também bem mais velhos, só falavam em esperar o Carnaval chegar para irem os três aos salões do Odeon que ficava ali na Consolação.

Foi então que meu pai, jornalista, foi transferido para Santos, onde ficamos por quase cinco anos.

Quando retornamos, foi na Vila Buarque que voltamos a morar. Eram duas famílias reunidas num enorme casarão na Rua Olinda, que fazia frente diretamente à atual Praça Roosevelt. Para nós era Vila Buarque, pois bastava atravessar a Consolação, tomando cuidado com os bondes que iam para Pinheiros, e já se estava na Cesário, na Amaral Gurgel ou na Maria Antonia.

Colégio Rio Branco, 1952O autor está em pé do lado esquerdo ao lado da diretora Dona Soledad

Sentado no muro da nossa casa, podia assistir os jogos de futebol de várzea em dois campos de terra batida, bem atrás da Igreja da Consolação. Quando começou o asfaltamento, o futebol acabou e vieram os comícios dos grandes políticos da época, geralmente, Adhemar de Barros e Jânio Quadros.

Eu ia a pé para o terceiro ano primário do Colégio Rio Branco, na Dr. Vila Nova (atual SESC) onde meus dois irmãos também estudavam e o diretor era o Norton, primo do meu pai, que acredito deve ter dado algum desconto.

Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato

Quando não estava na escola, descia para a atual Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato – criada por inspiração de Mario de Andrade em 1936 e considerada a mais antiga biblioteca do gênero do Brasil – que antes de ser reformada e modernizada era toda murada e com enormes e, às vezes, assustadores jardins internos.

Meu pai, que se aposentara em Santos, mas continuava no jornalismo, estava em Belo Horizonte sem a família e quando voltou fomos todos morar no quarto andar do edifício São Romão na esquina da Cesário Mota com a General Jardim, bem defronte à Biblioteca. Era, na minha visão, o melhor ponto, o coração da Vila Buarque.

Foto do Acervo da Biblioteca Infantojuvenil Monteiro LobatoNa imagem acima vê-se um mimeógrafo a álcool e numa foto dois garotos imprimindo A Voz da Infância, jornal no qual, com meus dez ou onze anos, já colaborava com algumas matérias.

Foram poucos, mas talvez os melhores anos da minha vida. Tudo girava em torno da escola, o mesmo Rio Branco, e da Biblioteca.

Hoje sou muito agradecido à biblioteca do Rio Branco e especialmente à Monteiro Lobato, pois foi nelas que aprendi a amar os livros, jogar xadrez, fazer grandes amizades e conhecer namoradas inesquecíveis.

Teatro Leopoldo Fróes. Ficava nos jardins da BibliotecaTínhamos cinema e ali ensaiávamos nosso teatro. Foi demolido.

O esquema da Biblioteca era o seguinte: primeiro você ia para a sala de leitura e lá ficava lendo por uma hora, quando então ganhava um cartão que lhe dava direito a frequentar a sala de jogos e revistas, ou a sala de pintura e escultura ou ainda a sala de música.

Foi ali que fiz duradouras amizades e conheci Lady Meire, que morava na parte mais alta da Major Sertório e que à tarde descia com o sol às suas costas, refletindo nos cabelos que lhes caíam nos ombros – algo entre um loiro claro e um quase ruivo – com sua saia xadrez, sua blusa e tênis brancos. Pois é, meus amigos, a primeira namorada a gente nunca esquece.

Junto à Biblioteca existia o Teatro Leopoldo Fróes (depois demolido e reconstruído em Santo Amaro) e nas tardes de segundas-feiras havia cinema para a turma da Biblioteca. Saíamos em fila, meninas de um lado, meninos do outro, e havia uma coluna no meio da plateia que ficava vazia e separava os garotos das garotas. Mas amigos guardavam lugares para os que tinham namoradas bem no limite da fronteira. As meninas, por sua vez, faziam a mesma coisa. Então, mal as luzes se apagavam e a projeção começava, mãos se encontravam furtivamente. Sinto ainda a macia e cálida mão da Lady e os olhares cúmplices que trocávamos. Hoje posso dizer que foram momentos únicos, de uma sensualidade infantil. porém genuína, algo que não nos deixa esquecer jamais.

A infância, porém, já estava indo embora e os conturbados dias da adolescência já se avizinhavam, mas isso é outra história que fica para o próximo capítulo.

Uma casa típica da Vila Buarque antiga, na Rua Marquês de Itu, completamente abandonada. www.saopauloabandonada.com.br
A mesma casa acima logo após haver um desmoronamento, ficando só a fachada, num caso típico de descaso das autoridades paulistanas.

Vila Buarque, meu amor (Os conturbados tempos da adolescência)

Os conturbados tempos da adolescênciaOs tempos mudavam rapidamente. Vila Buarque estava deixando de ser aquele bairro provinciano e caminhava para se tornar um bairro descolado. Graças à proximidade do Centro (centro velho atual) se tornava reduto de artistas de várias tendências.

Na esquina da Cesário Mota com a Marquês de Itu mudou-se uma família de baianos, cujo patriarca, Dorival Caymmi, acabara de assinar um programa semanal com a TV Record. Ele e dona Stella tinham três filhos, Nana, Dori e Danilo e um empregado doméstico machão pra caramba.

O Dori ficou meu amigo. Estudávamos na mesma escola e adorávamos futebol. Ele tinha uma bola com as cores do Fluminense e jogávamos ali mesmo na Cesário Mota. Aos sábados, íamos ao cinema: seu Dorival só deixava se eu fosse junto. Danilo era pequeno, mas ia também. Nana, mais velha, era boca suja e mandona.

Dorival Caymmi e famíliaUma beleza de família. Convivi com eles por todo um ano quando Caymmi tinha um programa na TV Record

Em frente ao meu prédio morava um cantor que estava despontando. Chamava-se Almir Ribeiro. Tinha um programa na TV Tupi, Spot Light, que era um sucesso. Sua gravação de “Laura” estava nas paradas. Era nosso amigo, e ficamos abalados quando, ao fazer uma turnê em Punta Del Este, morreu afogado.

Frequentávamos também, por termos um amigo, o apartamento da família Monjardim, que ficava na Rego Freitas e onde aparecia, de vez em quando. a futura cantora Maysa Matarazzo.

Ficamos conhecendo também uma jovem recém-chegada de Porto Alegre, Luely Figueiró, que não conhecia nada de São Paulo. Muito bonita, queria fazer carreira de cantora. Servimos de cicerone para ela e nos prontificamos a mostrar a cidade, já que ela tinha medo de sair dos limites da Vila Buarque. Depois íamos para o pequeno apartamento dela e enquanto ela tomava seu chimarrão nós ficávamos no chá. Luely, graças à sua beleza e seu jeito brejeiro, viria a fazer muito sucesso em vários filmes de chanchada da Atlântida.

Na parte alta da Major Sertório abriram uma casa de shows chamada João Sebastião Bar. A bossa nova já disparava no Rio de Janeiro, mas ainda não chegara em São Paulo. O João Sebastião foi pioneiro. Ficávamos parados ali na porta de entrada e víamos chegar Vinicius de Moraes e outros cobras, que davam suas novas canções para a cantora Claudette Soares acompanhada do pianista Pedrinho Mattar.

Eu, particularmente, estava cruzando o famoso ritual de passagem da infância para a adolescência. A Biblioteca era infantil, mas dona Teresa, sabiamente, criou um grêmio para nós, adolescentes, onde havia uma mesa de ping-pong e nos estimulava a criar eventos e peças para as crianças.

Éramos, porém, uma geração de contestadores. Vivíamos de mau-humor sem saber por quê. Nosso ídolo era o James Dean.

Corríamos atrás de balões e pulávamos o muro da Santa Casa de onde a maioria caía e tínhamos brigas terríveis com outra gangue, a da Barão de Tatuí.

Foi então que me voltei para o esporte. Meu time, se alguém perguntasse, era o Grêmio Esportivo Vila Buarque, do qual era um aguerrido defensor do segundo quadro.

Almir Ribeiro (Cantor)Morava no prédio em frente ao meu - bom de papo com a molecada morreu precocemente em Punta Del Este.
Luely Figueiró (cantora/atriz)Chegou desamparada em São Paulo. Muito bonita brilhou mais como atriz do que como cantora.

Foi quando vi nascer um novo esporte meio maluco, um tal de futebol de salão, praticado ali na Associação Cristã de Moços – ACM, que ficava na Rego Freitas. Levamos para um desafio nossos cinco melhores e o excelente goleiro Lábios de Mel. Mas aquilo era coisa de louco. A bola era pesada, porém pequena; não havia laterais e podia-se fazer tabelas com as paredes; o gol eram duas barras de ferro vermelhas incrustadas na parede. Antes que pudéssemos dar conta do que era aquilo, o time da ACM, capitaneado por duas feras - um tal de Palmeirense e um Miguelzinho -, já tinha acabado com a gente.

Aquilo me fez mudar de esporte. O professor de educação física do Rio Branco, Vasco, me levou para treinar atletismo no Clube Pinheiros. Maravilha: depois do treino ganhávamos um vale-lanche que dava direito a uma coca e um misto-quente.

Depois comecei a treinar basquete na Atlética São Paulo que ficava na Ponte Grande, em frente ao Tietê e Floresta. O problema era que para chegar ao Pinheiros bastava pegar o elétrico 54 Vila Buarque/Jardim Paulistano, mas para chegar na Atlética eu tinha que caminhar até a Cásper Líbero para pegar o Santa Terezinha.

Eder Jofre era nosso líder e fomos então treinar boxe na Academia Wilson Russo, em frente à Igreja da Consolação. Víamos de longe o famoso Luisão, melhor boxeador da época e não perdíamos o “Luvas de Ouro”, torneio de boxe de amadores. Nunca entramos no rinque, ficávamos ali pulando corda e socando o saco de boxe e o punching ball.

Adhemar de Barros perdera a eleição, o jornal fechou e meu pai voltou desempregado para São Paulo. O dinheiro foi minguando e pai e mãe voltaram para Santos e eu, fiel ao meu bairro, fui morar na pensão da Arara, na rua Maria Antonia.

Estudava, por influência do meu irmão mais velho – um dos que foi um dos primeiros funcionários da refinaria da Petrobrás em Cubatão -, Química Industrial no Colégio Oswaldo Cruz, que ficava na Avenida Angélica.

Agora só frequentávamos o jardim da Biblioteca à noite. Travei então conhecimento com algumas turmas da pesada. A Amaral Gurgel era recheada de cortiços, com mais negros do que brancos, entre os quais fiz vários amigos negros, graças ao futebol.

Mas nós, brancos, nos reuníamos em torno do Vicente, um nazista de carteirinha que era o Hitler do nosso grupo. O italiano Giácomo era o Goering, o futuro poeta Roberto Piva era o Goebbels e eu, cujo apelido de família era Tuca, virei o Marechal Tukhachevsky, militar russo que dizem era adepto do nazismo. O Vicente levava as coisas a sério, mas pra mim era tudo brincadeira.

Algumas noites íamos até o fim da Major Sertório, onde ao redor das boates desfilavam as “primas”. Aos poucos a Vila estava se tornando, na sua fronteira com o Centro da cidade, uma “Boca do Luxo”. Boates famosas como o Michel e o Love Story atraíam muita gente.

Aos sábados à noite, colocávamos terno e gravata e batíamos ponto num bar da General Jardim, fazíamos o que hoje se chama “esquenta” e depois pegávamos o elétrico 54 para os Jardins. Naqueles tempos eram raros os bufês e as festas eram sempre nas casas dos mais ricos, a maioria delas nas mansões dos Jardins. Andávamos pelas ruas até achar alguma festa e entrávamos aos poucos. Sempre havia um convite com o nome da noiva ou do noivo e dizíamos, quando interpelados, ser amigo do noivo. Tomávamos um bom uísque, dançávamos com as garotas na beira das piscinas e, na maioria das vezes, éramos identificados e tínhamos de sair correndo.

Na pensão da Arara, para onde vinham pessoas de todo o Brasil, a fim de estudar na USP e no Mackenzie, conheci um garoto vindo do interior de Santa Catarina, que se tornaria um dos grandes cineastas brasileiros (objeto da crônica “Meu Amigo Cineasta”, também disponível aqui no site) e, principalmente, Dirleine, uma deusa alagoana, morena jambo que deixava todos nós babando, prá não dizer outra coisa.

Fiquei amigo de Dirleine. Ela era secretária de um deputado de São Paulo e muitas vezes tinha de ir a eventos representá-lo. Lembro de uma vez que fomos a um baile de surdos-mudos e o conjunto tocava uma valsa e os casais, felizes, dançavam um samba ou um fox.

Íamos com Dirleine e outros amigos tomar um chope e comer uma salsicha no Zillertal, que ficava na Brigadeiro Luiz Antonio. Quase toda noite vinha à pensão o cantor Pery Ribeiro para paquerar a Dirleine. Ela, educada, sempre levava numa boa, mas nós sabíamos que, no íntimo, a Dirlene não era de ninguém e sim amiga de coração de todos.

Havia, na mesma Maria Antonia, um bar e churrascaria chamado Querência e, depois do jantar, nós rapazes da pensão e algumas moças, íamos tomar um café. Foi ali que muitas vezes encontramos uma escritora chamada Cassandra Rios que foi a primeira autora brasileira a abordar a questão da homossexualidade feminina. Acontece que ela chegava com suas roupas masculinizadas, acompanhada de um bando de jovens lésbicas que ficavam paquerando com olhares insinuantes para as nossas meninas e algumas chegavam mesmo a chorar. Era um sinal dos tempos.

Lembro também que na pensão veio morar a atriz Anna Cândido, uma das mulheres mais lindas que já vi na vida. Atuara em dois filmes – Paixão de Gaúcho e Rebelião em Vila Rica. O que tinha de beleza e doçura tinha de timidez. Parecia sempre triste. Tempos depois ficamos sabendo que havia morrido, com apenas 26 anos.

No segundo ano caí fora da Química Industrial e fui, já com mais de 18 anos, trabalhar na indústria química em Cubatão. Lá virei comunista, fiz greve, fui mandado embora depois de um ano e, graças a Deus, pude voltar novamente para a Vila Buarque.

Trabalhei, casei, tive duas filhas, tudo isso morando num apartamento da mesma Cesário Mota onde nasci, cresci e onde agora tinha uma família para cuidar.

Minha mulher levava nossas duas filhas, nas manhãs, para passear nos jardins da Biblioteca. Eu consegui terminar o Madureza e entrei na Economia do Mackenzie, também ficava também na Maria Antonia. A casa da velha pensão da Arara fora demolida e construído um prédio onde meu pai e minha mãe foram morar.

Da sacada do apartamento da minha mãe vi, primeiro, os caminhões e tanques do golpe militar de 64 e, depois, em 1968, os conflitos entre o Comando de Caça aos Comunistas - CCC, cuja base era o Direito e a Economia do Mackenzie, e o pessoal da Filosofia, Ciências e Letras da USP, situada também na Maria Antonia. Depois do famoso conflito de 1968, a USP foi para a nascente Cidade Universitária e o nosso bairro perdia um de seus ícones.

Rogério Sganzerla (Cineasta)Meu colega de quarto na Pensão da Arara - seu maior sucesso foi O Bandido da Luz Vermelha.
Pery Ribeiro (Cantor)Ia todas as noites na Pensão da Arara paquerar nossa amiga Dirlene.
Cassandra Rios (Escritora)Precursora da literatura do homossexualismo feminino - Vestia-se masculinamente e intimidava nossas meninas.
Anna Cândida (Atriz)Uma das mulheres mais lindas e mais tristes que conheci - morreu precocemente

Quando ia para a faculdade, eu passava pela boate La Licorne que ficava na Major Sertório e ficava admirando a beleza das jovens que se preparavam para mais uma noite de trabalho intenso. Na saída da faculdade, parávamos na Quitanda, que ficava na Dr. Vila Nova. Antes a Quitanda era uma quitanda mesmo, cujo dono era um português. Encravada no centro estudantil de São Paulo, alguém deu a dica pro português aproveitar a sobra das frutas para fazer batidas. Foi um sucesso.

As paredes azulejadas viraram uma espécie de jornal onde se escrevia de tudo. Virou reduto dos estudantes, principalmente os de esquerda. Chico Buarque, com 19 anos, estudante da FAU, na rua Maranhão, aparecia na Quitanda com seus amigos que formavam o grupo Sambafo. Bebiam, cantavam e escreviam pérolas nos azulejos.

O tempo passou, nosso apartamento ficou pequeno, mudamos e nunca mais morei na Vila. Aos sábados de manhã, levava as meninas para visitar os avós que continuavam morando na Maria Antonia. Mas tudo estava diferente, eu e a Vila estávamos diferentes.

Hoje ainda ando, de vez em quando, por lá. Parece-me ver as meninas uniformizadas do Caetano de Campos, as antigas namoradas, os amigos e, principalmente a Neide, irmã de um dos meus melhores amigos, cuja paixão, por respeito ao amigo, só se limitava a olhares furtivos. Fico imaginando onde estariam todos eles e ainda bem que existe a memória que me faz viver as mesmas emoções daqueles tempos.

Fico andando e pensando e talvez um dia escreva um livro que já tem título: “Os Meninos da Vila Buarque”.


Revisão: Maitê Ribeiro