Confinados

por Eugenia Pickina

01.04.2020

No fim de contas a vida é uma aventura. O essencial é ter coragem. Érico Veríssimo

O céu está azul generoso hoje. Da janela vejo os ipês florescerem – os brancos.

Pandemia no mundo. Estamos confinados no apartamento. Eu, o marido e a filha de 9 anos.

Bolinha, nossa jovem gata, parece alucinada com a família insistentemente reunida em casa. O fato é que ela percebe que há algo errado (e quem tem animais, entenderá isso perfeitamente).

Dia a dia, a rotina serve para fortalecer o humor, a resiliência. Não sei como é com vocês, mas, comigo, levantar cedo, meditar, trocar de roupa e tomar café, facilita minha concentração no trabalho e me mantém sã.

Na parte da manhã, minha filha faz as atividades da escola (diariamente os professores enviam exercícios por uma plataforma online e para que a criança também ocupe a cabeça). À tarde, precisa ainda resolver uma tarefa mais complexa (tal qual no tempo da “normalidade”). Essa rotina escolar mantém minha filha ativa e tranquila para aproveitar parte do dia para brincar livre em vez de entediar-se.

Durante a semana, procuramos fazer exercícios, usando a sala como academia; e nós, os adultos, particularmente interessados em obedecer ao treino enviado no WhatsApp pela professora, que está preocupada em nos manter sadios, ativos e… magros.

São dias bizarros. De 24 horas em casa. Claro que é fácil desanimar, cair no tédio no sofá assim que o dia de trabalho termina. Mas são dias exatamente para isso: para ficar em casa. Não é uma estratégia tão ruim: estamos mais próximos, repetimos hábitos, mas arriscamos coisas novas: um curso online de Paisagismo ou de História da Arte?

Nas horas de ócio, gosto muito de visitar museus. Hoje reservei um tempo do meu dia confinado para fazer uma visita online a um dos meus museus preferidos – o Museu do Prado.

No entardecer, contemplar o pôr do sol pode acalmar a mente. Agradecer as coisas boas do dia pode trazer paz.

Mas atenção! Isso não quer dizer que vamos nos adaptar às novas circunstâncias. Quer dizer apenas que encaramos a realidade como se apresenta, contudo vibrando para que essa pandemia seja superada em breve.

Abraço imenso!


Revisão: Maitê Ribeiro