O dia do idoso!

por Malu de Alencar

01.10.2019

Quem diria?! Hoje sou uma senhora idosa, sim sete décadas e alguns anos vividos me caracterizam como "idosa"!

Muito divertido ser uma pessoa que passou pela fase do "balzaquiana", quarentona, coroa, sessentona e agora na fase do "idosa".

Não me chamem de tia, por favor....

Tia é a irmã do pai, da mãe, dos avós, da professora do pré-primário.

Não sou nada disso, então me chame de Senhora, ou de Excelentíssima.

Afinal meus cabelos brancos escondidos na tintura me dão um certo ar de modernidade!

Gostaria de deixar os cabelos brancos como a neve, mas conversando com Francisco:

- Dodó (assim que me chama), não combina com você deixar o cabelo branco.

- Por quê Francisco?

- Você usa bengala, não pode correr, anda devagar e ainda vai ficar de cabelo branco?

- Mas meu cabelo mudou de cor, com a idade isso acontece.

- Não e não, você não vai deixar seu cabelo branco porque vou ficar triste.

- Triste, por que meu netinho?

- Porque vai parecer que logo você vai virar uma estrelinha e eu não quero que você vire uma estrelinha.

- Mas um dia vou ser uma estrelinha que vai brilhar no céu, como tantas que já estão lá brilhando e olhando por nós.

- Eu sei disso, mas agora quero você pertinho de mim.

Temos longos papos, Francisco e eu, sobre a vida, sobre o universo, sobre o bem e o mal, sobre ansiedade, tristeza, alegria, amizade.

Muitas vezes conto como era na minha infância, ele fica encantado:

- Você andava de avião? que irado!

E eu respondo:

- Mas não tinha jogos, nem ipad, nem celular, nem televisão.

- E o que você fazia?

- Brincava no quintal, subia nas arvores, lia os livros de Monteiro Lobato, ouvia as histórias sobre mula sem cabeça, o homem que mancava.

- Nossa, que divertido... também gosto de historias que assustam, a gente fica imaginando coisas e dá um frio na barriga.

Pois é, nascer num século, viver tantas mudanças tecnológicas e de costumes, atravessar um milênio e começar uma nova era, é para poucos.

Minha geração foi e continua sendo privilegiada.

Não somos os idosos de antigamente; trabalhamos, sonhamos, estudamos, uma geração que transita em varias áreas.

Só tenho que comemorar esse dia!

Temos que comemorar, pois tenho muitas amigas e amigos que estão na mesma sintonia e só me cabe dizer: Gratidão pela Vida!