Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos no Quilombo (wikimedia.commons)
A palavra quilombo é originária do idioma africano quimbunco, que significa: sociedade formada por jovens guerreiros que pertenciam a grupos étnicos desenraizados de suas terras” — segundo definição do site CONAQ — Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas.
O Quilombo Ivaporunduva está localizado a 300 km de São Paulo e 55 km do município de Eldorado. A maior parte de suas terras estão cobertas pela Mata Atlântica e é considerado o mais antigo do Vale do Ribeira. Fica às margens do Rio Ribeira de Iguape e formou-se no começo do século XVI, com remanescentes de escravos que ali já viviam da mineração do ouro. Foi reconhecido como quilombo em 1997 mas só em 2010, depois de muita luta, os quilombolas receberam a titulação de suas terras. (“Aos remanescentes das Comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes títulos respectivos” Art. 68/ADCT/CF1988).
Os residentes somam por volta de 400 pessoas, sendo 120 famílias. As fontes de renda dos habitantes são o turismo, o artesanato e a produção de banana orgânica, geridas por meio de uma cooperativa. O cultivo para a sobrevivência é baseado no desenvolvimento sustentável. Boa parte das casas são construídas de alvenaria, mas ainda há casas construídas de pau-à-pique. No centrinho da comunidade pode-se visitar a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, construída por escravos, no século XVII.
A festa de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da comunidade, é realizada no dia 12 de outubro ou no final de semana mais próximo. Toda a comunidade se envolve e dividida em grupos arrecadam dinheiro, brinquedos e alimentos para as prendas das barracas. Uma missa dá início aos festejos e logo após há várias apresentações em estilo africano, culminando com todos, à noitinha, dançam forró. As festas juninas também são muito animadas e concorridas no Quilombo.
Segundo o site do ITESP — Fundação Instituto de Terras, “em 1998 foram reconhecidas as primeiras comunidades como remanescentes de quilombos que já somam 36 em todo o Estado, sendo 6 tituladas em terras públicas estaduais. Mais de 1,4 mil famílias vivem nas comunidades, localizadas em 14 municípios: Eldorado, Iporanga, Jacupiranga, Salto de Pirapora, Ubatuba, Barra do Turvo, Itapeva, Cananeia, Iguape, Capivari, Itatiba, Itaóca, Miracatu e Registro”.
O CONAQ lembra que “Os quilombos são a materialização da resistência negra à escravização e foram uma das primeiras formas de defesa dos negros, contra não só a escravização, mas também à discriminação racial e ao preconceito”. No Brasil, atualmente, os Remanescentes de Comunidades dos Quilombos são em torno de 2847 comunidades certificadas, sendo 80% delas regularizadas pelos governos estaduais.
O modo de vida dos quilombolas e como foi o enfrentamento da pandemia na comunidade (Vídeo YouTube)
Pousada Quilombo Ivaporunduva (Crédito: Suely Ramos)
O Quilombo de Ivaporunduva é aberto à visitação, com agendamento prévio. A comunidade recebe grupos de escolas, de aposentados e de pessoas interessadas em conhecer mais a cultura e realizar uma imersão na história local. Ao chegar, os visitantes são recebidos por monitores quilombolas e assistem uma palestra, com a liderança, sobre suas lutas, suas conquistas e resistências. As atividades oferecidas são diversas e atendem a todas as idades. Há oficinas temáticas que se repetem na parte da manhã e à tarde. Para diminuir o acúmulo de lixo e contribuir com a preservação do meio ambiente é solicitado que cada um leve sua garrafinha ou caneca. Para encerrar as atividades há o plantio de árvores e uma confraternização simbólica.
Caça e pesca: será desenvolvida na mata e no rio. Consiste em conhecer armadilhas antigas, para os quilombolas conseguirem seus alimentos.
Artesanato com fibra de bananeira e tecelagem no tear: O grupo aprenderá a confeccionar o artesanato de fibra de bananeira desde a retirada da fibra no caule da bananeira, até a tecelagem no tear.
Farmácia viva: para conhecer as plantas medicinais que preveniam e curavam diversas doenças desde o período dos ex-escravos até os dias de hoje.
Garimpo do ouro: o grupo entenderá como os escravizados faziam o garimpo e mineração do ouro de aluvião. Momento também de entender a história da colonização do Vale do Ribeira.
Contação de histórias, causos e lendas quilombolas: durante 1 hora os participantes poderão ouvir “causos” e lendas do universo quilombola e até participar em diversos momentos, se desejarem.
Vivência com uma família quilombola: o grupo poderá passar meio período na convivência de uma família quilombola e conhecer melhor sua rotina. (Limitado a 10 pessoas por família). Taxa diferenciado de 150,00 por família visitada e vivenciada.
Gastronomia tradicional quilombola: o grupo aprenderá como eram preparadas a alimentação no fogão a lenha (taipa).
Atrativo Noturno: trilha da Maria Joana. Um passeio noturno para estudos da biodiversidade da mata atlântica.
Trilhas na mata sob a coordenação do Sr. Ditão — principal liderança de Ivaporunduva (Crédito: Suely Ramos)
Contatos e Reservas:
Neire (13) 99685–1594 WhattsApp (13) 99685–1594
E-mail: ivaporunduvatur@yahoo.com.br / ivaporunduva@gmail.com
Roteiros adicionais:
Caverna do Diabo — PECD; Mirante do Governador — PECD; Cachoeira do ARAÇÁ — PECD; Trilha Vale das Ostras e Cachoeira Queda do Meu Deus; Circuito Quilombola do Vale do Ribeira (Mandira, São Pedro, André Lopes, Sapatú, Nhunguara, Praia Grande e Bombas).
Valores sob consulta.
Saiba mais:
Marcelo Rosenbaum eencontra a beleza e a natureza da cultura quilombola
Revisão ortográfica: Leilaine Nogueira