Praia do Cabo Branco — João Pessoa (Crédito: wiki commons — autoria de Zelma Brito)
A cidade de João Pessoa está entre as 12 capitais das 100 cidades melhores para se viver no Brasil e ficou no top 5 das capitais que mais avançaram na década, segundo um estudo da Macroplan que analisou 15 indicadores de quatro fatores importantes para a qualidade de vida das pessoas, como saneamento básico, educação, saúde e segurança. Em 31 de outubro de 2017, a UNESCO reconheceu a capital João Pessoa como Cidade Criativa, na categoria Artesanato e Arte Popular. E recentemente, a capital da Paraíba foi premiada, pela Arbor & Urbe, por ser a capital do Norte/Nordeste com maior porcentagem de áreas verdes. Este é o resultado de um projeto realizado no município, onde em sete anos foram plantadas mais de 200 mil mudas nativas. Para Anderson Fontes, funcionário da Secretaria do Meio Ambiente SEMAM, na Diretoria de Controle Ambiental — “a fama que a cidade tem de ser uma das mais arborizadas é merecida: “é o nosso maior cartão de visitas. Valorizamos muito o que chamamos aqui de nosso “ouro verde”. Quase 31 por cento do nosso território ainda é preservado e são 47,11 metros quadrados de área verde por habitante. São 14 parques municipais e mais uns 3 estaduais grandes, além das Unidades de Conservação. A valorização do verde em João Pessoa sempre foi emblemática e isso está enraizada na população. O cidadão Pessoense adora e venera essa questão das árvores, porque ele sente que é importante para sua qualidade de vida. Até pra fazer a poda de uma árvore as pessoas reclamam, se não houver uma autorização. Os gestores, sejam municipais ou estaduais, tomam sempre suas atitudes levando em consideração essa preservação”. (Anderson Fontes é Mestre em Gestão Ambiental com ênfase em Arborização e Paisagismo).
Praia de Tambaú — (Crédito: wiki commons — autoria de Cacio Murilo/MTur)
João Pessoa está localizada na Ponta do Seixas, o ponto mais oriental das Américas e tem a fama de ser a “Porta do Sol”, pois seria o lugar onde o sol nasce primeiro no Brasil: “o Sol nasce primeiro em João Pessoa — mas não o ano todo. Segundo o professor de meteorologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Enio Souza, por causa da rotação da Terra, o Sol declina para norte e sul, dependendo da época do ano, causando mudanças no ponto onde os raios solares batem primeiro”. Fundada em 1585, João Pessoa é a terceira cidade mais antiga do Brasil, depois de Salvador (1549) e Rio de Janeiro (1565). Com uma população por volta de 826 mil pessoas, calculada para 2021 pelo IBGE, suas maiores fontes de renda e empregos são os setores de serviços e comércio. A cidade ainda não é a primeira opção de viagem para quem visita o Nordeste, mas quem a conhece quer voltar e até deseja ficar para morar. Seja pela alegria de seu povo e pela hospitalidade, mas também pelos diversos pontos turísticos e sua rica culinária. “A cidade é rodeada por zonas naturais, parques, jardins, reservas de Mata Atlântica e um extenso litoral repleto de belíssimas praias protegidas por coqueiros. É conhecida também pela boa infra-estrutura hoteleira, restaurantes e hospitalidade” — informa o site da Secretaria de Turismo da cidade. A localização de João Pessoa, também, é estratégica para um bate-volta, para quem está em Natal (189 Km) e Recife (123 Km). Outra cidade importante para o turismo na Paraíba é Campina Grande, a 126 Km da capital , onde suas festas de São João duram todo o mês de junho e é considerada como a mais animada do Brasil.
Artesãs do Projeto Sereias da Penha que utilizam escamas de peixe e fio de cobre no artesanato —( Crédito: Youtube Prefeitura de João Pessoa)
O site da Secretaria do Turismo da cidade dá especial destaque para passeios nos locais de produção de artesanato, como: o Celeiro Espaço Criativo, o Projeto Sereias da Penha, onde as artesãs produzem biojóias com escamas e couro de peixe, o Mercado de Artesanato Paraibano, a Feirinha de Tambaú e o Centro de Artesanato Júlio Rafael, com 20 lojas. Além da orla de várias praias, como a de Tambaú, Bessa, Seixas e Cabo Branco, os visitantes podem conhecer o Centro Histórico, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — IPHAN, em 2007. A cidade conta com diversos monumentos históricos e vale lembrar a Estação Cabo Branco — Ciência, Cultura e Artes projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Foto 1: Estação Cabo Branco (Crédito: wiki commons — autoria de Aderbal Nunes) Foto 2: Festa junina em João Pessoa (Crédito: Secretaria do Turismo Foto 3: Centro Histórico (Crédito: wiki commons — autoria de Karlusedwark)
“João Pessoa se destaca por suas boas práticas em Educação Ambiental”, ressalta Maria Neide Moura Martins de Andrade, mais conhecida como Neide Martins. Ela coordenava as ações de Educação Ambiental na Secretaria do Meio Ambiente — SEMAM e no momento assumiu o cargo como Assessora Técnica Ambiental. Ela é bióloga e especialista em Gestão Ambiental. Neide Martins destaca um projeto que o SEMAM desenvolve e é denominado “Bica vai à escola”. Bica é a denominação do Zoológico da cidade que, na verdade, chama-se Parque Zoobotânico Arruda Câmara.“Para o trabalho pedagógico sobre a preservação do meio ambiente que desenvolvemos nas escolas, nós levamos animais como serpentes, jabutis, filhotes de jacaré e damos uma aula como se estivéssemos no zoológico. Um dia antes, uma equipe vai à escola observar o que é necessário para o desenvolvimento da atividade. No dia da ação um grupo da SEMAM leva mudas para serem plantadas no espaço, depois de terem feito um estudo para escolher que tipo de árvore é mais adequada, privilegiando, sempre, as espécies nativas. As crianças amam esse tipo de atividade, prestam muita atenção, gostam de mexer na terra e adoram participar”.
Ações de Educação Ambiental no Parque Zoológico da Bica (Crédito: Secretaria de Educação Ambiental)
Neide Martins esclarece que em muitas ocasiões, as atividades com os alunos também são realizadas no Parque Zoológico. Ela conta que “lá eles fazem trilhas, oficinas e interações. São duas trilhas, uma é o “Lixo Zero” e a outra é sobre “Biodiversidade”. A da Biodiversidade as crianças vão andando pelo parque observando os animais de vida livre e fazendo anotações para fazerem perguntas no final, no momento das interações. Na trilha do Lixo Zero as crianças vão de luvas recolhendo o lixo e colocando em sacolinhas. No final nós fazemos a separação do lixo junto com eles e ensinamos o descarte correto e o cuidado com o meio ambiente”. Ela destaca que são várias as atividades que desenvolvem com os alunos e que o grupo de profissionais da SEMAM está sempre atento ao calendário ecológico, como o “Dia da Água”, o “Dia da Árvore” e a “Semana do Meio Ambiente”. “No “Dia da Água” as ações são centradas no desperdício, mas nada impede que durante o ano as escolas desenvolvam atividades sobre o assunto, também. E quando nós saímos para ministrar alguma palestra, sempre chamamos a atenção sobre os cuidados com a água”. Ela ressalta que as atividades de Educação Ambiental desenvolvidas pela SEMAM, são sempre em parceria com a Secretaria da Educação. As universidades, Ong e outras entidades, também, são convidadas.
Ações de Educação Ambiental, na escola (Crédito: Secretaria do Meio Ambiente)
Neide Martins destaca que a SEMAM atende, não só escolas, mas a todos os públicos que solicitam os serviços da Secretaria. Ela destaca o curso de Saúde e Educação Ambiental oferecido aos proprietários e funcionários de quiosques e restaurantes que ficam nas orlas das praias de João Pessoa: “o objetivo é de conscientizar sobre o descarte correto do lixo, a economia de água, a indicação de detergentes biodegradáveis, o local ideal para disponibilizar as lixeiras para o público e como orientar os clientes para utilizarem menos canudos plásticos”. O trabalho de Educação Ambiental do grupo de profissionais do SEMAM é realizado para empresas e outros grupos em geral também, de acordo com as solicitações. Nas empresas orientam sobre coleta seletiva, os procedimentos e destinação corretos quando são encontrados animais peçonhentos nos galpões das indústrias e outros. Há ações no Parque da Bica envolvendo idosos, por meio de convites das associações da Terceira Idade, onde são realizadas aulas de artesanato com garrafas PET e curso sobre ervas medicinais. A cada 4 meses é realizada uma campanha envolvendo a população, de coleta de lixo nas praias, para chamar a atenção sobre a importância de manter as praias limpas.
Ações de Educação Ambiental (Crédito: Secretaria do Meio Ambiente)
Segundo Anderson Fontes, a cidade abrange quase 100 por cento de coleta seletiva do lixo e mencionou a logística reversa, com postos de recolhimento de baterias, pilhas e material eletro-eletrônico, nos shoppings e grandes atacadistas. Anderson Fontes e Neide Martins enfatizaram o trabalho com material reciclado realizado pelas 5 cooperativas do Município, que atuam em parceria com a Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana — INLURB. Sobre a possibilidade desses trabalhadores conseguirem manter suas famílias, apenas, com o que ganham nas cooperativas, Neide Martins afirmou que sim, eles conseguem.
Saiba mais:
Revista Exame: As 100 melhores cidades para se viver no Brasil
Unesco: Relatório mundial das Nações Unidas sobre desenvolvimentodos recursos hídricos
G1: Cidade mais verde, saiba o que é verdade sobre Joao Pessoa
G1: João Pessoa anunciada cidade criativa da Unesco por artesanato e arte popular
Revisão ortográfica: Leilaine Nogueira